Capítulo 29

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Me jogo de costas no tatame ao lado do Blake, ofegante e exausta de mais uma luta.
Ele luta muito bem, nunca duvidei disso. Mas eu derrotei ele duas vezes, o que é muito para alguém que acabou de começar a lutar. Bom, Blake me ensinou tudo que eu sei, seria quase impossível derrotá-lo já que ele conhece cada movimento meu. Ainda ofegante olho para ele que está sorrindo e olhando para cima, ofegante também. Ele olha para mim com orgulho, como um professor orgulhoso de seu aluno.
-Nada mal. -ele fala se levantando e estendendo a mão para mim.
-Eu tive um bom professor. -digo segurando a mão dele. Ele me ajuda a levantar e começa a recolher as espadas e outras armas que usamos espalhadas pelo chão.
-Você está um pouco fora de forma, ficou muito tempo sem treinar. Precisamos mudar isso, então, vamos ter uma corrida matinal toda manhã antes de você começar suas aulas. -ele diz sem olhar pra mim, ainda ocupado com as armas.
-Está brincando, não é? Eu não consigo correr 10 metros sem quase morrer de asfixia! Acha mesmo que eu vou conseguir correr pelo Palácio como um maratonista?! -pergunto indignada, ele não pode me obrigar a fazer isso, pode?
-Sinto muito, mas vai ter que fazer o que disser se quiser sobreviver nesse lugar! E nós vamos indo aos poucos, você não vai morrer. -ele fala com uma expressão compreensiva que faria qualquer uma cair aos seus pés. Tenho que me conter muito para não beijá-lo nesse momento, essa aposta vai ser mais difícil do que eu pensei.
-Okay! -falo nervosa, mas tentando não parecer nervosa, embora não tenha dado muito certo, obviamente- Eu preciso ir, tenho outra aula agora!
Começo a andar rápido mas ele segura meu braço me impedindo de continuar. Me viro para olhá-lo e me arrependo assim que o faço. Grandes olhos azuis escuro estão me encarando com intensidade e logo abaixo um maldito e lindo sorriso.
-Na verdade, cancelei todas as suas aulas por hoje. -seu sorriso aumenta- Pensei que ia querer descansar da viagem, suas aulas começam oficialmente apenas amanhã.
-Então o que eu estou fazendo aqui? -pergunto desconfiada.
-Vamos passar o dia juntos.
-Desculpa, eu tenho que... -tento arranjar uma desculpa mas nada me vêm à cabeça.
-Está com medo? -ele me pergunta desafiador.
-Não! Claro que não! -sim! Claro que sim!, estou ferrada- Por quê eu teria medo?
-Então não tem problema nenhum em passar um tempo comigo, ou tem? -ele pergunta me olhando com aquele maldito olhar desafiador. Ele sabe como me deixar sem saída.
-Não, não tem! -falo tentando parecer calma, mas estou a ponto de ter um ataque de nervos.
-Quê sorte a minha. -ele sorri e pega minha mão me levando para fora da academia de luta. Estou ferrada.
Ele nos leva para dentro do Palácio novamente. Vamos para sala de música. Não tem ninguém lá, está tudo vazio e silencioso, um ótimo lugar pra ele tentar acabar com toda minha saúde mental. Se é que eu ainda tenha alguma.
-Não tem ninguém aqui, Blake! -tento argumentar para irmos pra outro lugar mas ele não vai desistir eu sei disso. Quanto mais eu me esquivar mais ele vai insistir. Talvez eu devesse entrar no jogo dele.- Nunca estive em um lugar melhor!
Corro para o violino. Mas Blake o tira da minha mão assim que o pego.
-O quê? -pergunto frustrada- Por quê?
-Eu sei que não é só esse instrumento que você sabe tocar. -tudo bem, é vergonhoso e indescritível os vários significados desta frase na minha mente.
-Certo, então o que vamos tocar hoje? -pergunto tentando espantar os pensamentos da minha cabeça.
-Na verdade, hoje sou eu quem vai tocar! -okay, eu preciso de um psiquiatra. Do que ele está falando?
-O que você vai tocar? -pergunto receosa.
-Piano! -ele fala animado se sentando ao piano e eu suspiro aliviada.
-Você sabe tocar piano? -pergunto perplexa. Não me lembro de Blake saber tocar algum instrumento.
-Canta comigo? -ele pede ignorando meu espanto.
-Eu não sei cantar, Blake. Minha voz é horrível.
-Sua voz é linda, Millena! -ele apoia os braços no piano.
-Blake...
-Meu Deus! Quanto mais linda e talentosa, menos auto-estima você tem! Quantas vezes vou ter que dizer isso pra você acreditar no quanto especial você é? -ele me encara intensamente.
-Okay! Eu canto com você! -me dou por vencida- Mas não diga que eu não avisei depois!
-A Hallen Perdida, pelo menos sua ancestral, tinha vários dons! Está no seu sangue, apenas aceite! -ele fala sentando de novo no piano. Meu rosto começa a queimar de vergonha.
-Eu já entendi! Você está me deixando sem graça, para! -falo constrangida.
-Nossa, sério? Desculpa, nem tinha notado seu rosto em chamas! -ele é irônico, o que só me faz esquentar mais- Você fica linda quando está com vergonha, amor!
-Já pedi para não me chamar assim! -o repreendo e ele sorri- Só... toca isso logo!
-Seu pedido é uma ordem, minha rainha. -ele fala debochado sorrindo ainda mais. Tento conter o sorriso enquanto ele começa a tocar.

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