Sakura pov
Já faz alguns meses que estou estagiando no Hospital de Kagoshima, depois que terminei meu grupo de pesquisa com Kurenai, ela mesma entrou em contato com o hospital para me indicar como estagiária. Quando cheguei lá fui encaminhada para a minha entrevista, que eu jamais saberia que além de cirurgiã, Tsunade também era a diretora do hospital e eu vou ser eternamente grata a Kurenai pela indicação e a Tsunade por me aceitar como sua estagiária. Não esperava que algo assim iria acontecer antes de eu me formar, no entanto, assim que pegar meu diploma daqui a duas semanas vou poder finalmente começar minha residência em cardiologia.
Meus horários no hospital são uma loucura, as vezes faço plantão de 12 ou até 14 horas e meus dois amores também estão trabalhando tanto que mal consigo vê-los e além de todo o nosso desencontro de horários, eles estão esquisitos, o que está me deixando um pouco triste e chateada. Quando os vejo em casa o nosso encontro é rápido ou é só para dormir, ou eles quase não prestam atenção no que eu falo ou simplesmente são monossilábicos e acabam saindo de novo, estão vivendo mais no estúdio do que na própria casa. Então hoje eu resolvi ir até lá para ver se consigo um pouco de atenção, estou nervosa com a rotina do trabalho e estou me sentindo deixada de lado por eles, as vezes fico pensando se é carência minha, mas mesmo que seja, não me importo, preciso deles. Estaciono em frente ao galpão e desço do carro para atravessar a rua, me aproximo da porta de metal e dou algumas batidas.
— Amor, o que faz aqui? — Obito diz ao abrir a porta.
— Parece que aqui é o único lugar que posso ver vocês, estou com saudades. — Forço um bico e vinco as sobrancelhas ao perceber que o canto direito do fundo do galpão está coberto com uma lona. — Vocês estão fazendo reforma?
— Oi, rosada. — Kakashi cobre minha visão vindo em direção a mim. — Vamos tomar um café na cafeteria do fim da rua? — Ele sorri e apoia a mão em minha cintura me conduzindo para a calçada. Cerrei os olhos achando tudo muito estranho, mas concordo. Caminhamos até a cafeteria, sentamos em uma mesa ao lado de fora mesmo e fizemos nossos pedidos. Os dois parecem inquietos e isso está me deixando irritada, franzo o cenho os fitando, "eles estão escondendo alguma coisa."
— O que 'tá acontecendo? — pergunto cruzando os braços.
— Nada, estamos fazendo algumas melhorias no galpão. — Obito sorri sem graça.
— Você sabe... estamos com muito trabalho, precisamos de mais espaço. — Kakashi agradece o garçom que coloca nossas xícaras em cima da mesa.
— 'Hm — murmuro enquanto dou um gole em meu capuccino.
Apesar da irritação, Obito tentou desfazer a minha carranca e como sempre ele conseguiu, acho que foi a primeira vez em semanas que consegui ter um tempo com os dois, tomamos nossos cafés conversando, rimos de algumas besteiras e ficamos apreciando a companhia um do outro. Quando percebi já era hora de ir para o hospital, um plantão de doze horas me aguardava, então me despedi deles e fui para o estágio.
[...]
Mal pude acreditar que eles tinham conseguido reservas no meu restaurante preferido, pois todas as vezes que quis ter uma refeição aqui precisei marcar com meses de antecedência, em pensar que eu estava chateada com eles por não estarem me dando toda a atenção que eu queria. Observo todos comendo e rindo, me vem um sentimento de felicidade por tê-los aqui comigo, mesmo que nem todas as pessoas importantes para mim puderam estar aqui hoje, levo elas em meu coração. Depois de um jantar maravilhoso, seguimos para o estacionamento, caminhamos abraçados e do nada o Obito pega a chave do meu carro da minha mão e dá passos largos em direção aos demais que estavam mais à frente.
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República da Folha - Reescrevendo
FanfictionUm mundo altamente alternativo, no qual as pessoas precisam se esconder para serem aceitas, mas quando se tem a coragem de ser você mesmo, aceitando seus próprios desejos, não tem mais volta. Principalmente quando se livra de preconceitos e condutas...