-E aí? O que faz aqui no alto? -pergunta Allan.
-Pensando. -viro para olhar para ele.
-Achei que tivesse medo de altura -ele senta ao meu lado.
-E eu ainda tenho. Mas, não sei, me ajuda a pensar. -digo desviando o olhar dele e olhando para o céu. Tinha praticamente acabado de reencontrá-lo e ele já teria que aguentar os meus dramas idiotas e bobos.
-Okay, já que você não quer me dizer por vontade própria vou ser obrigado a perguntar. No que você tanto pensa? -pergunta pondo sua mão sobre a minha, olho quase assustada para a mão dele, meu coração fica meio descompassado, com certeza foi por causa do susto, com certeza.
-Eu me meti em um problemão! Nunca imaginei que eu fosse passar por isso, porque.... sou eu! -disparo as palavras de uma vez só e ele me olha confuso, aí lembro que ele tinha tecnicamente acabado de voltar e nem eu sabia a história toda direito, e estava acontecendo comigo! -Okay! Bem, presta atenção, vou tentar resumir a história para você. Então, basicamente, ano passado eu comecei a gostar de um cara, eu comecei a gostar muito mesmo dele, mas ele não ligava para mim porque eu ainda era gorda, era meio que uma paixão platônica, e você acredita que eu ainda cosegui sair de paixão platônica para ir direto para a friendzone?, então, ele se mudou para a Europa. Okay, até aí, tudo bem, eu fui passar as férias de verão na praia com uma amiga, lá eu conheci um cara fantástico e maravilhoso, ele me tratava muito melhor que o cara da Europa, eu fiquei com ele e acabei gostando dele de verdade, mas eu tive que voltar e não falei mais com ele. Quando eu voltei conheci um cara legal, filho de uma amiga da minha mãe, mas acabei descobrindo que ele tinha namorada então me afastei o máximo possível porque nos encontrávamos quase todo final de semana por conta das nossas mães. Estava tudo bem até aí, passei um ano sem gostar de ninguém, estava tudo muito sossegado para o meu gosto, mas eu simplesmente aproveitei e deixei a merda acumulando, porque na minha vida uma quantidade significativa de merda tem que acontecer de vez em quando, se não, não é a minha vida. Então agora veio a merda toda de uma vez, o cara da praia voltou dizendo que gostava mesmo de mim, o cara da Europa voltou dizendo que estava com saudade, saudade?! Ele nem se quer se despediu! E agora o que tem namorada decidiu que gosta de mim e quer terminar o namoro para ficar comigo..... Desculpa, acho que falei um pouco demais.
-Não, tudo bem, sua vida amorosa está sendo o ponto alto da minha noite! -ele diz sorrindo e levando a garrafa de cerveja à boca.
-À cinco horas atrás eu nem sabia que tinha uma vida amorosa! -lamento rindo de mim mesma e ele me acompanha na risada. -O pior de tudo é que não sei se eles gostam de mim de verdade.
-Como assim? -pergunta confuso.
-Eles só se interessaram por mim depois que eu emagreci, como posso acreditar se é real? E porquê eles gostariam de alguém como eu?
-Está brincando comigo, não está? Caramba, você é esperta, gentil, inteligente, engraçada, bonita, e muito mais. A pergunta certa é "Quê homem não gostaria de alguém como você?".
Sorrio um pouco envergonhada e olho para baixo para esconder minhas bochechas coradas.
-Hey! -ele diz pegando em meu queixo, me fazendo olhar para ele. -Se você não tem certeza se eles gostam de você ou não, então não fique com eles. Mas pelo que eu ouvi, o cara da praia gostou de você antes mesmo de você emagrecer. Mas, Milli, gorda ou magra, você é a melhor pessoa que alguém poderia ter, e eles são burros se não enxergam isso.
-Obrigada -digo baixo, quase um sussurro. -Eu.....preciso ir.
Me levantei e fui em direção à porta.
