𝐇𝐀𝐓𝐄 & 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ─ SHIRBERT

Capítulo 29

Panquecas

Anne:

Abandonei Gilbert em minha cama, ele dormia espalhado por quase todo o colchão, exatamente como um folgado. Mas não foi por isso que acordei, simplesmente perdi o sono mais cedo do que o normal e não quis voltar a dormir.

Tive que tirar seu braço pesado de cima de minha cintura, local que ele abraçava por trás. Ele nem se mexeu, respirei aliviada com um suspiro lento e então saí do quarto.

Como toda manhã normal segui para o banheiro e comecei minha rotina ali. Tomei um banho rápido, para me sentir com mais energia e escovei os dentes. Porém meu pânico começou quando abri a gaveta e olhei de relance para uma certa caixinha.

Uma caixinha de remédio, mais especificamente a caixinha do meu anticoncepcional. Costumava sempre tomar os comprimidos de manhã, mesmo o indicado pelos médicos sendo à noite. E com um temor não me lembrava do último dia em que havia aberto aquela gaveta, não lembrava se havia tomado aquele maldito remédio.

Minhas mãos tremiam de leve, peguei a cartelinha e analisei seu calendário. Estávamos no sábado e ali marcava que o último comprimido ingerido por mim tinha sido na terça. Quatro dias atrás, três pílulas que deveriam ter sido tomadas, mas que não foram.

Durante nosso ato Gilbert não usou nenhum preservativo e não tirou antes. O único método preventivo usado por mim estava inutilizado. Isso significava que eu tinha, nesse momento, altas chances de estar...

─ Droga! ─ solto sem pensar, esfregando as mãos no rosto e sentindo meu coração sair pela boca.

─ Anne? ─ Gilbert havia acordado, consigo escutar sua voz sonolenta e um grunhido de preguiça. ─ Está tudo bem?

─ Sim, tudo ótimo. ─ minto, tendo ainda mais a sensação de aperto na garganta.

Ouço passos e então soube que ele decidira se levantar da cama e vir checar se estava mesmo tudo bem. Ainda estava enrolada na toalha de banho, isso facilitou para que Gilbert chegasse por trás e beijasse meu ombro exposto.

─ Deveria ter ficado dormindo mais um pouco. ─ falo com um sorriso meia boca, na tentativa de esconder minha aflição.

─ Perdi o sono quando você saiu do meu lado, não tem graça dormir se não tiver ninguém para abraçar. ─ e dizendo isso envolve os braços em minha cintura.

Oculto a cartela do remédio dentro de minha mão, não queria que ele visse e pudesse tirar conclusões precipitadas como eu mesma estava fazendo.

─ Quer café da manhã? Prometo não queimar nada, como você suponha que eu faça. ─ ri e se afasta de mim, já saindo pela porta.

─ Quero, por favor.

─ Qual seu pedido do dia? ─ voltar no tempo e evitar essa burrada, isso era meu pedido.

─ Panquecas. ─ na verdade é o que digo. ─ Sabe fazer, não sabe?

─ Claro que sei. Quer frutas vermelhas ou bananas para acompanhar? ─ me olha rindo e por um segundo aquele sorriso alivou minha pressão.

─ Frutas vermelhas, mel também. ─ seguro em seus ombros e lhe dou um selinho delicado.

─ Certo, daqui quinze minutos estará pronto. ─ ele coloca meu cabelo para trás da orelha.