Capítulo 8

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Acordei no meio da noite e vi que ele estava me observando, ele não notou que eu estava acordada então fechei os olhos bem rápido. Fiquei ouvindo a respiração pesada dele de longe, me remexi na cama virando para o teto.
-Estou me sentindo em um filme de terror com você me observando desse jeito. -murmurei.
Ouço ele pulando de susto mas quando abro os olhos e olho para ele, ele age como se eu não tivesse pegado ele no flagra.
-Pensei que não estava falando comigo. -diz disfarçando.
-E eu não estou, só acho que tenho o direito de questionar o por quê de você estar me observando como um psicopata assassino. -me viro para ele, a ferida não dói mais tanto assim, fico curiosa e começo a desabotoar a camisa para ver a ferida, sem me importar com sua presença, quantos analgésicos eu havia tomado? Ele se sobressalta e vem correndo até mim e pegando em minha mão para que eu parasse. Fiquei imóvel, ele me olhou por um bom tempo antes de abotoar novamente a camisa.
-Não ouse mexer nesses ferimentos, ainda não estão completamente curados. -diz pegando a coberta e me cobrindo até o pescoço- Agora volte a dormir, você precisa descansar.
-Por quê estava me observando? -eu estava completamente louca por conta dos analgésicos, porque só conseguia pensar na boca dele, só conseguia olhar para aqueles olhos, por quê ele tinha que ser tão bonito Deus? -Eu estava morrendo de saudade Allan -saiu da minha boca completamente sem querer, é que toda vez que ele sorria eu via o Allan, eu não....
-Eu também senti saudade Milkshake -ele diz sério e abaixa a cabeça, ele havia percebido que meu humor leve não passava de um efeito colateral dos analgésicos- Agora volte a dormir.
Ele diz beijando minha cabeça e saindo do quarto.

Acordo no dia seguinte sem dor alguma, não me lembrava de muita coisa, depois que as meninas me deram alguns analgésicos eu apaguei. Eu levantei, sozinha! Fui ao banheiro e abri os botões da blusa, retirei as bandagens e não tinha nada ali! Como isso era possível?! Passei a mão varias vezes onde antes se localizava o ferimento, só para garantir que os efeitos do analgésico já haviam passado. Vi uma roupa esticada em cima de um balcão com um bilhete em cima.
"Princesa, suas roupas foram retiradas de seu armário por ordens de Vossa Alteza real, não nos pergunte o por quê, não estamos autorizadas a dizer. Seu café está em cima da escrivaninha, se precisar de alguma coisa é só falar com o guarda em frente à sua porta.
              Assinado: Mary."

Tomei um banho rápido, me vesti com a blusa preta de manga comprida e a calça de moletom cinza que haviam deixado para mim e um tênis preto. Comi um pouco mas acabei não comendo tudo, elas trouxeram muita comida. Eu saí do quarto para tentar fazer amizade com o guarda, mas ele não estava lá. Então pensei: "Por quê não sair por aí perambulando como uma retardada e me perder denovo?". Saio andando sem rumo, parando algumas vezes para observar pinturas e conversar com guardas, já fiz amizade com quatro guardas e descobri que na verdade o guarda encarregado da minha porta agora estava encarregado de cuidar de uma empregada muito bonita e extremamente gostosa. Palavras deles, não minhas. Andei mais um pouco e me perdi de novo, virando o corredor acabei esbarrando em alguém, ou mais especificamente um muro, não duvidava de que fosse um muro. Caí de costas no chão, e fiquei estirada no chão olhando para o teto e pensando quantas vezes mais eu teria que passar vergonha nessa vida? Dois homens me ajudaram a me levantar achando que eu precisava de ajuda, eu só queria ficar naquele chão mais macio que a cama da minha casa e lamentar minha vida miserável. Um eu reconheci pelo uniforme que era um guarda, o outro já não tenho certeza, roupas sociais, com um ar superior e a barba por fazer, não aparentava ser tão velho mas pequenos fios de cabelo branco nascendo ao lado de sua cabeça sugeriam que ele não era tão novo.
-Está tudo bem, princesa? -pergunta o muro.
-Sabe, todo mundo aqui me chama de princesa, mas nunca pararam para me explicar o por quê.
-Você é a herdeira do trono de QueensCounty, a próxima rainha do segundo maior e mais poderoso condado dessa dimensão. -disse com orgulho na voz .
-E qual é o primeiro? -ele sorriu para mim.
-KingsCounty. Esse onde você está agora. -diz com mais orgulho ainda. Por que alguém teria tanto orgulho em uma coisa que......Ah não.
-Espera, você é o rei? -pergunto pasma e ele assente pegando a sua coroa do chão que deve ter caído quando nós nos trombamos, fico estremamente vermelha de vergonha- Eu deveria fazer uma reverência? Eu já vi muitos filmes, acho que eu deveria fazer uma reverência.
-Não será necessário -diz tentando não rir do meu desespero- Mas na frente dos outros você deverá fazer uma breve reverência, mais pela formalidade. -diz sorrindo, ele parecia estar se divertindo com a minha confusão.- Então, você é o pagamento da dívida do meu filho? -diz seguindo em frente a sugerindo que eu o acompanhe com um movimento feito com a mão. Eu apenas assinto.- Sinto muito por isso. Meu filho me falou muito de você, me pediu para que não interferíssemos em sua vida, mas você é necessária para obtermos vantagem sobre a dimensão obscura, espero que entenda.
-Eu gostaria muito de entender, sinceramente. -digo dando um sorriso fraco.
-Espero que meu filho não há tenha magoado muito. -pois magoou majestade. Pensei. Mas não disse isso, o pai do Allan era severo e não aceitava que o filho tivesse qualquer defeito. Se esse fosse igual, iria causar sofrimento ao Blake, mesmo eu ainda estando completamente confusa sobre quem é quem. Não queria vê-lo sofrer, mesmo estando brava com ele no momento, muito brava.
-Seu filho tem um bom coração. -e é lindo, maravilhoso, um gostoso, mas estou brava com ele então me recuso a dizer isso em voz alta.
-E você também. -ele diz olhando para mim.
-Como pode julgar que tenho um bom coração, se Vossa Majestade nem me conhece. -falo exageradamente o fazendo rir.
-Pelo simples fato de meu filho ter magoado você e não ter lhe dado nem uma explicação, ou sequer ter tratado você bem desde que chegou aqui, mas você não falou mal dele para mim porque tinha medo que eu fosse igual ao pai de mentira dele.
Arregalo os olhos, como ele...
-O senhor lê mentes? -pergunto maravilhada. O que faz ele gargalhar.
-Como rei, passo muito tempo com pessoas, então aprendi a decifrá-las. -diz se gabando.
-Ah é? Então vamos lá, me decifre! -cruzo os braços o desafiando.
-Bom vamos ver, acha que seu pai a abandonou quando era criança, confia demais nas pessoas, pela sua cara quando falei do meu filho e pela reação que teve na sala de reuniões vejo que não suporta mentiras. Suas mãos são firmes, então ou você toca algum instrumento ou gosta de desenhar.
-Os dois. -estreito os olhos
-Deixa eu adivinhar, clarinete?
-Violino.
-Bom, consigo ver em seus olhos que você é insegura, não sabe como reagir quando alguém te elogia porque pensa que não merece ser elogiada, acha que nunca vai ser boa o suficiente para nada, mas faz os  outros pensarem que você é confiante destemida. Acertei? -pergunta olhando em meus olhos.
-Wow -digo desviando o olhar.
-O quê está achando do meu condado? -diz tentando não rir da minha admiração.
-Ainda não consegui descobrir muita coisa, mas já me perdi umas três vezes. -disse olhando ao redor.
-É muito fácil se perder aqui, mas vou encarregar alguém de lhe mostrar o Palácio.
-Ah não, não precisa se incomodar. -digo rápido, não queria conhecer tudo aquilo, conhecer tudo aquilo significaria que eu estava aceitando isso tudo. Mas no fundo eu ainda esperava que tudo fosse um sonho, e eu iria acordar daqui a pouco.
-Desculpa a pergunta, mas quem era aquele velho grosso que me recebeu na.... -me esforcei para lembrar do nome- sala de reuniões?
-É meu conselheiro real -diz rindo.
-Ah, eu sinto muito... -meu Deus eu não parava de passar vergonha!
-Não, não, ele é extremamente grosso e chato, mas é um ótimo estrategista. -explica- Você viu aquelas olheiras? -pergunta me fazendo rir.
-São maiores que os olhos dele! -exclamo fazendo o rei gargalhar.
Blake vira o corredor e se depara comigo e seu pai rindo como dois idiotas, e um guarda logo atrás fazendo de tudo para segurar a risada. Quando o rei vê seu filho se aproximando no corredor tenta conter a risada, e o guarda fecha completamente a cara novamente assumindo a postura anterior. Eu tento ficar séria, tento.
-Meu filho! Agora entendo tudo o que você falou desta garota, ela é maravilhosa! -diz fazendo minhas bochechas ficarem mais vermelhas que um pimentão.
-Ela consegue fazer amizade até com uma árvore, pai. -diz sorrindo. Olho para ele, não conseguindo conter um leve sorriso. Seu pai fica nos olhando com certa curiosidade.
-Lamento que eu precise ir. -diz levantando a mão para um "toca aqui", eu bato na mão dele e depois faço uma reverência um tanto desajeitada. Ele ri e diz:
-Meu filho quero que você se encarregue de mostrar o resto do Palácio para nossa princesa convidada. -convidada majestade? Eu fui praticamente sequestrada.
-O quê?! -pergunto pasma.
-Pai não acho que Millena....
-Não é um pedido, é uma ordem -ele diz piscando para o Blake como se eu não estivesse vendo.- Se divirtam!
Dizendo isso ele sai acompanhado do guarda e me deixando sozinha com a morte, quer dizer, com o Blake.
-Então, vamos logo, tenho coisas para fazer e quanto antes isso terminar melhor! -assinto e ele suspira- Se não quiser falar comigo, tudo bem, não vou te obrigar a nada, mas seria uma pena se você tivesse uma pergunta importante. Eu gostaria muito de ver quem vence Millena, seu orgulho ou sua curiosidade. Eu aposto na sua curiosidade. -reviro os olhos e o sigo pelo corredor.
Ele me leva à sala do trono, ao ringue de luta, ao mini hospital que eles chamavam de enfermaria, à biblioteca, e paramos um pouco na academia porquê um homem muito lindo, sem camisa e gostoso veio em nossa direção.
-Alteza! -disse dando um leve tapa no braço de Blake, e eu só conseguia pensar no abdômen dele vindo em minha direção- Quem é a gostosa?
-Tirou as palavras da minha boca! -disse sem querer o olhando de cima a baixo, meu Deus o que eu estava dizendo? Nunca falaria isso em sã consciência, mas olhar para àquele corpo tirava qualquer um da consciência! Blake me olhou com cara feia e o homem abriu um sorriso de orelha a orelha.
-Sou Michael -disse estendendo a mão para mim, eu o comprimento.
-Millena -digo com um sorriso.
-Com ele você fala? -pergunta Blake irritado.
-Ele não me enganou só para se tornar meu amigo para depois me trocar por uma coroa! -digo ainda sorrindo para Michael.
-Espera! Você é a Hallen Perdida?! Meu Deus, jurei que você era uma velha rabugenta, não essa gostosa! -diz me fazendo rir e ficar com um pouco de vergonha.
-Obrigada, eu acho! -agradeço o "elogio".
-Millena, precisamos ir! -reclama Blake irritado. Olhei irritada para ele. Será que eu não podia nem conversar agora?!
-Então até mais Millena! Você é maravilhosa! -diz pegando em minha cintura e beijando meu rosto. Fazendo Blake ficar vermelho de raiva.
-Pode me chamar de Milli -digo sorrindo.
-Não pode não! -exclama Blake com raiva, ele pega em meu braço com força, me arrastando para fora da academia.
-Aí! -digo soltando soltando sua mão de meu braço- Você ficou louco?!
-Vamos, precisamos terminar o passeio! -diz começando a me arrastar de novo.
-Não! -digo me soltando dele- Eu cansei! Vou para o quarto!
Ele passa as mãos nos cabelos tentando se acalmar, eu saio andando em direção ao quarto mas paro no final do corredor olhando para os dois lados sem saber para onde ir. Dou meia volta e volto para onde ele está parado.
-Não me lembro do caminho! -digo com raiva por precisar da ajuda dele para voltar, fazendo ele abrir um sorriso no rosto.
-Nós vamos só a mais um lugar, e então eu te levo para o seu quarto. -diz com autoridade, cruzo os braços resistindo à autoridade dele. Mas no final acabo seguindo ele.
Não disse uma palavra durante o caminho à nossa "última parada", não queria dar essa satisfação à ele.
