Capítulo 22

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Não sei o que deu em mim

Anne:

Eu só podia estar maluca, essa era a única resposta justificável.
Essa noite tinha oficialmente tornado um rumo que ninguém esperava.
Eu, Anne Shirley tinha acabado de beijar Gilbert Blythe.

E não tinha sido um beijo qualquer, tinha sido o beijo. Ah, que beijo!
Seus lábios eram doces, apesar de sua afobação quando juntados aos meus, e seu hálito tinha gosto de hortelã.
Foi como se tudo a nossa volta tivesse se desligado, e nossa sintonia fosse a única coisa que ainda importava no momento.

Já tinha beijado outros garotos em minha vida, mas nenhum dos beijos tinha me prendido tanto quanto o de Gilbert.
Mas aquilo não poderia voltar a acontecer nunca mais. Não mesmo.

O esporte era a parte mais importante de tudo, e de jeito nenhum, podia correr o risco de estragar tudo por causa de um garoto.

Por mais que Gilbert não fosse qualquer garoto, ainda sim nada além de amizade deveria acontecer entre nós dois.
O beijo foi passado, o melhor que eu poderia tentar fazer era o esquecer e seguir em frente.
Ignorando tudo o que senti durante o período que estava ao lado dele, porque nada daquilo era real.

Era apenas meu coração tentado me pregar algumas peças, porém irei permanecer forte a todas elas.
E assim, não cairei novamente nos charmes e encantos de Gilbert Blythe. Permanecerei firme, do jeito que deveria ter sido desde o início.

Logo que nosso breve momento fervoroso acabou, o ignorei por alguns minutos, queimando de vergonha.
Mas para falar a verdade não tinha certeza se a culpada do rubor de minha face era a vergonha.

Talvez eu estivesse naquele estado porque desejava beijar-lo mais uma vez, e mais uma vez de novo. E ansiava continuar assim até que nenhum de nós tivesse nenhum fôlego sobrando.

Quando enfim reuni as palavras e consegui finalmente recobrar minha postura, tomei coragem de me pronunciar em meio ao silêncio, e pedi para que ele me levasse para casa.
Meus tios já deveriam estar morrendo de preocupação, meu horário de estar fora de casa já estava acabando e não queria ser colocada de castigo.

E sim, no fundo eu queria permanecer ali com ele.
Mas nunca assumiria isso, e ninguém poderia jamais saber o quanto eu tinha gostado de sentir nossos lábios unidos e o toque de sua língua na minha.

Nossa despedida no carro foi um pouco constrangedora, pois nenhum dos dois sabia como dizer adeus e nem como agir diante um do outro. Então apenas o abracei e entrei correndo para dentro de casa.

Marilla ainda me esperava na cozinha, enquanto lia algumas páginas de um livro qualquer.

─ Boa noite, tia. ─ deposito um breve beijo em sua bochecha. ─ Irei subir para meu quarto, tenho aula manhã e estou morrendo de cansaço.

Ela me deseja boa noite e diz que também logo irá para seu quarto.

Subo as escadas com passos lentos, entro em meu quarto e me atiro na cama, suspirando com a cabeça enterrada no travesseiro. Dando graças e agradecendo internamente por minha tia não ter  perguntado sobre como tinha sido meu passeio com Gilbert.

Será que essa noite tinha mesmo sido real? Ou apenas um devaneio de minha própria cabeça?

Queria poder dizer que me arrependia de ter o beijado. Mas isso não era nem um pouco verdade.
Eu tinha me sentido alucinada por seu toque mais do que nunca, e poderia continuar o beijando por um longo tempo.

𝐇𝐀𝐓𝐄 & 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ─ SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora