Capítulo 5

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-Calma Milkshake, vai ficar tudo bem! -exclamou Allan com todo o carinho do mundo para que eu me acalmasse, ele já estava agoniado de me ver andando de um lado para o outro na sala de espera.
-Mas, e se eles não gostarem Allan? E se eu não for boa o suficiente? -eu disse estérica, estava muito nervosa, Julliard era meu sonho, tudo que eu sempre quis, mas, e se eu não fosse boa o suficiente para a Julliard?
-Ei! -disse se levantando e pegando meu rosto entre suas mãos, me obrigando a parar e me fazendo olhar para ele.- Ei, ei. Olha para mim. Me escuta, okay? -assinto- Você é a melhor artista que conheço, você ama tocar qualquer tipo de instrumento, quase tanto quanto ama pintar. Você é maravilhosa e a melhor aluna que eles poderiam aceitar. Se eles não te aceitarem, quem não é bom o suficiente são eles, não você! Está entendo? Você foi feita para essa escola! E mesmo que eles lá dentro não acreditem nisso ainda, eu acredito em você! -ele diz me fazendo sorrir.
-Millena Miller! -uma mulher que acaba de entrar no corredor chama meu nome, tinha chegado a minha vez.
-Acaba com eles! -Allan fala sorrindo, beija a minha testa e eu me direciono a sala.

Eu nem dormi direito, fiquei a noite toda pensando no que o Allan havia dito. Sim, eu sentia falta da amizade dele. Sim, eu poderia dar mais uma chance a ele, mas fazendo isso quantas brechas a mais eu daria para ele me machucar de novo? Não, eu não vou ir. E não, nunca mais vou deixar que ele me machuque. Ele pode até estar arrenpendido, mas em algum momento ele vai ter que se responsabilizar pelos seus próprios erros, perder a minha amizade era um bom começo. Nem sei por quê eu estava pensando nisso. Eu havia passado! Eu havia passado no teste da Julliard! Eu nem fiz aquele teste tão a sério assim, foi de última hora, foi o Allan que me convenceu a ir, eu sabia que eu não passaria. Por quê eles me aceitariam? Não importava, eu estava dentro! Parte por ajuda do Allan, desgraçado! Por quê ele tinha que escolher aquela vadia? Eu era a melhor amiga dele. Quem estava lá todas as vezes que a Aisha machucou ele?, pode ter certeza, não foi ela. Eu estava lá nos momentos importantes, nos momentos em que ele precisava. Quando o pai dele o rebaixava e não dava valor a ele, eu estava lá! Quando ele se machucou feio em um acidente de carro, eu estava lá! Era para ele ter morrido, a recuperação dele fora milagrosa. Lembro se conversar com ele enquanto ele estava em coma, na beira da morte. Um dia eu estava sentada ao lado de sua cama, fazia muito tempo que ele estava desacordado, eu comecei a fazer carinho em sua cabeça, e disse:
"Allan, por favor volta! -disse pegando em sua mão, as lágrimas dominavam meus olhos- Eu amo o meu amigo, eu quero meu melhor amigo de volta!"
E então um médico milagroso chegou, e do nada ele estava acordado e bem! Foi um milagre. Eu não saberia o que fazer sem ele na minha vida. Só a hipótese de não ouvir mais a risada dele já me apavorava! Será que conseguiria viver sem isso agora? O que havia mudado? Acho que ele havia mudado, e eu também.
Não fui para a escola, não iria encarar ele, nem que me pagassem e pelo visto a Maya e o Jason também não foram, porque já passara do almoço e eles ainda não arrombaram a minha porta me enchendo de xingamentos.
Às 16:00, vou até a geladeira e vejo que não tem nada, então resolvo ir no mercado aqui perto comprar alguma coisa. Quando chego lá, dou de cara com a senhora Shay, mãe do Allan.
-Millena! Como vai minha filha? -ela se anima ao me ver, a mãe do Allan é a pessoa mais querida que eu já havia conhecido.
-Senhora S. Como vai a senhora? -digo me aproximando.
-Estou cheia dessas compras para levar para casa, devia ter vindo de carro. Você pode me ajudar querida? -pede ela, as sacolas eram muitas, pensei no que o Allan disse, não podia dar esperanças falsas para ele, não estava com tanta raiva para magoá-lo assim.
-Eu não sei, eu....
-Não se preocupe, Allan ainda está na escola. -ela me interrompe esticando as sacolas.
-Okay, então. -pego algumas das sacolas exitante, eu estava entrando em uma cilada. Eu sabia disso. Mas não é porque estou brigada com o Allan que preciso cortar relações com a mãe dele.
-Sabe querida, estou preocupada com meu filho, ele não sai mais do quarto, ele não ouve mais música, nem assisti mais séries. Estou ficando preocupada....
Ela dizia enquanto caminhávamos. Senti pena dela, ela não merecia estar passando por isso.
-....Você pode me dizer o que aconteceu entre vocês? Estou ficando cansada com ele falando seu nome durante o sono. E ele precisa de alguém para escutá-lo, você sabe como o pai dele exigi dele, ele não aguenta tudo sozinho.
-Ele fez a escolha dele senhora S.
-Fez a escolha errada, quem escolheria aquela menina mimada ao invés de você? Meu filho é muito burro mesmo. -ela diz quase rindo.
Eu ri. Então ela sabia o que havia acontecido.
-Como vai o senhor Shay? -pergunto tentando desviar do assunto.
-Mais estressado que o normal, minha querida. As notas do Allan andaram baixando, o que não ajudou muito. Ele anda tendo dificuldades agora que não tem você para explicar a matéria para ele. -ela diz levando a conversa para o mesmo rumo de antes.
-Um dia ele teria que aprender a se virar sozinho, eu só acelerei o processo. -suspiro.
Ela riu meio decepcionada. Já estávamos subindo as escadas do prédio, senhora S. não gostava de usar o elevador, ela dizia que o exercício de subir as escadas faria bem a qualquer um. Entramos no apartamento, antes eu vinha a esse apartamento todo dia, agora.... Não mais. A ajudei a guardar as compras e ficamos conversando mais um pouco, então o interfone tocou e eu congelei. A voz do Allan irrompeu no apartamento dizendo:
"Mãe, esqueci a chave, abre aqui, por favor."
Congelei. Precisava sair dali, precisava. Olhei para a mãe do Allan, ela me pediu para eu pegar o elevador, mas não daria certo, então fiz a coisa mais sensata que alguém na minha situação poderia fazer. Saí correndo do apartamento e invadi a casa do vizinho. Graças a Deus a porta estava aberta, entrei correndo e fechei a porta. Me recostei na porta, e sentei no chão ouvindo os passos apressados do Allan para subir as escadas e verificar o porquê de tanto barulho. Pude ouvi-lo gritar meu nome "Millena!", "Millena, por favor!", acho que até o prédio ao lado ouviu, ele saiu em disparada para ver se "me alcançava". Não culpo a mãe do Allan por me arrastar para essa silada, ela só quer o bem do filho. Olhei para o teto lamentando toda essa situação, não queria que nada disso tivesse acontecido, porque o Allan tinha que ter feito aquilo? Era tão mais fácil perdoá-lo. Por que eu insistia nisso? Isso tudo doía demais.
Estava tão entretida nos meus pensamentos que eu nem notei o dono da casa, que por acaso era o Shade, só de toalha parado na minha frente.
-Shade?! Como?....Por quê?.... -pergunto totalmente confusa e cobrindo meu rosto, será que era falta de educação ficar olhando fixamente para àquele abdômen incrível? Meu Deus que homem, compreendo totalmente o Jason agora!
-Bom, eu teria que te fazer essas perguntas, foi você que invadiu minha casa! -disse ele num tom divertido percebendo que estava tentando, repito tentando não olhar para abdômen dele.
-Perfeito! Podia simplesmente ser um estranho, qualquer um mesmo. Mas você é o dono do apartamento! -digo apontando minhas mãos para ele.
-Bom saber que preferia sair daqui acompanhada da Polícia, do que estar comigo. -ele cruza os braços.
-Eu só queria ajudar a mãe do Allan.....
-Mas ele chegou antes? Isso explica a gritaria. -ele me interrompe.
-Sinto muito, eu... Já estou indo embora. -digo me levantando.
-Não! O Allan ainda pode estar lá fora, e além do mais, temos um trabalho para terminar.
-Não sei Shade... -não queria mais esse constrangimento.
-Você não se cansa disso? -ele diz e faço uma cara confusa.- De ficar brava com todo mundo.
-Como se eu tivesse culpa das merdas que vocês fazem! -agora eu cruzo os braços.
-A gente erra de vez em quando, sabia? -ele pergunta irritado.
-A gente se magoa de vez em quando, sabia? -rebato- Eu prometi a mim mesma que nunca mais deixaria ninguém me machucar. Eu baixo a guarda por cinco minutos e olha o que acontece.
-Ele está arrependido. -disse com pena do Allan.
-Eu sei, ele já deixou isso bem claro! -disse seca.
-Então porque continua assim? Ele sente muito, e sente sua falta, e você também sente falta dele. E nem adianta negar. -diz um pouco irritado.
Reviro os olhos.
-E além do mais..... -começou a falar.
-Okay, Okay, Okay. Já entendi. Eu fico para fazer o trabalho com você. -o interrompi antes que começasse a falar, não nasci para ganhar sermão de ninguém, além da minha mãe. -Mas antes vai se vestir, por favor!
Ele revirou os olhos e foi para o quarto colocar uma roupa.
Sentei na mesa, peguei meu celular e comecei a procurar o livro na Internet já que não havia trazido ele. Eu adorava ler livros, quase tanto quanto adorava pintar e tocar instrumentos. Alguns minutos depois ele voltou, graças à Deus de roupa, começamos a fazer o trabalho, ficamos horas discutindo, ele havia trazido um gibi para fazer o trabalho!!! Mas conseguimos nos acertar. Depois que fizemos o trabalho ele pediu uma pizza.
-Millena....
-Não! Chega de se explicar para mim. Devia se explicar para o Jason. -apontei na cara dele.
-Não! Millena, você entendeu tudo errado. -ele disse negando com a cabeça.
-O que eu entendi errado, Shade? -estreito os olhos.
-Eu não gosto do Jason. -disse enquanto se aproximava.- Gosto de você.
Ele me beijou. Eu não retribui. Quando ele se afastou eu estava surpresa demais para fazer alguma coisa. Então só me levantei e fui em direção a porta. Shade se levantou depressa para me impedir.
-Millena....
-O Jason é meu amigo, sabia? -O interrompi.- Não sei o que significa amizade para você, mas para mim com certeza não é isso.
-Eu sei, desculpa por te colocar nessa situação. Por favor, fica. Eu prometo não fazer mais nada que você não queira. -ele disse.
Penso um pouco.
-Só porquê eu estou com fome. Preciso de algo alcoólico.

É só isso por hoje tá meninas?!❤
Espero que gostem❤ Próximo capítulo terça-feira.

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