Capítulo 68

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Eu abro os olhos lentamente, acordada pela luz que entra pelas grandes janelas de um quarto. Não tenho tempo para pensar onde eu estou, pois uma mão pega a minha cintura me virando.
Blake sorri para mim e passa a mão por meus cabelos. Eu consigo sentir sua respiração e então fecho os olhos, deixando a sua respiração me trazer paz.
Ele beija o topo da minha cabeça e acaricia meu rosto, observando e contornando cada detalhe.
-Eu senti tanto a sua falta, amor. -ele sussurrou suspirando.
-Por que você me deixou, Blake? -eu perguntei, com lágrimas nos olhos.
-Eu nunca quis te deixar, amor. Mas era o único jeito de te manter segura. -ele falou baixo.
-Eu não estou segura, Blake. Eu estou morrendo. -falei em um tom sério, porém calma.
-O que você quer dizer com isso, amor? -ele perguntou confuso.
Eu não consegui dizer mais nada. Um grupo de guardas entrou pela porta do quarto, acompanhados pela mulher que estava sempre em meus sonhos. Ela usava um vestido preto brilhante e seu longo cabelo castanho estava preso em um coque.
Eles tiraram Blake de mim e colocaram correntes em meus pulsos, me prendendo na cama. Eu tentava escapar mas as correntes só me deixavam ir até a ponta da cama. E eu gritava enquanto via Blake tentando lutar para se soltar.
-Blake! Por favor, soltem ele! Por favor! -eu implorava com lágrimas nos olhos.
-Eu posso soltá-lo e deixar que ele viva... -disse a mulher com um grande sorriso no rosto- ...Mas com uma condição.
-Eu faço qualquer coisa! Por favor! -eu gritei enquanto guardas seguravam e machucavam Blake brutalmente.
-Como quiser. -ela falou e levantou uma mão.
Cinco segundos depois, mais guardas entraram carregando uma menina. Não deveria ser muito mais nova que eu. Ela estava suja e parecia assustada. Os guardas a ajoelharam ao pé da cama e eu olhei para a mulher com o vestido preto antes de ela dizer:
-Você sabe o que fazer.
-Millena, não! Não faça isso! -ouvi Blake gritar e tentar se soltar mais uma vez, em vão.
Ignorei o que ele dizia e apenas segurei o rosto da garota, sugando a alma dela. Ignorei os gritos dela também, e por um momento era como se meu cérebro fosse a prova de som, e tudo parecia distante e insignificante. Observei enquanto meus pulsos também se tornavam cinza, a escuridão subindo por meus braços, indo em direção ao meu coração.
Soltei a respiração quando a menina caiu morta no chão, cinza como o céu antes da chuva.
-Muito bem. Agora sei que posso confiar em você. -a mulher falou com um sorriso e então olhou para Blake- Podem matar o garoto agora.
-Não! -eu gritei, mas já era tarde demais.
Eu assisti um guarda cortar a garganta de Blake, e vi seus olhos perderem a cor enquanto ele caía, morto no chão.
Eu olhei para baixo, meu peito estava todo cinza; mas eu não sentia dor, eu estava paralisada. Então olhei para cima e encarei os olhos verdes do guarda que segurava a faca ensanguentada na mão. Era Wren.

Acordei sobressaltada e confusa. Senti uma enorme dor de cabeça e dor no corpo todo. Percebi que estava no chão e haviam grades me cercando.
Mas eu não estava em uma masmorra; Eu estava dentro de um enorme quarto, decorado em vermelho vinho e dourado. Não haviam janelas. Apenas uma enorme cama, igual aos de filmes de princesa, com lençóis de cetim e um grande dossel dourado de madeira. Haviam também duas portas fechadas, que imaginei uma delas ser um banheiro. E uma estante de livros, logo atrás de mim.
Eu estava presa em uma pequena cela, no meio do quarto, e haviam colocado dois braceletes feitos de aço em meus pulsos, que posso deduzir, me impedem de usar meus poderes.
Tentei levantar mas eu estava muito fraca e ainda muito sonolenta. Olhei ao redor procurando por alguma saída, e vi uma porta relativamente maior que as outras. Se eu conseguisse sair desta cela, talvez conseguiria quebrar a porta.

Algum tempo depois a grande porta se abriu, revelando Wren e dois guardas atrás dele.
Eu levantei rapidamente e segurei as grades, a raiva fervendo dentro de mim.
-Onde eu estou?! Para onde você me trouxe?! -perguntei quase cuspindo de raiva.
-Você sempre foi uma menina muito curiosa, Millena. E isso nem sempre é bom. Lembre-se que a curiosidade matou o gato. -ele falou com um sorriso no rosto.
-Lembre-se que a menina raivosa matou o homem que a traiu! -falei entre os dentes e seu sorriso aumentou.
-Não seja tão dramática, princesa. -ele falou com as mãos atrás das costas e então as levantou fazendo algum tipo de sinal para os guardas; que vieram até mim trazendo um copo d'água e um prato de comida.
-Você deve estar morrendo de fome. Ficou apagada por um tempo. -ele falou enquanto os guardas passavam a comida e a água por uma janelinha dentro da cela.
-E como eu vou saber que a comida não está envenenada? -perguntei olhando para Wren, desconfiada.
-Porque eu teria o trabalho de te trazer até aqui, só para matar você depois? -ele me perguntou como se a resposta fosse óbvia.
Apenas cruzei os braços, e esperei por uma garantia. Comer ou beber qualquer coisa que ele me oferecesse estava inicialmente fora de questão e não era nem de perto a decisão ideal; mas eu estava morrendo de fome e minha garganta estava seca.
Wren suspirou e olhou para baixo antes de dizer:
-Denvers, prove a comida. Warner, tome um gole da água.
O primeiro guarda pegou o copo d'água e tomou um gole, e então se afastou. O segundo se aproximou e comeu uma colherada da comida no prato. Mas quando ele estava colocando a comida de volta no lugar, algo em mim explodiu.
Eu peguei a mão do guarda e o puxei para dentro da cela, quebrando o copo e o prato, derrubando os dois no chão. As grades o atingiram com força e eu usei isso de impulso para apoiar meus pés nas grades e virar, trazendo o braço dele para cima e depois para baixo, torcendo o braço dele e fazendo um 'clack' quando puxei para baixo.
Quando vi haviam vários guardas ao meu redor, eles tinham na mão o que pareciam ser cassetetes, mas na verdade eram armas de choque.
Fui eletrocutada por todos os lados, até soltar o guarda e cair no chão, exausta.
Havia vidro na chão, então me cortei quando caí. Sangue escorria pelos meus braços e eu estava ainda mais fraca.
A porta da minha cela foi aberta e dois guardas entraram, me segurando um de cada lado. Eu não tinha forças para escapar, e eles eram grandes e fortes demais.
Wren entrou na cela logo em seguida, parecendo irritado. Ele pegou meu rosto e apertou, fazendo com que eu olhasse para ele.
-Talvez você precise de um pouco mais de tempo apagada para aprender a se comportar, princesa. -ele falou e então me mostrou uma seringa com o mesmo líquido estranho do consultório.
-Não. -eu falei tentando me soltar, mas os guardas me seguraram com ainda mais força.
-Vamos ver se desse jeito você aprende a ser uma boa garota. -ele falou enquanto ejetava o líquido no meu pescoço.
Fiquei sonolenta rapidamente, e teria caído no chão se Wren não tivesse me pego no colo. A última coisa de que me lembro foi Wren me colocando na cama.

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⏰ Última atualização: Mar 22, 2021 ⏰

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