-Majestade.
-Você. -rainha Crystal me olha com ódio e desprezo, não que eu já não esteja acostumada com esse olhar que ela reserva só para mim- O que está fazendo no quarto do meu filho?
-Ele me pediu para ler um livro enquanto ele ia resolver algumas coisas. -falo casualmente enquanto minha cabeça implora para que eu corra.
-Ele não costuma fazer mais nada durante suas aulas com ele. É um horário quase sagrado para ele desde que você chegou. -ela parece pensativa mas logo seu rosto se ilumina- Vocês dois também brigaram?
-Também? -resolvo ignorar todos os sentidos do meu corpo que me pedem para correr e a provoco, eu morro nas não perco a chance de provocá-la- Você e seu filho tiveram uma briga, majestade?
-Sinceramente não sei o que ele vê em você. Tão sem graça, sem poder. É bonita, tenho que admitir. Mas não chega nem aos pés das celestiais, temos até mesmo plebéias mais bonitas que você. Preferia que meu filho se apaixonasse por uma plebéia.
-Obrigada, são seus olhos! -falo debochada e ela revira os olhos.
-A vida do meu filho seria melhor sem você nela. -ela diz em um tom acusador se aproximando.
-Eu sei. -falo com pesar. Ela conseguiu me atingir.
-Então se eu te ajudasse a voltar para a Terra e viver uma vida normal e humana, você sumiria da vida do meu filho para sempre? -ela propõe se aproximando mais. Por um momento penso nisso. Uma vida humana, normal. Embora eu duvide que minha vida volte a ser normal um dia. Eu nunca mais vou ser normal, quem dirá minha vida.
-Eu até aceitaria, se conseguisse ficar longe do seu filho, majestade. Mas, eu não consigo. Nem da Maya, ou da pequena Sarah, do Noah ou do Ben. Eles são minha família agora. -falo sendo sincera, tentando convencê-la de que eu não sou uma ameaça.
-Então não tem outro jeito. -ela se aproxima com uma cara assustadora e eu recuo até dar com as costas na bancada- Eu tentei lhe ajudar, humana boba! Mas eu preciso de você longe do Blake, você levará meu filho à ruína. E a única forma de lhe impedir, é matar você.
Tento fugir, mas as mãos dela começam a soltar fogo e eu volto para o meu lugar. Ela vem para cima de mim cada vez mais perto. Há fogo nos olhos da rainha, eu consigo sentir o calor. Eu tento lutar. Tento golpea-lá. Consigo bloquear dois de seus movimentos e derrubá-la no chão. Começo a correr para porta mas antes que eu saia ela me derruba no chão. Ela se levanta e o fogo de uma de suas mãos apaga, ela me pega pelo pescoço, me levantando do chão, fechando minha garganta e me deixando sem ar. Tento gritar, implorar para que ela pare, mas ela aperta forte demais para que eu consiga sequer dizer uma sílaba. Meu corpo queima, mas não por fora, por dentro; sinto cada órgão do meu corpo queimar e se desintegrar em cinzas. Eu me debato em suas mãos, lutando pela minha vida. Penso em Blake, Maya, Jason, Shade, pequena Sarah, Noah, Marta. Tudo começa a ficar escuro, começo a me entregar para escuridão. Ouço o som da porta se abrindo, mas não tenho certeza, acho que estou tendo alucinações. Sinto a pressão na minha garganta se aliviar e meus pulmões voltarem a receber ar. Sou jogada no chão e meus braços servem de amortecedores para a queda. Minha garganta queima, meus pulmões ainda queimam, mas numa intensidade menor, a dor passando um pouco a cada segundo. Puxo todo ar que consigo, usando toda a minha força, trago ar aos meus pulmões novamente. Não consigo me levantar, meus ossos doem demais para isso. Ouço gritos mas eles são abafados pela dor. Meu olhos imploram para que eu os feche, minha cabeça implora por um descanso, uma pausa, só cinco minutinhos. Não posso, tenho medo de fechar os olhos e não conseguir mais abri-los. Tenho uma crise de tosse e meus pulmões e garganta ardem a cada tosse. Sinto uma mão pousar em minha nuca e eu me debato com medo de ser a rainha. Mas logo alguém me acalma e me pega no colo, me aninhando em seus braços fortes.
-Queima. -é a única coisa que sai da minha garganta. Minha voz sai tão rouca e enfraquecida que se não fosse pela dor alucinante não acreditaria que foram pronunciadas por mim.
-Eu sei, eu sei. -Blake fala baixo em meu ouvido enquanto me coloca sobre uma cama. Meu Deus. Blake!
Tento me levantar, provar que sou mais forte que toda essa dor, mas nem um músculo meu se mexe. Outra crise de tosse, o que torna a dor ainda pior.
-Blake... -eu tento falar e outra crise de tosse começa- Eu... sinto muito.
É tudo que eu consigo falar antes de começar a me entregar a escuridão.
-Descanse, Millena. -ele toca em meus cabelos, talvez para me encorajar.
E então eu me entrego, me entrego à escuridão, dessa vez sem medo.
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A Hallen Perdida
Fiksi RemajaComo você lida com uma mentira? Seria capaz de perdoar uma mentira vinda da pessoa que você mais ama? Mas o quê você faria se descobrisse que toda sua vida não passou de uma mentira?