Capítulo 12

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Altos e baixos

Gilbert:

Segurava Anne com toda a força do mundo, ela estava fraca e desolada em meus braços. Lágrimas silenciosas escorriam por sua face e sua pele estava gelada, gelada de medo. Seus joelhos bambearam, mas a segurei e a trouxe mais para perto.

Seu novo parceiro, Roy Gardner, treinava saltos e de repente errou em um cálculo de pouso no gelo e caiu pisando em falso. Ele caiu, bateu a cabeça e estava desacordado.

Atrás de mim, Eric ligava para a ambulância desesperado e dizia para que viessem o mais rápido possível. Nos meus anos nessa academia ainda não tinha chegado a ver um acidente tão grave ao ponto de tirar a consciência da pessoa.

Isso me lembrou a vez em que Anne desmaiou e foi levada ao hospital com um quadro de quase anemia. Foi ali que percebi que se a perdesse não seria nada, mas o caso é, eu a perdi e agora tinha a chance de recupera-lá. Nem que fosse simplesmente como amiga, eu iria tentar, eu precisava dessa garota.

Sempre precisei, desde o exato primeiro segundo em que a vi.

Senhorita Stacy já deveria estar acostumada com tantos acidentes acontecendo em sua presença, mas mesmo assim estava agindo com extremo pânico ao ajudar a socorrer Gardner.

A ambulância chamada por Eric logo chega e dois paramédicos entram no ginásio segurando uma maca, eles levantam Roy da superfície gelada e tiram os patins de seus pés. O garoto agora abria os olhos e gemia de dor, e por um momento senti pena por ele. Não gostava dele, isso era um fato, mas não era por isso que ele não merecia compaixão num momento como aquele.

─ Anne, ei... ─ a garota estava com o rosto enterrado em meio peito, sem lágrimas nos olhos e sem dizer nada, aquele era seu estado de choque. ─ Você quer ir para o hospital ou prefere esperar por notícias aqui?

Lhe ajudo a se sentar e me ajoelho em sua frente, agora segurando sua mão e olhando para seu rosto.

─ Acho que é melhor ir para o hospital. ─ diz, ainda com a expressão petrificada. ─ Esperar aqui seria tortura.

─ Eu te levo. ─ falo já procurando a chave do carro em meu bolso.

Anne tira seu equipamento e pega sua bolsa, sua feição ainda demonstrava o quão aterrorizada estava e isso me quebrava por dentro.

Abro a porta do carro para ela e depois entro em meu lugar, ligo o motor devagar e inicio o rumo até o hospital. A ruiva recostava a cabeça no vidro da janela e abraçava sua bolsa e no canto de sua bochecha pude ver uma lágrima silenciosa escorrendo por sua pele.

O caminho foi silencioso, não dizemos sequer uma palavra. No momento em que Roy caiu havia acabado de tomar coragem para dizer à Anne que não queria me afastar novamente, ia perguntar se poderíamos ser amigos e voltar a conviver um com o outro. Eu a queria por perto, almejava sua presença e sua companhia.

É incrível como alguém pode afetar tanto em minha vida mesmo sem fazer nada demais, ela era apenas ela mesma e mesmo assim me fascinava, isso era inacreditável.

Puxo o freio de mão do carro e termino de estacionar o veículo. Anne abre a porta do carro e saí primeiro do que eu, entrando no local e indo direto para o balcão pedir informações.

Foi nos dito que o paciente estava no quarto n° 10 do segundo andar, acompanho Anne no elevador e coloco o braço por cima de seus ombros, afagando-a como forma de demonstrar conforto.

O elevador apita e as portas se abrem, tínhamos chegado no devido andar. Assim que andamos um pouco pelo corredor a procura do número do quarto, encontramos senhorita Stacy sentada em uma das cadeiras de espera, tristonha e cabisbaixa.

𝐇𝐀𝐓𝐄 & 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ─ SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora