Sentimentos

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Shikamaru pov

Eu nunca vi a Temari com aquela expressão, parecia que ela tinha baixado a guarda por alguns instantes, então só a segui, ouvir ela dizendo que só queria estar comigo naquele momento foi de uma importância sem tamanho. Senti algo em meu peito que nunca senti antes, sim estamos juntos a algumas semanas, mas ela em primeiro lugar sempre foi minha amiga, aquela amiga que sempre brigava e discutia comigo, parecia que ela mais me odiava do que outra coisa. Quando que eu ia imaginar que ela estaria deitada em meu peito agora, que nós nos amamos e gostamos de estar um com o outro. Eu nunca fui o tipo de pessoa de me relacionar com várias mulheres ou pegar todas como o Kakashi, sempre fui mais contido, minhas companhias de sexta a noite eram meus livros, claro que sempre fui em bares e festas com meus amigos, no entanto, confesso que sou um pouco antissocial.

Ainda me lembro quando ela entrou na sala no primeiro dia de aula, o ar imponente da jaqueta de couro, dos coturnos e da calça rasgada, mas principalmente do olhar que possuía, um olhar matador que me deu arrepios, pois por um segundo os olhos dela encontraram os meus, o que me fez desviar rapidamente. Com o passar do tempo acabamos desenvolvendo um contato, porém nada além de falar sobre matérias do curso, a primeira vez que nos encontramos fora da universidade foi em um dos dias em que Itachi me arrastou para sair. Ele sempre tentava me tirar de casa a todo custo, por mais que eu quisesse ficar em casa lendo, ele fazia questão de me vencer pelo cansaço. Agora eu vejo que deveria agradecer a ele por isso, pois foi em um desses dias de balada que eu vi a Temari no Sansara, acabei falando com ela e ela me perguntou se eu sabia de alguma república, claro que eu sabia, eu morava em uma. Apresentei ela a Itachi e então, ela veio morar com a gente.

A Temari foi a única mulher que se interessava pelas besteiras que eu falava, claro que ela sempre implicava com tudo e discutia comigo sobre coisas idiotas. Eu gostava disso, me fazia sentir contrariado e eu buscava cada vez mais entrar em conversas com ela, acabamos aprofundando nossa amizade e meu peito disparava quando ela me encarava por muito tempo, não entendia muito bem o que era, afinal, meu histórico com sentimentos é quase que inexistente. Meus pais sempre me disseram para ser forte e foi assim que me tornei essa pessoa praticamente insensível, acho que é assim que todo mundo me vê, acho que até eu penso que sou assim, mas aí a Tema me mostrou o que é amar alguém. Vê-la chorar depois da nossa discussão, vê-la chorar depois da surpresa que eu preparei, foram sentimentos diferentes em cada uma das ocasiões, contudo, me fez ver que ela tem tantas inseguranças quanto eu.

As vezes nossas sombras do passado podem nos paralisar diante de algo tão verdadeiro, entretanto percebi que eu e a Tema podemos ser a luz um do outro.

[...]

Eu sou bem sortudo por poder passar a aula inteira admirando a beleza da minha namorada, mas confesso que isso é um pouco problemático, tenho perdido a noção do tempo e perco quase a aula inteira. Estou tentando focar na aula de Comunicação, no entanto, a Temari sentada do meu lado mordendo a ponta da caneta me tira completamente a atenção.

— Sr. Nara.

— Sim, professor. — Respondi imediatamente.

— Poderia dizer qual é a melhor forma de atuar em uma situação dessas?

— É... — "Merda, eu não escutei nada do que o professor falou." — Desculpe professor, não estou me sentindo bem. Posso ir até a enfermaria? — "Tinha desculpa melhor que essa?"

— Tudo bem, pode ir. — Saí com pressa da sala de aula. Eu sou um idiota, é claro que estou completamente apaixonado por ela, as férias estão chegando e ela vai ficar 2 meses longe.

"Pensa Shikamaru, pensa."

— Shika? — Olhei para trás.

— Sakura.

— O que está fazendo parado no meio do corredor? — Ela arqueia a sobrancelha e eu murcho os ombros. — O que houve?

— Estou pensando que a Tema vai viajar nas férias e vou ficar 2 meses longe dela.

— Você é idiota ou o que? — Ela coloca a mão na cintura. A encaro sem entender nada. — Viaje junto com ela.

— Mas... ela vai visitar o pai e os irmãos.

— E daí? Vá com ela e viajem juntos 'pra outro lugar depois, ela não precisa passar dois meses grudada com o pai e os irmãos. — A rosada revirou os olhos como se me dissesse o óbvio.

— Você tem razão, ótima ideia! Obrigada, Sakura.

— Tenho ouvido isso muitas vezes ultimamente. — Ela soltou um riso.

— Não fique convencida. — Sorri. O sinal tocou e me dirigi a sala para esperar a Temari sair, mas ela não estava. Meu celular vibrou.

Tema: Onde você está?

Na sala, vim atrás de você.

Tema: 'Tô indo para o estacionamento, me encontre lá.

Vou a passos largos para o estacionamento e encontro a Tema encostada na moto, por deus, essa mulher é demais para mim. Me aproximei dela e vi sua expressão de preocupação ao me olhar.

— Fiquei preocupada, você está bem?

— Ué, por quê?

— Você foi 'pra enfermaria. — Ela vincou as sobrancelhas.

— Me desculpe, eu não estava prestando atenção na aula, por isso inventei uma desculpa. — Cocei a cabeça rindo sem graça e a vi mudar de expressão rapidamente.

— Eu não acredito, Shikamaru! — Temari desferiu um tapa em meu braço e quase afunda o capacete em meu peito me fazendo arfar. — Vamos. — Ela sobiu na moto enquanto me recuperava do impacto. Subi na garupa em seguida e me agarrei em sua cintura. — Não faça mais essas coisas. — Ela acelerou e rapidamente estávamos em casa. Entrei em meu quarto para trocar de roupa e só conseguia pensar em como vou falar para ela para viajarmos juntos nas férias, rumei o jardim e me sentei ao lado dela.

— Está tudo bem?

— Estava pensando de a gente viajar nas férias... — Passei a mão em meu queixo.

— Você sabe que visito meu pai nas férias. — Ela arqueou a sobrancelha.

— Podemos visitar ele e depois seguir viagem 'pra outro lugar, juntos. O que acha? — A expectativa tomava conta do meu corpo e se ela achar que é demais me apresentar para o pai dela? Será que estou indo rápido demais?

— Eu topo se for na minha moto. — Torci os lábios. — Você sabe que eu amo viajar de moto.

— Onde vão as bagagens?

— Uma mochila é o suficiente não acha?

— Tá bom. — Suspirei. Pois se esse for o preço a pagar que seja. — Mas prometa ir devagar.

— Shikamaru...

— Ei, Reunião na cozinha. — Itachi apareceu na porta.

República da Folha - ReescrevendoOnde histórias criam vida. Descubra agora