Sakura pov
— Então a culpa é minha. — Levantei da cama com os olhos. — A culpa foi minha Obito, eu não contei minha história com o Neji e...
— É claro que a culpa não foi sua. — Ele me interrompeu e levantou vindo em minha direção. — Como você pode pensar isso? — Obito acariciou meu rosto.
— Eu omiti uma parte da minha vida, vocês ouviram de outras pessoas e Kakashi... ele me odeia agora... — Minha voz embargava com o meu choro e senti ele me abraçar afagando meus cabelos.
— Sakura, me ouve, por favor. — Ele segurou meu rosto entre suas mãos me fazendo o encarar. — Kakashi não odeia você e a culpa do acidente não é sua.
— Eu... eu quero ficar sozinha. — Saí dos seus braços e corri para o banheiro fechando a porta em seguida.
— Sakura, abre a porta.
— Me deixa, Obito, por favor. — Comprimi meus olhos e sentei no chão apoiada em meus joelhos.
A culpa é um sentimento que corrói a gente por dentro, saber que foi por eu não ter falado sobre o meu ex que fez com que eles deixassem a festa fez com que a minha mente ficasse completamente nublada. O Kakashi não ficava irritado com facilidade e se ele ficou com raiva, ele deveria estar muito decepcionado comigo. As lágrimas banhavam meu rosto e o cobri com minhas mãos, me encolhi abraçando meus joelhos e tudo que conseguia fazer era me xingar mentalmente.
Eu fui uma idiota, logo eu que falei tanto sobre sermos abertos, não termos segredos, para não termos medo de falar nada um para o outro, não contei uma parte que foi importante na minha vida, mas o pior de tudo, não foi proposital. Não falei sobre meu relacionamento com o Neji para ninguém, a única que sabe sobre isso é a Ino, pois eu me sinto mal pelo que fiz com ele, eu o fiz sofrer, o abandonei mesmo o amando e eu nunca vou me perdoar por isso.
— Saky. — Ouvi a voz da loira e as batidas na porta que dava acesso ao quarto da Ino. — Posso entrar?
— Pode. — Peguei a toalha em cima do balcão da pia e enxuguei meu rosto. Ela abriu a porta e entrou me olhando com uma expressão de consolo. Ela sentou no chão de frente para mim.
— O que houve? — Ino acariciou meus joelhos.
— A culpa foi minha. — Ela me olhou confusa. — Do acidente.
— O que? — Ela vincou as sobrancelhas. — Que loucura é essa?
— Obito e Kakashi ouviram você e o Neji conversando na festa e por isso eles...
— Ei, espera aí. — A loira me interrompeu. — Como a culpa é sua?
— Eu deveria ter contado para eles, Ino! — Alterei meu tom de voz.
— Sakura, foi uma parte da sua vida, sua! Você escolhe se vai contar ou não. — Ela suspirou. — Nada que aconteceu no seu passado tem que ser motivo de alguma briga ou desentendimento.
— Mas eles tinham o direito de saber. — Acariciei minhas mãos em busca de me acalmar.
— Eles perguntaram para você depois de ouvirem a conversa? — Eu neguei com a cabeça. — Desculpa pelo que vou falar agora. Eles ouviram algo que não deveriam, tudo bem, eles acabaram escutando, mas isso não quer dizer que eles podem ficar irritados e sair feito dois idiotas em busca de alguma resposta no meio da rua enquanto você estava bem aqui. — Ino passou a mão em meu rosto. — Era com você que eles deveriam ter conversado, Saky.
— Mas eu... — Mordi meu lábio inferior sentindo as lágrimas descendo sem controle e ela me abraçou acariciando meus cabelos.
— Tudo, tudo se resolve na base da conversa e você sabe disso. — Ela se afastou me olhando nos olhos. — É por isso que estamos a bons anos juntas. — A Yamanaka levantou e estendeu a mão para mim.
— Eu realmente não sei o que faria sem você. — Segurei sua mão para levantar.
— Nem eu. — Ela sorri convencida. — Agora vá conversar com Obito antes que ele tenha um ataque — a loira dá as costas saindo do banheiro —, e coloque uma roupa!
A última frase dela me fez rir de leve, abri a porta e vi Obito preocupado levantar da cama rapidamente. Conversamos por um bom tempo sobre a questão do acidente e que eles iam falar comigo sobre o Neji, mas tudo aconteceu rápido demais. Apesar de não conseguir parar de pensar no quanto eu fiz mal para o Kakashi e para o Obito, ele conseguiu me acalmar, assim como a conversa com a Ino. Só posso agradecer por ter os três na minha vida.
— Agora você vai se arrumar. — O mirei confusa. — Meu pai quer jantar com a gente.
— Olhe o meu estado, Obito.
"Com certeza não queria jantar com meu sogro com cara de choro."
— Ele veio ver como eu estou e disse que quer sua presença. — Ele sorriu. — E você está linda como sempre, amor.
[...]
Me olhei no espelho depois de passar rímel, decidi colocar um batom vermelho em meus lábios, talvez chamasse mais atenção do que meus olhos inchados. Saí do banheiro encontrando o Uchiha com uma camisa de botões azul marinho e uma calça jeans, não tinha um homem feio nessa família, pelos menos os que eu conhecia.
Sorri para ele e descemos em direção ao meu carro, Madara escolheu um restaurante bem chique, precisei colocar um vestido e me contive com um pretinho básico um pouco acima dos joelhos, porém nada muito justo e o meu fiel escudeiro: o scarpan preto. Quando chegamos o Uchiha mais velho me elogiou e sentamos a mesa que ele tinha reservado.
— Vejo que a Sakura está cuidando bem de você. — Madara deu batidinhas no ombro do filho e me fitou sorrindo.
— De mim e do Kakashi. — Engoli em seco com a frase e esperei ansiosa a reação do meu sogro.
— Sei bem, Kakashi em breve estará junto de vocês, tenho certeza.
"Isso soou como se ele já soubesse."
— Eu... eu espero que sim. — Sorri sem graça e senti a mão do Obito em minha coxa esquerda.
— Está tudo bem, eu contei para o meu pai a algumas semanas atrás que nós éramos um trisal, amor.
— Ah, por favor. Eu fiz muita coisa na minha juventude. — Ele soltou uma risada que me fez amolecer.
Ter enfrentado tanto preconceito na vida me deixou receosa em situações como essa, claro que nunca deixaria de me assumir, de lutar pelos meus homens e pela minha mulher. Me orgulho de quem eu sou e de quem eu fui até chegar aqui, e hoje posso dizer que me sinto bem com meus relacionamentos e minha sexualidade. Fiquei aliviada e melhor, fiquei feliz por que apesar do Madara ter essa pose séria e centrada, ele era compreensível e respeitava as pessoas.
— Veja pelo lado bom, meu pai já gosta do Kakashi. — Os dois Uchiha's riem e eu me dei por vencida soltando uma risada junto a eles. Pelo menos ainda conseguia rir com as piadas do Obito.
— Tobi! — Olhei para o lado e vi Shisui. Obito levantou rapidamente e o abraçou. — Me desculpe, irmão, não pude vir quando você estava no hospital.
— Tudo bem, papai me contou que você estaria fora para sua pesquisa de mestrado.
— Mas vejo que está bem com a Sakura ao seu lado. — Ele piscou para mim, eu sorrio e me levantei o abraçando em seguida.
— Sente meu filho, estávamos esperando você para pedir a entrada. — Madara chamou o garçom. — Um vinho?
— Eu estou dirigindo, mas fiquem à vontade. — Sorri solícita.
A noite estava tão agradável, estávamos conversando sobre banalidades e apesar do mais velho tentar manter o ar elegante e sério, o Obito e o Shisui sabiam fazer o pai rir. Então ao menos por aquela noite, iria tentar me desprender das minhas angústias, medos e tristezas, até porque, Obito também estava sofrendo com tudo que estava acontecendo e ele estava tentando continuar vivendo, logo, eu também precisava tentar.
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República da Folha - Reescrevendo
FanfictionUm mundo altamente alternativo, no qual as pessoas precisam se esconder para serem aceitas, mas quando se tem a coragem de ser você mesmo, aceitando seus próprios desejos, não tem mais volta. Principalmente quando se livra de preconceitos e condutas...