Capítulo 33

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Anne estará em ótimas mãos 

Anne:

Abro os olhos com a claridade da manhã invadindo a janela de meu quarto, o som do canto dos passarinhos me dava bom dia. Me espreguiço e levanto alegre da cama, rodopiando comigo mesma.

Tinha me sentido muito ousada beijando Gilbert daquele jeito na noite passada, mas durante nenhum momento me arrependi. Esperava que ele tivesse apreciado o beijo tanto quanto eu.

Hoje era finalmente o dia em que iríamos começar a realizar nossos sonhos. Montreal e as nacionais nos aguardavam ansiosamente.

Verifico uma última vez minhas bagagens, para ter certeza que nada faria falta e que tudo o que precisava estava ali. As vezes, por culpa da ansiedade atropelo as coisas, mas dessa vez nada poderia dar errado.

Sei que não tenho o poder de controlar tudo a minha volta, mas precisava acreditar que nenhuma circunstância ruim aconteceria e que em Montreal apenas a felicidade nos rondaria.

Dou uma última olhada geral em meu quarto, passo os dedos por minhas medalhas, admiro meus pôsteres onde minhas inspirações na patinação enfeitavam o cômodo e por último me ajoelho até o lado de minha cama no lugar em que estava o porta retrato de meus pais no dia de seu casamento.

O pego com as mãos tremendo de leve e trago a foto para mais perto de mim, apertando a superfície gelada de vidro contra meu peito, sentindo algumas quentes e lentas lágrimas escorrerem. 

─ Eu prometo jamais me esquecer de vocês, os amo para toda a eternidade. ─ deposito um beijo na figura de cada um deles. ─ Queria que estivessem aqui, mas sei que estarão torcendo por mim e me protegendo de onde quer que estejam.

Solto a fotografia de volta em seu lugar habitual. Em cima da cama minha mala ainda estava aberta, fecho o zíper e coloco a mala no chão.

Ok, acho que tudo o que preciso está comigo, malas, documentos, celular, coragem. Tudo pronto para descer.

Com um pouco de dificuldade por conta do peso da bagagem, arrasto a mala pelas escadas dando suspiros enquanto tencionava meus dedos em torno do puxador e sofria com a situação.

─ Acho que teria sido melhor ter divido em duas malas. ─ digo aliviada quando chego na sala, por fim soltando a mala.

─ Quer ajuda com isso, querida? ─ meu tio se levanta da mesa e indaga.

─ Acho que irei aceitar. Obrigada. ─ deixo escapar um risinho.

Ele também parece segurar a bagagem com dificuldade, mas com menos do que eu. Depois a leva até o carro, voltando para terminar seu café da manhã.

─ Anne, venha comer também. Seu vôo vai demorar e não sabemos se devemos confiar na comida do avião. ─ Marilla fala.

Minha tia era o tipo de senhora que achava coisas ditas como mais modernas, perigosas até que provasse o contrário.

─ Tia, tenho certeza que ninguém tem interesse em me envenenar. Mas mesmo assim, não consigo despensar um café feito por você. ─ a abraço por trás da cintura, lhe causando surpresa.

𝐇𝐀𝐓𝐄 & 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ─ SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora