Capítulo 36

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Preciso da sua ajuda

Anne:

Não contei para Gilbert, não contei absolutamente nada. Assim que consegui me acalmar, após um período muito longo de desespero e no final... felicidade, saí do banheiro e escondi o teste que havia feito e o que ainda estava fechado no fundo da mala. Escondi bem embaixo de um amontoado de roupas, ele nunca descobriria. Não antes da hora, não antes de eu contar para ele.

Gilbert seria pai. Eu seria mãe. Nós seríamos uma família.

Confesso que estou morrendo de medo de sua reação, e se eu estiver enganada? E se ele não quiser ser pai? Nós somos novos e temos uma carreira promissora pela frente, talvez ele fique bravo comigo. Talvez tudo acabe por causa dessa gravidez não planejada. O medo era urreal, mas um pontinha de outro sentimento era mais forte. Mãe, Anne Shirley, mãe.

Resultado de uma das noites mais malucas da minha vida. Sexo no rink de patinação, a única vez que fomos arriscados e totalmente descuidados.

Assim que ele retornou ao hotel naquela fatídica tarde, eu lutei para esconder todo o meu nervosismo e o engoli como se fosse fácil. Me senti o resto do dia com um aperto gigantesco no peito e algumas vezes, de relance, pegava meu olhar focando em minha barriga, como se algum sinal de que aquilo era verdade fosse aparecer ali.

Quando a noite caiu e fomos dormir, após Gilbert me contar todo o seu dia e eu apenas concordar que havia sido legal, como ele esperava que eu comentasse, uma onde estrondosa de pensamentos inundou minha mente. E se eu tivesse descoberto algo que não fosse real? E se o teste de farmácia tivesse me dado um falso positivo? Tinha que dar um jeito de fazer um definitivo, para comprovar ou desmentir de uma vez por todas.

Deito bem ao seu lado na cama e deixo que ele me abrace, dormir daquela forma era como um porto seguro para mim e por algum tempo consegui pensar que tudo se resolveria e que daríamos um jeito. Juntos.

Quis chorar mais uma vez, porém me segurei ao máximo e inspirei fundo, guardando o que sentia somente para mim. Sinto a mão de Gil apertar minha cintura e relaxo, iniciando uma tentaiva de bom sono.

Realmente consegui dormir pela maior parte da noite e só acordei quando o cômodo foi irradiado pela luz que emanava da janela, apesar das cortinas ajudarem a reduzir um pouco a luminosidade.

─ Bom dia, Gil. ─ falo para o homem manhoso que se espreguiçava do outro lado da cama.

─ Bom dia, amor. Como dormiu? ─ ele responde e beija a ponta de meu nariz.

─ Dormi bem, por incrível que pareça. ─ solto abrindo um largo sorriso, provavelmente um dos únicos desde ontem.

─ Por que por incrível que pareça? ─ sua feição se torna levemente preocupada. ─ Aconteceu algo e você não me contou?

─ Não, meu bem, nada aconteceu. Só estava com dor nas costas e achei que não fosse conseguir ter uma boa noite de sono. ─ rapidamente invento uma mentira e gaguejo no meio das palavras.

─ Ah, se você diz, eu acredito. ─ ele fala em tom desconfiado.

─ Está duvidando de mim, Blythe? ─ posciono os braços no quadril e olho severa em sua direção.

𝐇𝐀𝐓𝐄 & 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ─ SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora