Capítulo 31

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Desabafos de uma tarde entre amigas

Anne:

Se havia dormindo três horas naquela noite era muito. Não pensei em fechar os olhos e descansar, não tento a prova de recuperação na outra manhã.

Arriscar perder a oportunidade de ir para as nacionais ou tomar algumas algumas xícaras de café e permanecer acordada com a cabeça enfiada nos livros?

Acabei dormindo de bruços por cima da escrivaninha, rodeada de anotações bagunçadas. Mas graças à Gilbert, tinha conseguido entender pelo menos a maior parte do conteúdo. Agora bastava conseguir pôr em prática, o que era o mais difícil.

Marilla me chama e acordo com seus gritos no andar de baixo, arrumo minha mochila, me visto com pressa e desço tropeçando pelos degraus com os cadarços desamarrados.

─ Bom dia, querida. ─ meu tio se pronuncia. ─ Acordou atrasada hoje?

─ Acho que acabei dormindo demais, porém hoje não poderei faltar por nada.

Me sento junto deles e tomo café da manhã, dou um beijo na testa de cada um e saio porta afora.

Assim que piso na escola, o sinal toca e mais uma vez na manhã saio correndo. Chego na sala e professor me acompanha, por pouco garanto minha vaga em sua sala.

E é claro, a primeira aula tinha que ser geometria, começaria o dia queimando meus neurônios e tentando garantir meu futuro. O futuro que dependia de um simples pedaço de papel, isso não é maluco?

Após longos minutos realizando as questões da prova, chego na última folha e consequentemente na ultima questão. Largo o lápis na mesa e esfrego minhas têmporas com a ponta dos dedos, tentando evitar que minha dor de cabeça aumentasse. Respiro e penso na ideia de pedir para sair e tomar água, mas o fim estava tão próximo que desisto.

Termino a conta e jogo a cabeça para trás, relaxando na cadeira. Tinha acabado finalmente.

Olho ao redor e observo o resto de meus colegas, a aula era apenas para os que precisavam fazer a prova, então éramos eu e mais 5 alunos. Todos ainda escreviam em seus papéis, eu tinha sido a primeira a acabar.

Ok, isso ou significa que fui muito bem ou significa que fui muito mal. Antes que as paranóias me fizessem refazer a prova por completo, me levanto e a entrego ao professor. Ele me libera e diz que até o final do dia ficarei sabendo minha nota.

Me retiro silenciosamente da sala e me sento em um dos bancos do corredor, resolvendo aproveitar o resto do período sozinha por ali.

Porém, quando avisto uma funcionária da secretária lembro-me que devia passar lá e assinar alguns papéis para justificar minhas faltas na semana seguinte. Ficariamos uma semana em Montreal, minha ansiedade pipocava dentro de mim, mal podia esperar.

Mal sabia eu, naquele tempo, que uma semana podia ser tempo de sobra para coisas memoráveis acontecerem e mais uma vez ter minha vida virada do avesso.

Sigo a senhora e termino o que tinha para fazer em seu escritório, saindo dali faço uma nota mental para lembrar Gilbert sobre os papéis a assinar.

𝐇𝐀𝐓𝐄 & 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ─ SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora