Capítulo 13

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-Millena?! O quê faz aqui? -Maya pergunta confusa em cima da cama olhando para mim e para o Mr. Marshall repetidamente.
Por quê isso sempre acontecia comigo?! O que eu fiz para merecer isso Deus?!
-Eu....E-Eu -gaguejo- Eu estava.... Blake e..... outro Blake que não era o Blake e...... Eu estou indo! -digo enfim me dirigindo a porta, saio do quarto e ouço Blake(ou o outro Blake) chamando meu nome, corro para o quarto de novo trancando a porta e me apoiando nela, Mr. Marshall e Maya estão na mesma posição de quando eu saí, com Marshall tentando inultilmente não rir.
-Podemos conversar? -pergunta Maya se levantando enrolada no lençol que antes cobria os dois, mas Maya não se tocou que só havia um lençol, deixando Marshall completamente..... descoberto.
-Eu... Eu acho que agora não é uma boa hora! -digo tentando não rir da cara assustada de Marshall. Maya segue meu olhar e se assusta jogando o lençol em cima dele, ficando completamente..... descoberta!
-Por favor, deixa eu explicar como tudo aconteceu? -pergunta ela chorosa.
-Acho que essa é a minha deixa! -diz Marshall se levantando com o lençol enrolado na cintura.
-Te aconselho a levar sua roupa -debocho olhando para ele tentando não rir- Você vai precisar, Mr. Marshall!
-Me chama de Harry! -ele exclama pegando a roupa do chão- Vai ser menos contrangedor!
-Nada vai tornar esse momento menos constrangedor, Harry! -disse rindo.
-Tchau amor! -diz indo até a Maya e dando um selinho nela, depois sai andando em direção a porta ainda com o lençol amarrado na cintura.
-Amor, acho que era melhor você primeiro..... -ela diz mas é interrompida por dois gritos, os de Harry e os de Blake- Vestir a roupa -termina fraco tentando não rir.
-Harry, a Millena está aí? -ouço Blake perguntar, e fecho os olhos esperando a resposta de Marshall.
-Não quero falar sobre isso! -ouço Marshall respondendo e depois passos ecoando pelo corredor. Olho para Maya e começamos a rir como retardadas.
-Pode me esperar um pouco aqui? -pergunto quando terminamos de rir- E acho que era melhor você também se vestir!
-Fala como se nunca tivesse me visto pelada! -diz rindo e pegando suas roupas do chão, ela pega primeiro a blusa e vê que está rasgada e solta um "droga, de novo?! Eu adorava essa blusa!" bem baixinho me fazendo soltar uma gargalhada.
Saio do quarto e Blake está na frente da porta com medo de entrar.
-Eu lhe aconselharia a não entrar, Alteza, são cenas fortes! -digo rindo, mas ele continua sério.
-Precisamos conversar! -diz se aproximando e eu me afasto.
-Conversar sobre o quê? -me faço de desentendida, sei que ele havia ouvido o que eu tinha dito ao seu... irmão gêmeo? É, fazia sentido!
-Você sabe sobre o quê! -ele afirma cruzando os braços.
-Não, não sei! -insisto cruzando os braços também fazendo ele revirar os olhos- A Maya está me esperando, com ela eu preciso conversar.
Digo e entro no quarto deixando ele sozinho no corredor.
Maya está sentada na cama me esperando, quando me vê bate de leve na cama indicando que eu me sente na cama com ela.
-Então... -digo quebrando o silêncio- Mr. Marshall?
-O Harry é..... complicado! -diz rindo- Eu não podia te contar, ninguém sabe além do Blake, Harry é um obscuro, um fugitivo, ele nos dá informações importantes sobre os obscuros e nós o protegemos, o que não impede que todos odeiem ele por ser um obscuro! Eu sou prima do Blake, uma descendente Wright, pertenço à linhagem das sete famílias! Não posso sequer ficar com um plebeu! Imagina ficar com um obscuro! -ela diz parecendo desesperada- Para eles pior que isso só se envolver com um humano! -ela complementa com nojo.
-Por quê todos odeiam tanto os humanos por aqui? -pergunto com o mesmo nojo na voz.
-Eu não faço a mínima ideia! Até porquê todos menos as sete famílias eram humanos antes da criação das dimensões! -ela exclama desacreditada.
-Como assim?! -perguntei, agora aquela história estava ficando boa! Lembrete: Jogar na cara daquela velha que seus ancestrais eram os humanos que ela tanto odiava! Anotado!
-Aquela senhora, escolhida para ser sua professora não te ensinou a história das dimensões?! -ela perguntou confusa.
-Digamos que ela não tem senso de humor! -falo fazendo-a rir.
-Então, vou te explicar tudo! Está preparada? -assinto- Pois bem! Há muito tempo, em uma Villa antiga....
-Aaaaaaaah! De novo, não! -resmungo a interrompendo.
-Posso continuar? Uma hora ou outra você vai ter que ouvir essa história, você prefere que eu, ou um velho que gospe quando fala a conte para você? -assinto e ela continua- Em uma Villa antiga, afastada do resto da população, oito famílias dominavam a Villa, Os Hallen, os Wright, os Walker, os Handers, os Callahan, os Lee, e os Lashen, eles eram....
-Espera! -a interrompo- Como consegue lembrar de todos esses nomes? E por quê essas famílias eram tão importantes? E por quê você falou que era descendente das sete famílias se na sua história existem oito famílias?
-Se você me deixasse terminar a historia descobriria! -diz com aquele jeito impaciente de sempre.
-Vá em frente! -digo fazendo sinal com a mão para ela continuar.
-Okay! Onde eu estava? -ela pergunta a si mesma batendo com o indicador no queixo- Ah, lembrei! Eles eram as famílias superiores porque eram os únicos capazes de gerar gêmeos, o que era muito raro na época, mas além disso, os gêmeos possuíam um tipo de magia mística, cada família tinha um poder, que era herdado de geração em geração. Os gêmeos também possuíam uma ligação, como diz a lenda, eles podiam se comunicar com a força do pensamento, quase uma ligação pscifica! -ela parou um pouco para tomar fôlego- Cada família comandava sua parte da aldeia. Perto do falecimento do pai, os gêmeos disputavam para ver quem era o gêmeo mais forte, o vencedor da disputa governaria sua parte da Villa e seu irmão gêmeo seria seu braço direito, ou o que o irmão gêmeo mais forte decidisse, foi assim por centenas de anos. Os humanos que viviam na Villa obedeciam as oito famílias, como escravo e mestre. Não iam embora por medo, e por não ter para onde ir, já que a tal aldeia era afastada de tudo, os poucos que tentaram sair da aldeia foram trazidos mortos pela correnteza dos rios. Johan e John Hallen, Jack e James Wright, Morgan e Melinda Walker, Kenzie e Kimberly Handers, Thomas e Norman Callahan, Gregory e Astrid Lee e, por fim, Robert e Richard Lashen. Descendentes como outros quaisquer, haviam crescido juntos e acabaram criando uma amizade muito forte. Em uma noite qualquer, igual a todas em que se encontravam e sentavam em volta de uma fogueira, eles estavam conversando sobre coisas banais, até que James Wright disse que seria melhor acabar com os humanos, que eles eram desnecessários, que seria muito melhor se fossem extintos da Villa, John Hallen discordou totalmente, pois sabia que o irmão do mesmo havia se apaixonado por uma humana, mas não contara ao irmão por conta de sua aversão aos humanos. Jonan Hallen concordou com  James, e assim os irmãos foram se dividindo um por um, oito para um lado e oito para o outro, nehum irmão ficou do mesmo lado. A raiva e a rivalidade foi crescendo entre eles, criando um ódio impossível de se ignorar. Nesse mesmo ano, na disputa para decidir quem seria o gêmeo mais forte. James e Jack Wright se enfrentaram frente a frente, mas James tinha uma carta na manga, Catharina, amada de Jack, ele a usou contra ele na disputa. Com a vida de sua amada em perigo e a raiva que sentia por seu irmão pulsando em seu sangue, ele uniu todo o seu poder roubando cada poder de cada uma das oito famílias, James, com medo e raiva da reação do irmão reuniu os gêmeos que estavam ao seu lado para destruir o irmão, os gêmeos que estavam ao lado de Jack fizeram o mesmo, todos atacaram ao mesmo tempo, causando uma explosão de poderes tão grande que foi capaz de criar duas dimensões opostas, a dimensão celestial e a dimensão obscura. Cada gêmeo foi para uma dimensão, criando um efeito espelho nas dimensões, mas Robert e Richard Lashen não sobreviveram a explosão, seus corpos nunca mais foram encontrados. A explosão afetou todos os gêmeos que estavam ao lado de James, o ódio e a maldade permaneceu dentro deles. Mas a explosão não afetou só os gêmeos,  os humanos desenvolveram seus próprios poderes, porém suas linhagens continuaram incapazes de gerar gêmeos. A rivalidade entre a dimensão celestial e a dimensão obscura continua até hoje, em uma briga sem fim. -termina de falar ofegante.
-Ainda não entendi onde eu entro nessa história! -digo tentando processar tudo que ela havia me contado.
-Ah, é eu esqueci! A lenda da Hallen Perdida! -ela diz e começa de novo- Há muito tempo atrás....
-Pode ir direto ao ponto? -perguntei cansada e ouvir essas historinhas para dormir.
-Sua ancestral -ela continuou revirando os olhos- Uma, de suas ancestrais, gerou uma humana, alguns dizem que ela teve um caso com algum humano ou algo assim. Bem, por medo de perder a filha, a manteve escondida por anos na Terra, mas quando Sarah, sua ancestral, completou seus 18 anos, ela gerou uma explosão igualzinha a que os gêmeos geraram milênios atrás,  ela massacrou milhares de humanos, estava descontrolada, por tanto, celestiais capturaram ela para fazer experiências com ela, mas quando ela acordou do coma em que ela tinha entrado por conta da explosão, ela tinha todos os poderes de todos os celestiais, não como o Blake que consegue.... pegar os poderes temporariamente, ela tinha os poderes permanentemente! Ela ficou furiosa e matou todos os celestiais que haviam feito experiências com ela. Um dos herdeiros Wright a capturou e a prendeu aqui em KingsCounty, ele viu luz nela quando todos só viam trevas e os dois acabaram se apaixonando -ela diz de uma forma apaixonada o que me faz revirar os olhos- Vincent Wright a soltou e ela passou a não ser mais uma prisioneira, mas ainda muitos a odiavam pelas mortes que ela havia causado, alguns obscuros que ouviram a lenda, tiveram a grande ideia de capturar o Vincent, e então usar ele para ter a Sarah em seu lado, e foi isso que aconteceu, ela concordou em servir aos obscuros em troca da vida de seu amado, por tanto, obscuros são obscuros, e mataram Vincent assim que conseguiram o que queriam, mas o que os obscuros e Sarah não sabiam é que Sarah carregava um filho de Vincent, Sarah, devastada pela morte de seu amado e sem saber que estava grávida do mesmo, se matou certa de que não poderia viver sem seu amado, um amigo fiel a encontrou quase morta e percebeu que ela estava grávida, então salvou o bebê, ele era irmão do Vincent e conseguia pegar o poder das pessoas assim como Blake, ele então usou seus poderes junto com os de Sarah e transferiu o bebê para a barriga da irmã de Sarah, que nem a conhecia direito. Infelizmente, ele não conseguiu salvar Sarah, a pequena menininha nasceu forte e saudável e a irmã de Sarah a criou com amor e carinho em QueensCounty, mas Sarah, se juntou ao seu amado na eternidade.
-Que burra! Ao invés de viver com a filha, ter a chance de educa-lá. Ela se matou por um cara?! -perguntei pasma, como minha ancestral era burra, eu nunca me mataria por um homem!
-Ela se matou por não conseguir viver sem o amor da sua vida, a ela não sabia que estava grávida! -ela diz indignada com a minha "falta de romantismo".
-Mesmo assim! Por quê se matar por ele?! Se ela fosse esperta ela poderia ter vivido o suficiente para ver sua filha crescer! Para ter netos! -digo indgnada com a burrice da minha ancestral- Mas enfim, ainda não entendi o por quê de eu ser tão importante!
-Você nasceu humana! E nem é porquê sua mãe teve um caso com um humano, sua mãe é uma obscura! Não fazemos a mínima ideia do que você vai se tornar quando fizer 18 anos, e nem o estrago que vai fazer. Sua mãe é a mais poderosa dos obscuros, e seu pai que também é um Hallen, era um dos mais poderosos também! -ela diz parecendo preocupada.
-Era? -perguntei confusa.
-Quando você e seu irmão nasceram, sua mãe estava completamente sedada. Você nasceu primeiro e quando seu pai viu que era uma humana, seu pai pediu para que um amigo a entregasse para uma humana para lhe proteger e encontrasse um bebê morto para enganar sua mãe, seu irmão nasceu e quando sua mãe acordou, seu pai disse que você havia morrido e lhe entregou o bebê morto que fora roubado. Antes disso seu pai e sua mãe já haviam tido um filho, e depois de você e de seu irmão também tiveram mais um, a pequena Sarah, sua mãe descobriu que você estava viva, então matou seu pai por mentir para ela e queria encontrar você para usá-la contra a dimensão celestial. Seus irmão foram trazidos para cá, e criados por seus tios -diz com compaixão na voz- E sua mãe, foi detida e presa, não sei onde, ninguém sabe direito, é para segurança de todos, sua mãe é muito perigosa.
-Então... -digo um pouco triste por ser tecnicamente órfão, e ter uma mãe maluca que queria me usar para destruir uma dimensão inteira- Reunião em família nem pensar?
-Como consegue fazer piada com o que acabei de te contar? -ela pergunta rindo.
-Maya, pode me levar para conhecer meus irmãos? -pergunto e ela sorri.
-É claro que sim, Millena! Que bom que quer conhecê-los! A pequena Sarah quer muito conhecer você! -ela diz animada se levantando e me levando em direção a porta.
-Antes! -pergunto a parando- Se não se imprta que eu pergunte, qual é seu poder?
-Vem comigo! -ela pega em meu braço e me arrasta para a janela, e se senta me chamando para sentar-me junto com ela.
Ela me olhou sorrindo e depois olhou para as plantas que estavam na janelas, haviam três vasos, dois com flores lindas e um vazio. Ela pegou o vaso vazio e jogou pela janela, depois colocou a cabeça para fora olhando para baixo, fechou os olhos e faz um movimento com as mãos. Coloquei a cabeça para fora da janela para ver o que ela estava fazendo mas quase fui atingida pelo galho de uma árvore que ia crescendo e crescendo ao comando da Maya. Era uma árvore enorme e linda. Saí da janela assustada e ela riu da minha reação.
-Achei que cada família tinha apenas um poder! -exclamei ainda assustada.
-E tem, mas alguns celestiais puxam o poder tanto da mãe, quanto do pai. E existem celestiais que desenvolvem seu próprio poder, que é o meu caso. Este é meu único poder permanente, o resto preciso pegar dos outros.
-Wow! -digo maravilhada a fazendo rir.
-Millena -ela fala assumindo uma expressão séria no rosto- Me desculpa por mentir por você, fiquei sabendo de todo esse mundo a alguns meses, não sabia o que eu era e muito menos o que você era! Espero que um dia me perdoe -ela fala abaixando a cabeça ameaçando chorar.
-Não ouse chorar! Sabe que quando eu vejo você chorar começo a chorar também -digo com voz de choro- E você sabe melhor que ninguém que eu sou incapaz de ficar brava com você!
Ela me olha esperançosa e me abraça. Ficamos abraçadas e chorando como duas crianças por algum tempo.
Mas depois secamos as lágrimas e ela me leva para conhecer meus irmãos.
Ela entra em uma sala e eu a sigo, percebo que estamos na academia em que o Blake havia me levado. Maya me olha e aponta para um ringue de luta onde dois homens estavam lutando, logo atrás havia uma menininha em cima dos ombros de um homem, os dois gritam "Noah! Noah!", enquanto a pequenininha socava as mãos no ar. Comecei a rir da cena, eles pareciam muito felizes, seriam eles mais irmãos? Um dos homens que estavam lutando deu um golpe certeiro, fazendo seu adversário cair no chão. O homem e a menininha explodiram em alegria e palmas, gritavam de alegria pelo homem vencedor. O homem que venceu sorria como nunca olhando para eles, mas parou de sorrir e olhou para frente, uma coisa fervilhou dentro de mim, uma coisa quente preencheu uma parte de meu coração que até agora eu não sabia que estava vazia. O homem direcionou seu olhar a mim, sério, saiu do ringue vindo em minha direção com passos anciosos e apressados, senti vontade de correr na direção dele mas me contive, só esperei para ver o que viria a seguir. Ele se aproximou de mim ficando cara a cara comigo, ficou me encarando por um longo tempo, depois me pegou pela cintura me levantando no ar e  me abraçando com força. Levei segundos para retribuir o abraço por conta do susto. Era como se eu tivesse esperado por esse abraço minha vida inteira, o que estava acontecendo comigo?! Percebi que estava chorando quando afastei um pouco minha cabeça do ombro do homem e e manga de sua camisa estava encharcada, assim como meus olhos.
"Prazer em te conhecer, irmãzinha!" -ele sussurra em minha cabeça.
Me afasto assustada e sussurro:
-Como?
-Tenta -ele pede, percebo que também está chorando- É como tentar mandar uma mensagem pela sua mente, é quase um instinto!
Olhos em seus olhos e penso: "Também é um grande prazer te conhecer, irmãozinho!"
"Parabéns" -ele diz em meus pensamentos.
"Eu consegui?! -ele assente- "Meu Deus, eu consegui!
Ele ri pela minha animação e me abraça novamente.
-Millena -digo dessa vez em voz alta estendendo minha mão para ele.
-Noah -ele diz pegando minha mão e me puxando para mais um abraço- Vem! -ele diz desfazendo o abraço e me puxando pela mão até o homem e a menininha- Vou te apresentar nossos irmãos!
Paramos em frente do homem e da menininha que já não estava mais em seus ombros. Quando a menininha me viu, ela abriu um sorriso enorme e se jogou em meus braços, segurei ela atrapalhada pelo susto, mas graças à Deus a menininha não caiu no chão. Abracei ela bem forte, mas não se comparou ao abraço dela que quase me sufocou.
-Ouvi muito falar sobre você -ela diz se afastando um pouco para me olhar- Você é bem mais bonita do que o Blake descreveu!
-O quê?! -pergunto rindo.
-Nada! -exclama Noah parecendo quase desesperado.
-Me chamo Sarah, você é Millena, não é? -ela diz com um sorriso contagiante e com um brilho infantil no olhar.
-Sarah? Que nome lindo! -digo digo colocando em pé em cima de um banco para que ficasse da minha altura- Mas pode me chamar de Milli, okay? -ela assente- E quantos anos você tem, Sarah?
-Tenho 6, vou fazer 7 em breve, já Sou quase uma adulta! -diz animada.
-Claro que é! -digo rindo- Você é fofa demais!
-Eu sei! Ben faz questão de me dizer todo dia! -ela diz cruzando os braços e estreitando os olhos para o homem que a segurava nos ombros, só agora que percebi, ele era lindo demais! Meu Deus, abençoa! Que homem!
-Ben? -pergunto olhando para ele.
-Sim! Sou o mais velho então trate de me obedecer! -ele diz num tom brincalhão, senti minhas bochechas queimarem a vergonha.
-Mais velho? -pergunto com medo da resposta.
-Ben é nosso irmão mais velho, Milli! -diz Noah com animação. Eu me odeio. Eu vou me matar! É a única solução para não passar mais vergonha nessa vida, senhor!
-Ah! Muito prazer! -digo envergonhada.
-É um prazer te conhecer! -diz sério.
-Millena, você por aqui?! -pergunta o amigo de Blake que havia me ajudado em minha primeira noite aqui, qual era mesmo o nome dele?- Ethan, lembra?
-Ethan! Sim, eu estava conhecendo minha família -digo apontando para os três e virando a tempo de ver Noah abrir o maior sorriso que eu já vi quando referi eles como minha família.
-Que bom que está se adaptando! -diz se afastando quando ouviu alguém chamar seu nome- Espero te ver mais vezes por aí!
-Ele está afim de você -diz Noah quando Ethan já está longe o suficiente para não ouvir.
-Não está, não! -exclamo ficando vermelha de vergonha.
-Você fica fofa e a cara da Sarah quando fica com vergonha! -ele diz com uma voz melancólica. Sarah abre o maior sorriso do mundo quando ouve ser comparada a mim. Eu ficaria ofendida se alguém me comparasse comigo! Aquela minininha era milhões de vezes mais linda que eu!
-Mill, você quer brincar comigo?! -ela pergunta com uma cada muito fofa, como eu diria não para isso? Eu adoraria brincar com ela, eu amo brincar com crianças!
-Mas é óbvio! -digo mais animada que ela- Mas aí tal se nossos irmãos brincassem com a gente?
-Siiiimm! -ela grita muito animada.
-Nãooooo! -rebate Ben.
-Vai irmão mais velho, vai ser legal! -digo dando um soco de leva em seu ombro e ele olha sério para mim, algo me diz que ele não gosta de mim.
-Eu não brinco! -ele insiste.
-Diz isso para o senhor Panqueca! -grita Sarah parecendo com raiva, ela fica muito fofa com raiva, meu Deus!
-Olha eu já pedi desculpa! E já me redimi com a senhora Panqueca e o Panqueca Júnior! -ele diz fazendo eu e Noah gargalhar.
-O quê me diz, irmãozinho? -pergunto olhando para o Noah.
-Eu topo, pique-esconde? -ele sugere animado.
-Sim! Mas, espera! Vou chamar Josh e Tommy para brincar também! -ela diz animada e sai correndo em disparada.
-Noah, vá atrás dela, nos encontramos na biblioteca -ele pede e Noah o olha confuso- Preciso ter uma conversinha com a Millena.
Noah assente sai atrás de Sarah, Ben segue em frente a faz sinal para que eu o acompanhe. Andamos em silêncio até chegarmos na biblioteca. Ele para encostado em um mesa e olha para mim com ódio.
-Você tem algum problema comigo? -pergunto assumindo uma postura séria.
-Sim, muitos! -ele diz ainda com raiva.
-O quê eu te fiz? -pergunto sem entender.
-Sabe o quanto Noah ficou magoado quando você disse que nós não éramos sua família? Sabe como é ouvir isso da própria irmã que você esperou anos para conhecer? -pergunta irritado- Não vou deixar que machuque eles de novo!
-Desculpa! Não era minha intenção machucar vocês! -digo arrependida de ter dito aquilo quando Blake me apresentou minha "nova família", mas me arrepender não ia tirar as palavras da minha boca.
-Pois você machucou! -ele diz ainda irritado.
-Sabe quantas pessoas eu perdi? Quanta coisa tive que deixar para trás? Eu tinha uma mãe que eu achava que me amava, e de uma hora para outra eu descobri que tudo o que ela me dizia era mentira! Então me desculpa se eu não abracei vocês calorosamente e disse palavras de amor! Eu perdi amigos! E a única família que eu tinha! -digo quase chorando de novo. Que droga! Por quê eu tinha que chorar por tudo?! Eu não ia chorar, não na frente dele!
-Eu só não quero que eles se machuquem -diz com compaixão na voz.
Noah entra na biblioteca com Sarah e mais dois menininhos que deviam ter a idade de Sarah, vi de longe que eles também eram gêmeos. Eles eram muito fofos! Quando eu era criança eu parecia uma batata! Essas crianças acabam com a minha auto-estima!
-Millena, esses são Joshua, mas o chamamos de Josh-ele aponta para o menino usando uma camiseta jeans (se veste melhor que eu)- E esse é o Thomas, mas todos chamam ela de Tommy! -diz apontando para o outro que tinha um topete super estiloso na cabeça.
-Muito prazer meninos! Podem me chamar de Milli! -Eu digo me aproximando a estendendo mão para eles apeetarem, mas os dois me abraçaram com força o que me pegou de surpresa. Os abracei de volta, amei aqueles meninos!- Vamos? -pergunto sorrindo.
-Vamos! Mas deixando claro! Os perdedores vão ter que dar a sobremesa do jantar ao vencedor! -diz Josh fazendo todos rirem- Milli é nova na brincadeira, então ela começa pegando!
Dito isso todos saiem correndo me deixando igual a uma sonsa no meio da biblioteca, eu tinha que correr atrás deles certo? Comecei a correr certa de que estava perdendo, ouvi as risadas dos gêmeos e fui atrás deles, corri pelos corredores e ouvi uma porta sendo batida, corri mais rápido para alcançá-los. Ela entra em um quarto qualquer para procurar os meninos, ela olha em volta, o quarto é enorme, os meninos podiam ter se escondido em qualquer lugar, não encontro nada, então resolvo sair do quarto e ir procurar em outro lugar, mas acabo esbarrando em alguém que acaba de entrar.
-Blake? -pergunto quando encontro seus ohos.
-Millena? O que faz aqui?! -ele pergunta confuso.
-Olha eu sei que esse castelo é seu mas não precisa me proibir de andar por ele -respondi enquanto olhava para os lados ainda procurando os meninos.
-Esse é o meu quarto -ele diz tentando nao rir.
-O quê? Ah eles me pagam! -digo me referindo aos meninos.
-Millena o que você está fazendo... -ele me pergunta e então eu ouço o som de risadinhas.
-Shhh! -o interrompo -Escuta! -eu sussurro.
-O quê? Por quê? -pergunta ele completamente confuso, se ele continuasse falando alto eu ia dar um chute nas joias reais dele de novo.
-Shhhhh! - o interrompo novamente colocando meu dedo indicador em seus lábios, o que faz ele congelar.
-Sabe voar? -pergunto em um sussurro tentando a sorte.
-O quê?! -ele pergunta sussurrando também.
-Perguntei se você sabe voar! -sussurro impaciente.
-Por quê eu saberia voar? -ele pergunta novamente sussurrando, nós dois parecia no dois idiotas conversando entre sussurros.
-Sei lá! Não roubou o poder de algum cara que sabe voar para salvar um gatinho de uma árvore para uma velhinha desesperada? -pergunto.
-Pior que sim! Mas não foi um gato! Foi a sua irmã que tentou se esconder em cima e uma árvore e não conseguiu mais descer! -ele diz se achando muito heróico.
-Ainda não me respondeu se pode voar! -falo revirando os olhos.
-Posso flutuar -ele diz dando de ombros.
-É a mesma coisa! -exclamo indignada.
-Não, não... Tá é a mesma coisa! -ele se rende e eu faço uma cara triunfante.
-Mas por quê isso agora? -ele pergunta.
-Me leva pra sua cama....Quero dizer me coloca na sua cama...Não! Só flutua comigo até a sua cama. E não pergunta o por quê -digo assim que vejo um "por quê?" se formando em seus lábios.
Ele assente engolindo em seco. Pega forte em minha cintura e flutua comigo até sua cama, sem fazer barulho, me afasto dele assim que pousamos na cama e ele fica me encarando.
-Millena eu... -ele diz dessa vez em voz alta.
-Shhh... Eles estão aqui! -O interrompo de novo
Vou me esgueirando até a beirada da cama e coloco a cabeça para embaixo da cama, vejo duas criaturinhas muito todas escondidas, um tampando a boca do outro.
-Peguei vocês! -grito os assustando.
Eles saem de debaixo da cama correndo em disparada para tentar fugir, mas pulo da cama correndo e consigo alcançá-los, começo a fazer cócegas neles.
-Blake! -gritou Josh- Ajuda a gente.
-Ahn, eu... -disse Blake indeciso.
-Blake -gritou Tommy pedindo por ajuda
Blake pulou da cama vindo em minha direção, pegou em minha cintura por trás e começou a fazer cócegas em mim, logo os meninos se juntaram a ele fazendo cócegas em mim. Eu só sabia rir e pedir para que paracem, e eles só sabiam rir da minha cara.
-Parem! -peço entre as gargalhadas- Blake... Por favor!
Os meninos empurram o Blake e fogem, fazendo Blake cair em cima de mim. Fiquei paralisada, aqueles olhos azuis em cima dos meus, me deixando sem reação e sem fôlego. É quase como se eu estivesse hipnotizada, saí do transe e tirei ele de cima de mim com um empurrão fazendo ele cair do meu lado.
-Millena eu... -ele diz enquanto eu me levanto rápido e vou em direção à porta.
-Desculpa tenho que ir atrás deles! -digo já saindo do quarto mas ele segura meu braço.
-Millena! -ele diz novamente olhando em meus olhos, mas dessa vez consigo desviar.
-É sério, se eu não pegá-los vou ter que dar minha sobremesa para eles e eu estou morrendo de fome! -digo me soltando. Saio correndo na direção dos meninos.

Corro como a minha vida dependesse disso e quando já estava quase morrendo de tão cansada consigo ouvir a voz do Ben de longe. Vou andando na direção da voz dele, vejo ele no final do corredor olhando para os lados e conversando com um guarda, vou de fininho por trás dele e mexo os braços pedindo ao guarda que não falasse a ele que eu estava ali, ele deve ter achado que eu era uma retardada e estava com medo de mim pois não disse nada. Pulei nas costas de Ben dando um susto nele.
-Te peguei! -grito em seu ouvido.
Ela tenta se soltar mas eu me seguro muito forte nele, olho para frente e vejo que o guarda já está do outro lado do corredor correndo desesperado. Me solto das costas de Ben e começo a rir feito uma maluca, vejo que ele tenta segurar a risada mas acaba rindo também. Ele explica que agora somos um tipo de dupla e temos que pegar os outros juntos.
Saímos correndo para procurar os outros, parando algumas vezes para eu poder recuperar o fôlego e ele para reclamar que eu era sedentária demais. Achamos os outros em um campo muito grande e pegamos quase todos, só o Tommy que ainda não havia sido pego e tentávamos pegá-lo. Vi pelo canto do olho Ben sentado em um banco que havia por perto e fui até ele deixando os outros correrem atrás do Tommy.
-Hey! Não fica magoado é só um jogo! -digo me sentando ao lado dele. A única forma de vencer o jogo depois de ser pego era pegando o último jogador, mas ele não parecia muito interessado nisso.
-Eles gostaram muito de você! -diz paracendo preocupado- Eu só não quero que eles se machuquem!
-Hey! -disse colocando minha mão em seu ombro o fazendo olhar para mim- Eu não sei como, mas vocês três, fazem parte de mim agora, eu nunca machucaria vocês!
-Argh -ele grita frustado e com raiva se levantando.
-O que foi?! -pergunta me levantando também.
-Eu não consigo odiar você! -diz indignado consigo mesmo me fazendo sorrir- Eu tento! Mas toda vez que você sorri com esses dentes perfeitos eu não consigo não sorrir!
-Usei aparelho quando era pequena! -digo isso sorrindo como uma criança mostrando para mãe que escovou os dentes o que o faz rir.
-Tá vendo?! -ele pergunta frustrado.
-Awn! Vem cá maninho! -digo o chamando para um abraço.
Enlaço minhas mãos em sua cintura, ele demora um pouco para corresponder ao abraço mas logo pousa seu queixo em minha cabeça e me ouça mais para perto.
-Sonhei várias noites com esse abraço, irmãzinha! -ele diz em meu ouvido.
-Ganhei! -ouço Tommy gritar, me desvencilho de Ben para olhar o que havia acontecido, todos estavam caídos no chão e ele estava fazendo uma dancinha da vitória muito fofa! Comecei a rir da cena e Ben me acompanhou, ajudamos os outros a se levantarem.
Depois de descansar e conversar um pouco cada um foi para o seu quarto para "se arrumar para o jantar", não sei para quê isso. Era só um jantar! E  eu ia jantar confortávelmente na cama do meu quarto. Depois eu pediria as meninas para entregarem minha sobremesa no quarto de Tommy.
Fui para o meu quarto e as meninas não estavam lá ainda, peguei um livro da minha estante e comecei a ler.
Ouço uma batida na porta e me levanto para atender, tropeço quando vou descer as pequenas escadinhas que levam a porta do meu quarto, quase caindo e me permito rir de mim mesma. Me recomponho ainda rindo um pouco e abro a porta. Meu sorriso desaparece do rosto quando vejo Blake em frente à minha porta. Ele estende a mão para que eu a pegue a pergunta olhando em meus olhos:
-Me acompanha?

Capítulo bem grande para vocês, um presentinho de ano novo❤
Nós completamos 100 leituras! Amo vocês demais❤❤❤❤❤❤❤❤❤
Muito obrigada por tudo e espero que 2018 seja o melhor ano da vida de vocês❤❤
Não tenho previsão de volta, mas é logo prometo❤
Muito obrigado por tudo e Feliz Ano Novo para vocês❤❤❤❤❤❤

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