-Okay -disse enquanto eu já estava com a mão na porta do telhado-Ah, Millena!
-Oi? -me virei para olhá-lo
-Eu consigo entender o por quê deles gostarem tanto de você, e não discordo deles por disputar por você, qualquer um disputaria.
-Cuidado Allan! Eu sou um pouco carente e muito trouxa, posso acabar me apaixonando por você. -digo e vou embora, ouvindo a gargalhada dele ressoando no telhado.Eu ouvia vozes que não conseguia identificar. Nem entendia direito o que diziam as vezes.
"Não sei se ela irá acordar novamente alteza, acho melhor deixar ela descansar em paz; talvez o senhor devesse descansar."
"Eu não vou a lugar nenhum!"
Eu acordava sem sequer abrir os olhos, ouvindo trechos de conversas e depois voltava ao meu sono profundo. Não conseguia acordar completamente, eu nunca conseguia. Ouvi alguém chorar perto de mim certa vez em que estava meio acordada, e a pessoa dizia:
"Acorda, docinho. Você faz muita falta. Me desculpa, eu sinto muito! Preciso de você aqui!"
Precisava acordar, eu queria acordar. Eu tentei, e tentei muito, mas eu nunca conseguia. Estava prestes a desistir quando acordei em uma cama macia. A dor voltou, tudo dói, principalmente meu ferimento na barriga. Olho em volta, esse quarto é maior que minha casa, as paredes são brancas, tem uma porta, alguns armários, uma escrivaninha e três mulheres ao meu redor me olhando assustadas.
-Senhorita, você está bem? -pergunta uma garota ruiva que está em pé ao lado das outras duas. Elas me olham como se eu fosse um milagre.
-Quem são vocês? -pergunto receosa e com medo. Não sei quem elas são ou onde estou, e se Aisha tivesse me pegado de novo?
-Tudo bem, está tudo bem agora, você está a salvo! -diz a morena, (e por sinal a mais velha) com calma, com medo de me assustar. -Chloe, vá avisar à Vossa Alteza que ela acordou.
-Sim, Mary! -a garota ruiva que parece ser a mais nova diz e se apressa em direção à porta.
-Não! -eu grito e elas me olham assustadas. Faço uma careta de dor pelo esforço. Seja lá quem for essa Vossa Alteza não queria que ela soubesse de nada.
-Minha querida, Vossa Alteza pediu para avisar imediatamente assim que você acordasse. -diz a mais velha que acabei de descobrir se chamar Mary.
-Por quanto tempo fiquei desacordada? -pergunto tentando ganhar tempo.
-Uma semana -responde a.... Mary, isso, esse é o nome dela.
-O quê?! -eu grito. Solto um palavrão quando tento me levantar da cama, a dor é tão intensa que fico tonta e sou obrigada a me sentar novamente. As três vêm para cima de mim, me ajudando.
-Droga, a ferida está inflamando. Teremos que dar um banho nela e botar novas bandagens. -Mary diz com um tom de experiência. -Chloe vá avisar a vossa alteza, agora.
-Não, por favor. -tento protestar, mas elas me ignoram.
Mary e a garota loira(que agora sei que se chamava Louise) me levam ao banheiro que até então eu não havia percebido que existia. Me déspem, o que não é nada estranho, mas estou com dor demais para ligar. Elas me ajudam no banho e trocam as bandagens, secam meu cabelo e me ajudam a colocar a calça jeans e uma blusa branca social feminina.
Logo depois, Chloe volta com mais dois homens que me arrisco a dizer pelos uniformes e a cara fechada que são guardas. E por sinal muito lindos.
-Vossa Alteza solicita sua presença, senhorita. -diz o mais alto.
-Não! -digo decidida de que não vou.
-Por favor, não nos obrigue a arrastar você até a sala de reuniões. -diz o outro guarda que tem uma voz fina.
-Não! -repito cruzando os braços, não vou a lugar nenhum.
-Vossa alteza sabia que você reagiria assim, então ele disse que se não fôssemos com você até lá, estaríamos demitidos. E sabe, esse emprego é o que sustenta minha família.
Suspiro frustada, foi uma jogada e tanto, podia até ser um blefe, mas mesmo que fosse, não podia arriscar deixar os dois guardas sem empego. Quem seria essa Vossa Alteza para julgar me conhecer tão bem?
Vou com eles, e em nenhum momento dirigem a palavra a mim, mesmo eu tentando puxar conversa, mas consegui fazer um deles rir o que já era um progresso. Eles me deixam em frente a uma porta, a abrem para eu entrar e é isso que eu faço. Assim que eu entro vejo várias pessoas sentadas ao redor de uma mesa e...espera! Eu conhecia algumas dessas pessoas! Maya e Shade me olham felizes por eu não estar morta, já eu olho pasma para eles. Por quê estavam aqui? O que estava acontecendo aqui?
-Sente-se! -diz o velho sentado na cadeira a minha frente.
-Estou bem em pé. -respondo seca sem dirigir o olhar à Maya ou Shade. Precisava parecer forte, e se olhasse para eles eu desmoronaria. Eu nem sabia mais quem eles eram.
-Muito bem, então. Meu nome é..... -o velho começa a dizer.
-Não me interessa seu nome, o que quero saber é onde estou e por quê estou aqui! -respondo o interrompendo.
-Você está na dimensão celestial. E está aqui para salvar está dimensão. -rebate o velho em um tom grosseiro.
-Ah! Quê ótimo! Entrei em um filme da Disney! -digo sentando na cadeira frustrada.
-Isso é um assunto sério, garota! Você é a Hallen Perdida e tem obrigações a partir de agora! -diz o velho alterando seu tom de voz que antes era calmo.
-Qual foi a erva que o senhor fumou? -pergunto confusa.
-Seu pai se sacrificou por você a muito tempo, ele teve que abrir mão de você e te entregar para uma humana para te proteger. Marta estava ciente do que aconteceria. Se ela não te informou de suas obrigações, não é nossa culpa. -diz com a voz calma novamente.
Paraliso na hora, eles me pegaram, poderiam ter pegado a minha mãe também! Se eles encostassem um dedo nela eu....
-Onde está a minha mãe?! O que fizeram com ela?! -digo me levantando e apoiando as mãos na mesa tentando não fazer careta pela dor, as perguntas saem em um grito e todos me olham assustados. Vejo pelo canto do olho Maya e Shade baixando a cabeça. "Precisamos conversar sobre uma coisa importante" -A voz dela ecoa na minha cabeça- "Eu te amo, você sabe disso, não sabe?".
As lágrimas já ameaçavam cair, eu tinha que segurá-las, ao menos na frente do velho. Meu orgulho era maior que as olheiras dele.
-Onde minha mãe está? -pergunto mais calma depois de ninguém responder da primeira vez.
-Não nos interessa mais, e não devia interessar a você também. -rebate o velho com uma cara de divertimento. Juro que vou matar esse velho.
-Como assim?! -quando vejo já estou gritando de novo. -Vocês não podem me arrastar para esse lugar e me dizer para deixar tudo e todos que eu amo para trás! Se você encostar um dedo na minha mãe ou em qualquer pessoa que eu ame, você....
-Deixa eu adivinhar, "você é um homem morto" -diz alguém enquanto entra pela porta, só consigo ver o rosto do homem quando todos na sala de abaixam para fazer uma reverência exagerada. Allan. -Guarde suas ameaças vazias para você, princesa Millena.
-Allan? -pergunto completamente confusa, o que ele está fazendo aqui? Por quê me chamou de princesa?
-Meu nome é Blake, e para você é Vossa Alteza. -diz ele em um tom de autoridade me fazendo arregalar os olhos.
-Okay então -digo desviando o olhar- O que fez com a minha mãe, Vossa Alteza?
-Não fizemos nada, Marta está segura e não é mais da nossa conta. -diz parando em frente à cadeira em que o velho estava sentado minutos atrás.
-É da minha conta. -olho para ele.
-Não é mais, você tem muita coisa para fazer, não pode mais ficar se preocupando à toa com humanos idiotas. -diz como se não fosse um humano.
-Eu sou uma humana idiota, e ela é minha família! -eu estava quase desmoronando, precisava me controlar. Respirei fundo algumas vezes enquanto ele respondia.
-Ela te criou, mas não é a sua família. Você não é Millena Miller, é a Millena Hallen. E eles são a sua família. -ele faz sinal para dois homens se aproximarem, na cara deles estava estampado compaixão e pena, não precisava que sentissem pena de mim. -Esse é seu irmão mais velho Ben, e esse é seu irmão gêmeo Noah. E você tem uma irmãzinha mais nova, a Sarah. -diz apontando cada um deles, menos a tal Sarah que não estava presente.
-Não! -eu gritei. -Por quê está me dizendo essas coisas? -as lágrimas se tornavam mais difíceis de segurar a cada segundo.
-Ele se infiltrou em sua vida e se tornou seu amigo para te manter perto, e assim pagar sua dívida. -falou o velho com um sorriso no rosto.
-Que dívida? -Eu estava totalmente confusa, aquele era o Allan, o meu melhor amigo, ele nunca mentiria para mim. -Allan, você é meu melhor amigo eu...
-O Allan nunca existiu! -interrompeu o velho, Allan (ou Blake) estava de cabeça baixa agora- Vossa Alteza foi induzido para o lado obscuro e a única forma de ser perdoado era trazendo a Hallen Perdida para nós. O plano era trazer você mais tarde, mas, graças a intervenção da senhorita Aisha, tivemos que trazê-lá para cá o quanto antes. Ele mentiu para você, esse tempo todo.
Fiquei paralisada, só percebi que estava andando para trás quando encostei na porta. A ferida em minha barriga começava a doer de novo, aquelas mulheres tinham razão, a ferida estava inflamada.
-Então, você me usou? -perguntei olhando diretamente para ele, ele levantou a cabeça, seu rosto não trazia expressão alguma. Conseguia ouvir sua voz em minha cabeça "Não está mentindo para mim, não é?" "Não, claro que não!" "Me promete" "Eu prometo". Como pude ter sido tão burra? Minha vida toda era uma mentira! Olhei para a cara do Allan/Blake, ele tinha percebido que eu não estava tão bem assim, será que aquela mulher havia dito sobre a ferida inflamada? -Você me usou! -eu gritei- Tudo não passou de uma mentira, não é?! -ele assentiu. Me virei de costas indo em direção à porta, outros dois Guardas me barraram impedindo a minha passagem.
-Deixe-a ir! -Allan falou com autoridade -É uma ordem.
Eles se afastaram da porta para eu passar.
-Você precisa ir à enfermaria! -disse Allan enquanto eu saía.
-Que se dane a enfermaria! -me virei respondendo e pude ver em seus olhos mesmo que por um segundo um brilho de preocupação. Mas me virei e continuei andando. É claro que acabei me perdendo, eu tenho um senso de direção péssimo e esse lugar é enorme! Cada corredor tem um quadro com uma linhagem diferente, parei para ver a pintura de um homem, a pintura se destacava das outras, a moldura era de Ouro! O máximo que eu tinha em casa era um porta-retrato de plástico feito pela irmãzinha da Maya, que eu ganhei de aniversário dela, foi tão fofo, eu amava aquele porta-retrato.
Meus pensamentos foram interrompidos quando uma senhora passou por mim empurrando um carrinho com vários produtos de limpeza. Quando ela me viu fez uma reverência, não entendi muito bem, também nem queria entender, estava começando a ficar tonta graças ao meu machucado, no quarto em que eu acordei havia bandagens que poderiam me ajudar. Precisava chegar até lá sem desmaiar, fácil.
-Alteza -ela diz terminando a reverência exagerada e sem sentido.
-Me chama de Millena. É.... eu preciso da sua ajuda. Você poderia me levar ao quarto onde eu acordei, por favor. Meu senso de direção é péssimo e acabei me perdendo. -ela sorri por poder ajudar e me encaminha até o quarto sem dizer uma palavra.
-Obrigada, mesmo. Você salvou minha vida. -agradeço com um sorriso fazendo-a sorrir também.
-Disponha alte.... -olho para ela com os olhos semicerrados mas ainda com um meio sorriso. -Millena. -assinto e ela vai embora.
Fico parada em frente a porta com a mão na maçaneta, a tontura piorou, eu só preciso abrir a porta e estarei a salvo, bem, mais ou menos. Tudo está girando e girando, acabo caindo, mas antes que eu vá ao chão alguém me segura, esse alguém abre a porta do quarto e me coloca sobre a cama. É um homem forte e bonito, conseguiria ver que ele é bonito mesmo à 20 metros de distância, e cega. Ele devia ter uns vinte anos. Tinha o cabelo raspado, e olhos castanhos.
-Hey! -diz segurando meu rosto entre as mãos, se a intenção dele era me manter concentrada ele não devia ter me feito olhar para cara dele, a voz dele era distante, mas consegui ouvir um- Você está bem? O que aconteceu?
Conseguir desviar o olhar e tomar consciência.
-A ferida -murmurei- Inflamou.
Ele levantou a minha camisa para verificar o ferimento, sem minha permissão! Ele soltou um "droga!" e foi ao banheiro, pegou um remédio para dor que fez as coisas pararem de rodar, foi rápido.
-Vou ter que chamar o Blake! -ele diz para mim.
-O quê?! - tento me levantar mas ele me impede e me prende na cama com suas mãos, em outras circunstâncias eu teria amado isso.
-Está maluca? Quer que a ferida piore? -nego com a cabeça- Então fica quietinha aí! -assinto contra a minha vontade- Olha, eu sei que ele é a última pessoa que você quer ver agora, mas ele é o único que pode cuidar disso. -ele aponta a ferida.
Continuo quieta, não queria vê-lo, acabei de descobrir que minha vida toda é uma mentira, e ele é o responsável, eu não passo de uma dívida para ele.
-Eu sou Ethan! -diz esticando a mão para mim, eu aperto exitante- Sou o melhor amigo do Blake.
-Se fosse você tomaria cuidado então -digo soltando sua mão- Ele adora mentir para os melhores amigos.
-Ele não teria mentido para você se não precisasse! -ele levantou e chamou um guarda que estava no corredor e pediu para chamar o Blake, e dizer o que tinha acontecido.
-Talvez ele só venha mais tarde, está em uma reunião importante agora. Mas logo estará aqui. -assinto- Blake me falou de você Millena, muito.
-Vou me arrepender se perguntar o que ele falou? -me ajeito na cama e ele me ajuda.
-Ele falou que você é bonita, a garota mais inteligente que ele já conheceu, gentil, esperta, péssima motorista, e pior ainda na cozinha, horrível no vôlei ou em qualquer esporte que exija coordenação motora, espontânea, e que tem uma risada que pode fazer qualquer um rir, uma ótima pintora, que consegue ser sincera demais com qualquer um que vê na rua, e que é a pessoa mais altruísta que ele já conheceu. -fico sem palavras, ele havia falado tudo isso de mim, não tenho tempo de perguntar se é verdade porquê Blake entra no quarto sem nem bater, e por quê precisaria?, até onde eu sei ele é a "Vossa Alteza", mas o Ethan não faz uma reverência quando o vê, ele vai até o Blake e explica o que aconteceu nos mínimos detalhes, meu coração ficou acelerado, isso andava acontecendo muito, devia ser um efeito colateral da ferida. Blake fala alguma coisa no ouvido de Ethan, que assente e sai do quarto me deixando sozinha com quem agora eu considerava um desconhecido. Ele se aproximou de mim e se ajoelhou ao lado da cama. Respirou fundo e disse:
-Podia ter me contado que estava inflamado. Podia ter se machucado seriamente se eu não tivesse mandado o Ethan ficar de olho em você. Até quando vai colocar seu orgulho acima de sua segurança Millena? -olhou para mim, eu o fitei com os olhos, mas depois apenas baixei a cabeça, não queria falar com ele, muito menos encará-lo, ele suspira- Precisa levantar a camisa. -olho para ele pasma- Como você quer que eu passe a poção na ferida? -olho para o outro lado tentando segurar a risada, como eu sou estúpida!
Levanto a camisa exitante deixando a mostra a ferida, ele pega um frasco com o que parece ser uma pomada dentro, olho para ele curiosa e como ele me conhece bem mais do que eu gostaria no momento, ele entende que quero uma explicação.
-É meio que uma poção que cura feridas -ele explica- Você passa no ferimento, descansa, e não se mexe em circunstância alguma! -ele olha para mim como um aviso e eu dou de ombros como se não entendesse- E amanhã estará curado, existem vários tipos de poções, eu inventei algumas delas, sou quase um especialista nisso. -reviro os olhos.
Ele vai ao banheiro e trás água em um copo, e começa a limpar o ferimento delicadamente mas me arrancando várias caretas de dor. Ele põe a "pomada" na mão e estende a mão para por na ferida e eu me retraio por instinto.
-Eu ainda nem apliquei a poção! -diz sorrindo. Allan. Perco um pouco o fôlego, ele percebe e volta a ficar sério- Quase não dói -diz um pouco grosso- Aguenta firme, é mais forte do que pensa. -fico confusa sem saber se ele estava falando de mim ou da poção.
Ele começou a passar, doeu muito! Depois ele cobriu a ferida com bandagens novas, sem em nenhum momento olhar para minha cara. Foi até o armário e pegou uma camisa social branca que servia de camisola para mim, muitas vezes eu já tinha "roubado" as camisas do Allan porque eu adorava dormir com elas. Blake havia lembrado disso. Não, espera! Aaaaaah, minha cabeça estava uma confusão, eu não estava entendendo mais nada! Allan,(NÃO! Blake!) Me ajudou a levantar.
-Pode se virar, Alteza? -disse olhando para ele, ele ficou surpreso por eu ter dirigido a palavra à ele, então me entregou a camisa e se virou. Tirei a camisa com um pouco de esforço, mas a calça foi pior, eu era orgulhosa demais para pedir ajuda ao Blake então tirei sozinha e coloquei a camisa que ele havia me entregado.
-Você não pode se levantar ou fazer qualquer esforço até amanhã! -disse se virando, e parando um pouco para me observar, olho para baixo tentando escoder meu rosto vermelho (por quê isso sempre acontecia?!), ele balança a cabeça como se tivesse saído de uma hipnose, e segura minha mão para me ajudar a deitar- Nada de sair perambulando por aí, e nem de tentar levantar para nada, vou colocar um guarda em sua porta e vou pedir à suas criadas para olharem você. -diz ainda segurando a minha mão, não sou tão forte pscicologicamente para tentar soltar sua mão.- Também virei aqui de vez em quando para ver se está tudo bem. -ele solta a minha mão e eu engulo em seco.- Durma bem.
Ele se afasta e vai em direção a porta.
-Alteza -chamo antes que ele saia do quarto, ele se vira não muito feliz com a forma que o chamo mas com uma feição preocupada.
-O quê foi? -pergunta preocupado.
-Obrigado.Surprise bitches!❤ Agora começa oficialmente o especial de Natal! Vai ter capítulo novo todo dia, e dia 24 à meia-noite vai ter um capítulo especial! Espero que gostem!❤
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A Hallen Perdida
Teen FictionComo você lida com uma mentira? Seria capaz de perdoar uma mentira vinda da pessoa que você mais ama? Mas o quê você faria se descobrisse que toda sua vida não passou de uma mentira?