Chegamos em uma sala que me interessou, vários músicos estavam posicionados, e tinha um homem, possivelmente o maestro, para dar a ordem para todos começarem a tocar. E foi o que ele fez, mexeu as mãos dando cada comando. A banda tocava divinamente, desde a flauta doce até o violino, e a percussão era ritmada e impecável. Fiquei olhando maravilhada. Quando eles terminaram eu não pude fazer outra coisa além de aplaudir. Todos olharam em minha direção, cheguei a conclusão de que não devia ter aplaudido. Umas garotas, as da frente, me olharam com nojo. A ruiva que tocava flauta transversal me olhava como se eu fosse um verme. Mas quando viu Blake atrás de mim, sua cara se iluminou, todos da sala levantaram e o reverenciaram. A garota ruiva, e para o meu desgosto muito bonita, se levantou e foi até o Blake.
-Blake, querido, o que faz aqui? Veio me ver tocar? -disse pousando os braços em seu peito. Olhei para o Blake confusa e tentando esconder minha surpresa e o nó que começava  a se formar na minha garganta. O que era isso? Era para eu odiá-lo, não sentir ciúmes dele. Não! Eu não estava sentindo ciúme dele. Só estava... curiosa. É! Isso! Apenas curiosa.
-Não, eu estou apresentando o Palácio para a Millena. -nunca pensei que sentiria falta de como ele me chamava de Milkshake. -E sabia que ela iria adorar visitar a sala de música.
-Por quê? -perguntou olhando para mim- Você toca?
-Sim -ele responde por mim- Ela toca.
-Ah, então por quê não toca um pouco para nós? -perguntou me desafiando.
-Summer... -Blake tentou interromper. Então Summer era o nome da vagabunda? Desculpa! Da moça extremamente insuportável.
-Ah, relaxa, ela é só uma humana idiota, nem deve tocar muito mesmo. -disse com um tom de deboche.
Se eu não fosse eu, até deixaria esse insulto para lá. Mas ela praticamente me desafiou, ela estava duvidando de mim. E eu iria tirar aquele sorriso medonho da cara dela ou não me chamava Millena.
Me afastei deles e peguei um dos violinos, ela me olhou vitoriosa certa de que eu não conseguiria tocar um instrumento tão difícil. Comecei a tocar, e a cada nota o sorriso do Blake aumentava e ela abria um pouco mais a boca, cada um deles, ficaram impressionados com o que uma humana idiota podia fazer, quando terminei alguns até aplaudiram. Summer apenas cruzou os braços, irritada.
-Que lindo! -disse o maestro que também me ouvira tocar- Quem compôs a música?
-Ah relaxa, foi apenas um humano idiota que fez. -pude ver Blake se contorcendo para não rir. Eu apenas saí da sala entregando o violino nas mãos da Summer quando passei pela porta. Blake veio atrás de mim.
-Você os impressionou -disse ele orgulhoso- Calou a boca deles mais rápido que meu pai.
-Não sabia que você tinha namorada. -falei tentando parecer descontraída.
-Summer não é minha namorada -fala olhando para mim, acabo ficando vermelha de vergonha por afirmar algo assim sobre ele e desvio o olhar.
-E ela sabe disso? -pergunto tentando me concentrar em qualquer coisa que não seja os olhos dele em mim.
-Creio que não -diz rindo tornando difícil para mim não rir também.
-Terminamos nosso passeio aqui? -perguntei desviando o rumo da conversa, louca para ficar um pouco sozinha com os meus pensamentos.
-Não, falta nossa última parada. -olho para ele confusa, pensei que essa fosse nossa última parada- Você vai ver.
Ele vai andando rápido e tudo que posso fazer é segui-lo, odiava quando ele fazia esses joguinhos de adivinha, odiava quando qualquer um fazia. Por quê me pedir para adivinhar o que você tem atrás das costas se você pode simplesmente tirar das costas e me mostrar?, e não ficar me perguntando o que você tem atrás das costas? Estão atrás das suas costas! Por quê está perguntando para mim?
-Chegamos! -diz Blake me tirando dos meus pensamentos. Ele está parado em frente à uma porta, esperando eu me aproximar mais. Paro em frente a porta e olho para ele implorando para me explicar. Ele sorri e abre a porta, entro dentro do cômodo, e olho ao redor. Mas quê porra...?

Aaaaah, o que será que tem dentro do cômodo? Blake com ciúmes coisa mais fofa❤
Espero que gostem❤
Gente, postei este capítulo ontem mas como estou na praia (Sou chique) estou vivendo danet da minha vó para postar os capítulos.
Eu até postei  ontem mas deu um problema na net e excluiu. Vou postar o outro agora também. Obrigada❤

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