-Você e o Allan vão dormir juntos! Como um casal de verdade! -ela falou como se estivesse me fazendo um favor. Você não sabe da metade da história titia!
-É muita gentileza, mas não precisa! Eu posso muito bem dormir com a Charlie ou...
-Querida, eu não tenho a ilusão de que vocês nunca dormiram juntos, pode ficar tranquila, e já chega de falar nisso! Vamos quero lhe mostrar uma coisa! -ela diz me puxando pelo braço para me sentar num dos sofás da sala onde estava o resto das pessoas. Menos Charlie e Blake.
Olha eu amo a tia Willa mas ela tinha acabado de me botar na pior roubada da minha vida! Eu não sei o que é pior! Dormir na mesma cama que o Blake, ter que explicar para o Luc por quê eu estou dormindo com o Blake já que eu disse que nós não tínhamos nada, ou explicar para tia Willa o por quê de Blake(que ela acha que é o Allan), ter uma relação tão boa com a Charlie, uma relação boa até demais.
Me sentei em um dos sofás ao lado de Maya, logo em seguida, tia Willa chega com uma caixa de papelão cheia do que pareciam ser um monte de álbuns de foto.
-Aqui dentro desta caixa está toda a infância de vocês, crianças! -ela fala toda animada colocando a caixa na mesa de centro da sala.
Maya e Jason voaram na caixa como crianças, eles pegaram e abriram, virando as páginas. Cada álbum tinha um nome na capa que era decorada com pedrinhas brilhantes e gliter, com desenhos feitos por crianças de cinco anos. Meu Deus, os álbuns que nós demoramos quando tínhamos cinco anos, bom, o Lucas tinha sete mas desenhava como uma criança de quatro. Peguei o meu que estava escrito "Millena" com pedrinhas brilhantes, o desenho era até bonitinho, eu já tinha potencial para desenhar naquela época, bom o meu era o único desenho que nossos pais não descreveram como "abstrato". Eram sete crianças brincando juntas: Eu, Maya, Andrew (meu melhor amigo daquela época que eu achava que iria ficar com o Jason, mas descobrimos que ele era hetero; perdemos contato com o tempo, ele se mudou), Jason, Shade, Lucas e Charlie. A borda da capa era toda cheia de gliter, cola colorida, flores e etc. Abri para ver as fotos. Maya e eu na casa da vovó comendo biscoitos e leite quente com o vovô, todos encharcados graças ao banho de chuva. A outra foto era de mim aprendendo a andar de bicicleta, eu estava sorridente por conseguir andar sozinha pela primeira vez e meu avô ao fundo da foto com os braços levantados a com a boca em formato de "O", torcendo por mim. A foto colada ao lado sou eu caindo da bicicleta e meu avô atrás com uma careta. Começo a rir da cena e viro a página. Sou eu com uma medalha azul de primeiro lugar, foi o primeiro concurso de artes que eu ganhei. A foto seguinte era minha e do Blake, quer dizer, Allan. Eu estava rindo e ele estava olhando para mim com um sorriso enorme. Nossos dedos mindinhos estavam entrelaçados e ele carregava uma lata de refrigerante na mão. Na outra foto estávamos dormindo juntos em uma poltrona, ele estava todo esticado e eu estava encolhida em seus braços.
Virei mais páginas, vendo fotos que que me davam saudade e vontade de voltar no tempo. Eu, a Maya e o Jason em nossa primeira festa. Eu, Lucas e Andrew abraçados. Eu, Maya e Charlie comendo um bolo escondido. Eu na canguta de Andrew sorrindo. Eu e Lucas gritando irritados com alguma coisa na TV. E uma foto... Uma foto minha e de Marta. Eu era pequena, estava em um balanço e ela estava logo atrás me balançando. Outra com nós duas mais velhas, essa foto não tinha muito tempo. Sou eu a abraçando de lado e dando um beijo no lado de sua cabeça, em seus cabelos. Outra dela passando pomada em meu machucado com a vovó do lado depois da primeira vez que eu caí de bicicleta.
-Tia Willa -a chamo e ela me olha, parando de prestar atenção na coversa que estava tendo com Jason- Por que Marta... quer dizer, minha mãe, não veio? -quando percebi o quanto essa pergunta era sem sentido tento inventar uma desculpa- Sabe, não falei muito com ela depois que fui para o Brasil, eu perdi meu celular e não pude ligar.
-Não sabemos querida, ela não está mais na antiga casa de vocês, pensamos que ela tinha ido com você e Allan! -ela fala como se não tivesse entendido a minha pergunta.
-Ah, claro! Como pude me esquecer! -esquecer o quê senhor?! Me ajuda- Ela ligou para o... Allan! E avisou que estava indo passar umas férias na... Filadélfia!
-Filadélfia? -Willa pergunta confusa.
-Sim! Sabe como é, todo aquele espírito livre dela devia estar cansado de Nova York, tantos prédios... ela queria inovar! Conhecer outros lugares! -falo nervosa.
Olho novamente para foto e lágrimas me enchem os olhos. Querendo ou não, ela era minha mãe, a mulher que havia me criado. E se tivessem capturado ela?! Não! Eu não podia pensar assim! Ela só sumiu por um tempo, para o caso de virem atrás dela! Ela está bem e segura!
-Você está bem, querida? -Willa pergunta colocando sua mão sobre a minha.
-Sim, claro! -digo limpando rapidamente as poucas lágrimas que deixei escapar- Eu só não estou me sentindo muito bem, acho melhor eu ir tomar um banho e dormir, não quero ficar assim no dia do casamento!
-Quer ficar com o álbum? -ela pergunta me olhando nos olhos.
-Não posso eles são da senhora! -digo entregando o álbum a ela.
-Nada disso -ela diz devolvendo o álbum- Eu tenho a cópia de todas as fotos! E além do mais, ele sempre pertenceu a você!
-Obrigada! -pego o álbum levantando do sofá, subindo as escadas e indo até o quarto onde acordei.
Me sento no pequeno sofá que tem no quarto e começo a chorar. Isso tudo, minha mãe, mentir para quem eu amo, não está certo, nada na minha vida está certo! E a culpa é minha, devia ter ido atrás da minha mãe. Todos aqueles professores, ensinamentos, aulas de luta, Blake, acabei esquecendo o que era realmente importante. Começo a olhar o álbum novamente, encharcando algumas páginas com as minhas lágrimas. Marta me ensinou a andar, falar, ler a até desenhar. Ela me criou, me criou como se eu fosse realmente sua filha. E de certa forma, eu era. Eu a amava, no fundo eu sabia, querendo ou não, ela sempre seria minha mãe. Preciso saber se ela está bem, se está viva.
Olho mais algumas fotos, achei outra minha e da Maya. Era seu aniversário de 7 anos. O Bolo estava na minha frente, eu estava com um cachorro-quente na mão, bom metade de um cachorro-quente, a outra metade estava na minha boca. Eu estava com uma cara assustada, e as bochechas cheias de comida só deixavam o momento mais infame. Maya estava atrás de mim me abraçando. Eu lembro dessa foto. Estava comendo na cozinha enquanto todas as outras crianças da festa brincavam lá fora. Maya e a mãe dela me pegaram desprevenida e ali estava o resultado.
Eu havia mudado tanto, tinha assumido todas as indentidades possíveis na esperança que as pessoas gostassem de mim. Eu me odiava, não aguentava me olhar em espelhos, não usava shorts, não importava o calor que fazia. Eu me sentia horrível todos os dias, mas ninguém me escutava. A Maya não fazia ideia do que se passava comigo, escondi dela, escondi dela que eles mexiam comigo, escondi dela o que eles me diziam e os pesadelos que eu tinha à noite, escondi dela porque mesmo que ela soubesse, nada mudaria, ela não entenderia, ela sempre foi bonita, nunca teve que se preocupar se os outros gostavam dela ou não.
Não sei quanto tempo se passou, ouço a porta se abrir e me levanto rapidamente jogando o álbum na cama e limpando as lágrimas. Viro e vejo Blake me procurar pelo quarto enorme até me encontrar em pé de frente para o sofá. Olho pela sacada tentando evitar contato visual e vejo que já escureceu.
-Millena, você está bem? -ele pergunta parecendo preocupado.
-E por quê não estaria? -pergunto a ele abrindo um sorriso falso.
-Você estava chorando?
-Não! O que faz você achar que eu estava chorando?! -pergunto a ele tentando manter a calma.
-Porque seus olhos estão inchados e seu nariz está vermelho, coisas que só acontecem quando você chora! -ele fala se aproximando. Como ele podia me conhecer tão bem?!
-Eu estou meio gripada e meus olhos estavam coçando, acho que deve ser alguma alergia, ou algo assim! -tento me explicar, mas acho que não o convenço- Acho melhor eu ir tomar um banho, não sei por quanto tempo fiquei desacordada, então não faço a mínima ideia de a quanto tempo eu não tomo um banho! Então acho melhor eu ir tomar um, agora!
-Millena, sobre a Charlie... -ela começa a falar enquanto caminho até o banheiro.
-Você se divertiu? -o interrompo virando para olhá-lo.
-Uhum -ele murmura baixo.
-Que bom! -falo dando outro sorriso falso- E desculpa por ter sido grossa, agradeço tudo que está fazendo por mim, Alteza!
Dito isso, entro no banheiro e me olho no espelho. Mais lágrimas brotam de meus olhos e eu ligo o chuveiro para disfarçar meus soluços. Faço um coque e entro no chuveiro, tomo um banho bem demorado.
Termino o banho e saio do banheiro enrolada na toalha, esqueci de pegar meu pijama, ótimo! Blake está sentado no sofá com os cotovelos apoiados nos joelhos e de cabeça baixa pensando. Se eu chamá-lo para perguntar onde ele colocou minhas roupas ele vai me olhar, eu não quero isso, não mesmo. Talvez só um pouquinho! O quê?! O que eu estou pensando?! Não quero que ele me olhe, muito menos...
-Millena! -ouvi Blake gritando.
-Oi?! -gritei de susto saindo do transe em que eu me encontrava.
-Eu chamei você mil vezes, mas você parecia estar hipnotizada! -ele explica e passa a me olhar de cima a baixo.
-Desculpa, eu estava pensando, me desculpa!
-Pode parar de me pedir desculpas? -ele para parecendo irritado, será que ele ainda estava bravo comigo?
-Desculpa -fecho os olhos com força ao perceber o que eu falei- Sinto muito. Foi mal! Acho melhor eu parar de falar.
-É, seria melhor! -ele fala parecendo tentar conter a risada.
-Onde colocou minhas roupas? -pergunto apertando mais forte a toalha que está enrolada em meu corpo.
-Estão no guarda-roupa, porta esquerda -ele diz apontando para o armário enorme que tinha no quarto. Costumava me esconder nele quando brincávamos de esconde-esconde, ninguém nunca me achava, e eu só dividia o meu esconderijo secreto com a Maya.
Fui até ao guarda-roupa e abri as portas do lado esquerdo. Procurei algum pijama mas junto com minhas roupas só haviam camisas masculinas, que eu normalmente usava como pijama, droga!
-Você não trouxe nenhum pijama com calça? -perguntei me virando, ele estava escorado na parede, me observando com um semblante sério.
-Não está tão frio, e esses são os pijamas com que você sempre dormiu. -ele disse sem formalidade nenhuma. Não ia dormir no mesmo quarto que ele vestindo só um camisa como pijama!
Vi que havia um shorts de malha preto dentro do guarda-roupa e procurei por uma camisa que eu pudesse usar. Achei minha antiga camisa dos The Beatles, era preta e soltinha e um pouco longa a ponto de quase cobrir o shorts. Peguei minhas roupas íntimas e virando percebi que Blake ainda estava lá parado, me observando.
-Você pode virar? -pergunto a ele sem graça- Ou ir tomar banho? Fazer uma visita ao quarto da Charlie? Não sei, só, deixa eu me trocar?
-Por que não se troca no banheiro? -ele sugere apontando o banheiro com a cabeça e parecendo um pouco impaciente.
-Okay! -falo rápido e vou quase correndo para o banheiro, me troco rapidamente e já escovo os dentes para não precisar entrar no banheiro quando Blake estiver lá.
Saio do banheiro soltando meu cabelo e ele está na mesma posição de quando eu entrei. Vou até o guarda-roupa e guardo a escova e o amarrador na porta ao lado de onde estavam minhas roupas. Viro e Blake ainda está me observando.
-Você não vai tomar banho? -pergunto apontando para o banheiro.
Ele sai da parede e vem vindo em minha direção, se aproximando mais e mais a cada passo. Paraliso, não consigo me mexer, ele vem se aproximando mais e eu não consigo nem sequer piscar. Ele chega perto, mais perto do que eu gostaria. Minha sanidade mental está sendo ameaçada e não posso fazer nada que me tire dessa. Peço à Deus mentalmente para Jason ou Maya entrarem por aquela porta, porque não confio em mim mesma perto de Blake. Seu nariz quase encostando no meu, sua respiração em minha boca.
-O que está fazendo, Blake? -pergunto retomando 10% da minha sanidade.
Ele estica o braço e abre a porta ao meu lado. Pega uma toalha branca e a mostra para mim com a audácia de me olhar nos olhos e dizer:
-Como achou que eu ia me secar? O que achou que eu ia fazer?
-Não sei -digo engolindo em seco. Ele dá um meio sorriso deixando a mostra uma simples covinha no canto da boca.
Ele se afasta indo em direção ao banheiro e fechando a porta ao entrar. Solto a respiração que eu nem sabia que estava segurando. Vejo que o álbum de fotos está em cima da cama. Pego ele e o guardo dentro do guarda-roupa. Fico observando a cama, não vou dormir na mesma cama que o Blake nem que me paguem. Preciso arrumar uma solução. Já sei! Vou dormir no sofá! Pego dois travesseiros e coloco no braço do sofá, pego uma coberta e coloco por cima.
Ouço a porta do banheiro se abrir e quando viro dou de cara com um Blake só de toalha. Meu Deus que músculos! Millena, foco! Cubro minha boca que está escancarada e tento desviar o olhar o que é impossível. Não importa se eu fechar meus olhos ou me virar, eu iria dormir com essa imagem na cabeça sem dúvida. Ele está com um sorrisinho novo na cara o que me deixa com raiva, desvio usando todas as minhas forças o olhar para o chão. Ele dá uma risadinha e vai até o guarda-roupa, não consigo evitar olhá-lo novamente, e vejo um símbolo desenhado na parte de trás de seu ombro, provavelmente uma tatuagem. Como não havia notado aquilo antes? A tatuagem parecia ser feita em cima de alguma coisa. O símbolo indecifrável parecia de feito em cima de uma cicatriz que parecia fazer parte da tatuagem. Era pequeno e passava despercebido aos olhos de alguém distraído, tipo eu.
Ele coloca uma cueca e uma bermuda por debaixo da toalha, mas continua sem camisa, o que é ruim para a minha pessoa.
-O que esse símbolo significa? -pergunto indo até ele e deixando minha curiosidade tomar conta das minhas ações, passei a mão pela tatuagem, senti Blake estremecer, quando encostei meu dedo indicador na cicatriz, ele se virou rapidamente pegando meu pulso com força.
-Não toque ali! -ele diz fervilhando de raiva.
-Desculpa! -falo com lágrimas de dor nos olhos já que ele estava apertando meu pulso com força.
Ele olha para a mão dele em meu pulso e solta rapidamente. Um calor estranho e de certa forma acolhedor está irradiando dele. Meu pulso está vermelho e latejando. Ele olha para o meu pulso assustado.
-Não precisa se desculpar, Millena! -ele fala parecendo arrependido- O símbolo significa fogo -dito isso ele estende as mãos ao lado do corpo e chamas de fogo saem de suas mãos me fazendo recuar para trás assustada- Não precisa ter medo!
-Meu pulso diz outra coisa! -digo me afastando mais. Ele solta um suspiro frustrado e continua a falar.
-Esse é o único poder permanente que eu tenho, o poder da minha...
-O poder da sua mãe -completo para ele e ele assente- Pode... parar com isso? Por favor?
Ele devia as mãos, apagando o fogo. E vem em minha direção enquanto eu recuo para trás a cada passo que ele dá. Minhas pernas encontram a cama e eu me desequilibro e caio de barriga para cima na cama. Blake me puxa para cima com força, me levantando da cama e me deixando cara a cada com ele. Ele transmite um calor intenso e acolhedor. Só conseguia pensar como seria dormir em seus braços, sentindo seu calor constantemente.
-Precisamos conversar. -ele sussurra ofegante. Parecendo tentar de conter.
-Nós não temos nada para conversar! -sussurro de volta.
-Por que estava chorando? -ele pergunta em voz alta em um tom sério.
-Eu não estava chorando! -digo irritada me desvencilhando dele e indo para o outro lado do quarto.
-Então está me dizendo que não estava chorando quando cheguei aqui e que não chorou no banho pensando que eu não fosse ouvir? -ele pergunta sarcasticamente cruzando os braços.
-Isso mesmo! -falo cruzando os braços também.
-Precisamos conversar sobre isso, Millena!
-Conversar sobre o quê, Blake?! -explodo e raiva- Quer converar sobre algo importante?! Pode começar me dizendo por quê você disse para a tia Willa que estamos namorando se pretendia se pegar com a Charlie pelos cantos?!
-O Jason contou a ela! Não eu! -ele exclama se defendendo- Ela me ligou e eu não tive outra escolha se não confirmar a história!
-Então me faz um favor? -pergunto sarcasticamente- Vai até o Luc e explica para ele o porquê de estarmos juntos se eu disse que nós não tínhamos nada!
-Você não deve explicações da sua vida para esse cara! -ele diz irritado.
-Olha, não querendo criticar seu "hobby", mas eu não suporto mentir para as pessoas que eu amo! -ele se aproxima de mim irritado.
-Não precisa guardar para você! -ele fala alto impaciente, porém com uma calma inexplicável que me conforta- A Maya está aqui! Eu estou aqui! Eu vou sempre estar aqui!
-Do que você está falando?!
-Sua mãe está bem, tenho certeza disso! -ele se aproxima mais.
-Ela não é minha mãe, você mesmo disse isso! -exclamo com a voz amarga.
-Você e eu sabemos que isso não é verdade! Que não importa o que aconteça, não importa que vocês não tenham o mesmo sangue! Vocês sempre serão mãe e filha!
-Para! -coloco as mãos nos meus ouvidos tentando abafar o som da voz dele, mas o som de sua voz parece estar muito mais nítida do que antes.
-Ela criou você, ninguém pode negar isso! Ela ajudou você nos seus momentos mais difíceis! Quando fizeram bullyng com você na escola, ela foi até lá para pedir para que aqueles garotos parassem! Mas não é só ela que te aflige, não, é mais antigo, algo velho que já vêm sendo guardado a muito tempo!
-Blake, para. -nem eu conseguia ouvir minha própria voz, porém a voz dele ecoava em minha mente. Estava ofegante e perdendo o foco.
-Você vem guardando isso a muito tempo, Millena. Talvez a mais tempo do que se lembre! As vozes, eu sei que ainda escuta eles falando! Sei que quanto mais você tentava, menos dava certo! Sei que todos esses anos você não se permitiu chorar sequer uma vez, derramar sequer uma lágrima!
-Blake, por favor! -eu não conseguia puxar o ar para os meus pulmões, parecia que estava tendo um ataque de pânico.
-Sua mãe perguntava se estava tudo bem e você simplesmente assentia! Ninguém exergava, ninguém escutava seus gritos, ninguém entendia você! Eles não entendiam como era se odiar, se olhar no espelho e odiar o que vê! Então você mentia, ninguém iria entender mesmo! Você veio mentindo para as pessoas que você ama a sua vida toda, e o pior de tudo, vêm mentindo para si mesma a tanto tempo que nem se lembra como é ser sincera consigo mesma!
-EU PEDI PARA VOCÊ PARAR, DROGA! -gritei com toda a minha força, duvido que a cada inteira não tenha ouvido.
Comecei a chorar e soluçar descontroladamente, Blake me acolheu em seus braços do jeito protetor que ele sabia fazer; e quando meus joelhos falharam ele se ajoelhou comigo no chão.Quem chorou levanta a mão
🙋🙋🙋🙋🙋🙋
Gente, eu decidi fazer esse capítulo para todas as garotas e garotos que se sentem insuficientes. Saibam que vocês são mais do que suficientes. Vocês são lindas, inteligentes, engraçadas e fortes, vocês são o suficiente!
Vou deixar essa música aqui para vocês escutarem(spoiler: é pra chorar):
O nome da música é Who You Are -Jessie J.
Espero que vocês tenham gostado do capítulo❤
E se vocês estiverem com algum problema, me chamem para conversar, não precisa me conhecer, se estiver com algum problema, qualquer problema, me chama aqui no privado. Me chama pelas mensagens do Wattpad mesmo.
Não é birra e muito menos frescura, o que vocês sentem é importante, não importa o que os outros dizem❤
Obrigada por lerem meu livro❤
Espero que gostem desse e dos muitos capítulos que estão por vir.
Beijão e até logo❤
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A Hallen Perdida
Teen FictionComo você lida com uma mentira? Seria capaz de perdoar uma mentira vinda da pessoa que você mais ama? Mas o quê você faria se descobrisse que toda sua vida não passou de uma mentira?