𝐇𝐀𝐓𝐄 & 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ─ SHIRBERT

Capítulo 15

De volta à ativa

Gilbert:

Diferente do dia anterior acordar naquela manhã foi a coisa mais fácil do mundo. Até porque nem dormir havia dormido, conseguir pregar os olhos foi uma missão impossível durante a noite.

Existiam tantos pensamentos e ideias rodando minha cabeça e agitando meus pensamentos. Mas ao invés de me sentir ansioso me senti feliz. Feliz como há muito tempo não me sentia.

Eu e Anne seríamos uma dupla outra vez e era apenas isso que tinha em mente. Fechava os olhos e uma enorme onda de lembranças vinha até mim, as lembranças mais doces e alegres, dos tempos mais felizes de minha vida.

Todos os momentos que vivi ao lado de Anne sendo seu par e depois sendo seu namorado tinham sido a melhor época vivida por mim.

E agora teria a chance de viver cada detalhe outra vez, bom, pelo menos os detalhes da dupla. Porque por mais que soubesse que no fundo de meu coração ainda tivesse sentimentos por Anne, sentimentos que nunca tinham deixado de existir, não sabia nem entendia o certo o que queria e o que faria em relação á isso.

Sua proposta definitivamente me pegou desprevenido e de supetão, era uma ideia maluca, mas nem tanto. Afinal fazia todo o sentido, seu novo parceiro ficou incapacitado de ajudá-la em sua realização e eu estava ali, era um solução tão óbvia.

Eu, seu antigo parceiro, seu antigo amor. Eu, Gilbert Blythe.

Contudo, não poderia aceitar antes de pensar durante um tempo. Era uma proposta que mudaria minha rotina e meus planos de vivência. Teria que parar de dar aulas e deixar meus tão amados alunos com um novo professor substituto, e isso seria a pior parte, defitivamente seria.

Teria que voltar a competir, decorar e executar coreografias após um ano parado. Mas essa seria a parte fácil, ainda mais estando com Anne junto à mim. Apesar de no início de nossa dupla, lá no comecinho, ela não ter ido com minha cara, sempre se demostrou cuidadosa e pacienciosa em relação a aprendizagem de passos e coisas do tipo.

Me reviro na cama e aliso a outra parte do colchão aonde Anne havia estado há exatamente dois dias atrás. Quando cheguei de Vancouver não imaginava que essa enorme reviravolta aconteceria, não mesmo. Achei que tudo continuaria monótono e normal como sempre, mas essa maldita ruivinha tem sempre o poder de tirar as coisas do controle. Mas deixo claro que isso não é uma reclamação, eu acho isso magnífico.

Não sabia como as coisas seriam a partir de agora, se conseguiríamos passar e se passasemos o que seria feito depois. Porém o melhor jeito de viver é vivendo um dia de cada vez, sem se preocupar demais com o futuro incerto, então decidi que deixaria tudo rolar de forma natural. Em breve saberia o que o futuro reservava tanto para mim tanto para Anne.

Levanto e preparo uma xícara de café, pois precisava me manter acordado e com atenção suficiente para o dia que viria. Tomo em um pequenos goles e saboreio o sabor amargo da bebida, depois volto para o quarto e pego o uniforme de dentro do roupeiro.

No bolso da calça de abrigo ainda estava meu crachá de professor, olhar para ele me doeu um pouco, mas sabia que tinha feito o certo ao me juntar com Anne novamente.

Saio de meu apartamento girando a chave no dedo indicador e assobiando, assim mostrando minha felicidade matinal. Essa que tinha um ótimo motivo para existir. Chego na recepção e cumprimento o porteiro e ele, percebendo meu largo sorriso, diz: