Capítulo 25

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Acordo com dores no corpo, sonhei que estava em um motel com o Blake e que ele era um obscuro. Abro os olhos e me sento na cama, não conheço esse lugar! Ah não, será que eu....?
-Como se sente, MilkShake? -giro a cabeça na direção da voz de Blake e vejo ele apenas de toalha, ainda um pouco molhado e com um sorriso no rosto.
-Ah, que droga! -resmungo alto me levantando da cama. Não foi um sonho.
-O que foi? -ele pergunta olhando para trás para ver se havia algo atrás dele.
-Nós não...? -pergunto a ele, depois de um tempo ele entende minha insinuação e começa a rir alto.
-Claro que não! E acredite, se tivéssemos você lembraria! -ele diz se aproximando da cama.
Minha memória volta em um piscar de olhos, as lembranças são como um tapa na cara, tudo, os momentos em que passamos juntos, em todos os momentos ele estava lá, o meu Blake. Mas quando ele foi embora, eu senti um vazio, não lembro muito bem como ou porquê aconteceu, tentar lembrar é como tentar ver algo por trás de um vidro embaçado, por quê mesmo ele foi embora? Por quê ele apagou a minha memória? Lembro de ele ter dito alguma coisa, mas não me vêm na cabeça o que era. É como se eu tentasse pegar água com as mãos, de um jeito ou de outro, escaparia pelos meus dedos.
-Por que foi embora? -pergunto me aproximando dele.
-O quê? -ele se faz de desentendido.
-Por que você foi embora, Blake? Você me deixou! Me deixou sozinha no meio daquela tempestade, no meio daquele temporal! Me deixou quando eu mais precisava de você, e você sabia disso! -exclamo exasperada.
-Eu... -ele respira fundo e volta a falar-Eu me apaixonei; me apaixonei por uma garota, ela me pediu para escolher, você ou ela, e eu escolhi.
-O que aconteceu com ela? Por quê voltou? -tento reprimir a raiva e o ódio que me consomem por saber que ele me trocou por uma garota.
-Não quero falar sobre isso! -ele fecha a cara- Só posso dizer que eu me arrependi da minha escolha.
-Se arrependeu? -pergunto cruzando os braços.
-Sim! -ele diz seco- Agora vamos parar de falar disso!
-Você me trocou por uma garota! -exclamo indignada, eu nem sei por quê estava gritando com ele, mas me incomodava muito o fato dele ter me trocado por outra, dele já ter tido algo com outra. Ele era meu!
-Eu a amava! -ele exclama com raiva e não consigo explicar o quanto isso me machuca.
-A amava? -perguntei com a mágoa transparente em minha voz.
-Como nunca amei nenhuma outra. -ele diz com um olhar frio dirigido a mim. Conhecia esse olhar, ele queria me machucar, eu machuquei ele com as minhas perguntas e ele me machucou com as palavras dele. Por que eu me machucaria com isso? Não sei! Só sei que me machucou, e muito.
Viro de costas andando em direção ao banheiro mas ele me para no caminho pegando em meu braço. Olho para ele reprimindo a vontade de chorar.
-Prometemos que não íamos brigar, não pode esperar até o final da viagem, depois disso, você pode gritar comigo o quanto quiser. -ele diz calmo e com afeição na voz.
-Tá bom! -desisto de ficar brava com ele, tentando cônter minha raiva.
-Não está mais brava comigo? -ele pergunta esperançoso.
-Não. -resmungo.
-Então me dá um abraço!
-Não. -falo me soltando mas ele me segura denovo.
-Vamos, é só um abraço! Eu fiz carinho em você enquanto dormia! Eu mereço pelo menos um abraço! -ele pede me puxando para perto.
-Não! Me deixa ir! -exclamo tentando me soltar, mas ele me segura mais forte e me pega pela cintura deixando seu rosto a pouco centímetros do meu.
-Me dá um abraço ou eu te beijo! -ele ameaça se aproximando mais a encostando nossos narizes.
-Como sabe que não quero isso? -falo sem pensar e me arrependo em seguida.
-Pelo fato de que você não quer nem me abraçar, então, vai fazer o quê? -ele pergunta provocante, quero negar o abraço, dizer sim ao beijo, quero que ele seja meu denovo, que seja onde aquela piranha por quem ele me trocou esteja, que ela nunca mais consiga rouba-lo de mim.
Abraço ele sem vontade, consigo sentir o sorriso dele se formando e a respiração satisfeita dele no meu pescoço. Ele me levanta do chão e me gira no ar, começo a rir do ato, como ele podia me deixar tão relaxada? Tão leve? Ele sempre causou isso em mim.
-Já parou para pensar em como nossa relação é bipolar? -ele pergunta depois que me solto de seu abraço.
-Nós não temos uma relação! -exclamo indo até o banheiro e fechando a porta com força.
-Está vendo?! -ele grita por trás da porta.
Me tranco no banheiro e reprimo a vontade de rir. Olho para o cabideiro e vejo uma roupa pendurada, é um vestido branco de manga cumprida e parece ser curto, pelo frio que está fazendo suponho que terei que usar pelo menos uma meia-calça. Vejo uma etiqueta pendurada no vestido, significa que é novo, tem atrás da etiqueta um papelzinho, onde está escrito "use-me, sou todo seu". Quanta criatividade Blake! Tomo um banho rápido sem lavar o cabelo e visto o vestido e as roupas íntimas que achei por dentro dele, me dá um calafrio só de pensar que Blake mexeu em minhas roupas íntimas. Saio do banheiro com o cabelo solto e bagunçado, porém ele ficou lindo assim, então não pretendo arrumar.
-Pode me explicar o que isso -aponto para o vestido em meu corpo- significa?
-Significa que vamos sair, Milli! -ele estava usando uma jaqueta de couro preta e uma blusa branca, uma calça jeans rasgada e tênis de alguma marca super cara. Seu cabelo bagunçado dava um toque de charme a ele, e seus olhos poderiam deixar qualquer uma hipnotizada aos seus feitiços. Ele ser tão lindo só me deixava com mais raiva.
-E para onde você acha que vai sair comigo? -pergunto em um tom desafiador.
-Para o maior parque de diversões daqui! Você vai adorar! -ele fala animado me entregando um par é botas marrom que me deixaram hipnotizada, nunca fui uma pessoa que liga muito para bens materiais, mas essa bota marrom cano longo com salto, é o amor da minha vida.
-Eu já fui nesse parque um monte de vezes! -falo tentando desviar o olhar da bota.
-Mas nunca foi comigo! -ele fala e eu o olho desconfiada- Vamos, MilkShake! Vai ser legal!
-Só porque quero usar a bota! -falo pegando a bota da mão dele e colocando em meu pé, serviu direitinho. Olho para cima e Blake está sorrindo para mim, ele não costuma fazer isso.
-Está me olhando assim por quê? -pergunto com um olhar desconfiado.
-Estou te admirando. -ele fala aumentando o sorriso.
-Engraçadinho. -me levanto depois de colocar a bota e dou uma olhada no espelho, não estou tão mal.
-Então, quem mais sabe dessa nossa infância? -pergunto o olhando pelo espelho.
-Apenas nós dois, Marta e seus avós mundanos. Eu fugia quando podia para te ver. Marta se tocou logo eu você contou para ela sobre seu novo amigo imaginário. E eu não fui capaz de ficar invisível e não poder comer os biscoitos da sua avó.
Começo a rir e ele retribui com um sorriso.
-Vamos? -ele pergunta estendendo sua mão atrás de mim, seu reflexo no espelho trás uma expressão suave, calma e passiva, seus olhos tem um brilho familiar, porém até hoje difícil de decifrar.
-É melhor não aprontar nada, Alteza! -o ameaço tomando sua mão.
Assim que chegamos ao carro solto nossas mãos, ele vai abrir a porta para mim mas eu o faço antes, provocando uma revirada de olhos dele.
Seguimos para o parque em silêncio, até que eu resolvo quebrar esse maravilhoso e constrangedor silêncio.
-Os obscuros tem uma marca e nascença igual a sua, embora sejam localizadas em lugares diferentes. Mas e os celestiais?
-A marca dos obscuros foi como uma maldição lançada pelos celestiais, para diferenciar seus amigos dos seus inimigos, assim nenhum obscuro poderia se passar por um celestial por muito tempo. A marca de nascença quase brilha vista pelo olho de um celestial. Desde o começo os celestiais excluíram o mundo obscuro, alegando que eles eram seres horrendos e sem coração, não importa se é uma criança ou um idoso, se é um obscuro, eles matam ou prendem para interrogá-lo ou torturá-lo.
-Como eles ainda não descobriram que você é um obscuro? -pergunto mais curiosa agora.
-Não sou um obscuro puro, minha marca de nascença é quase insignificante, por isso a escondi com uma tatuagem, para me certificar de que ninguém nunca iria descobrir.
-Mas e o Marshall?
-Ele é como você e eu, metade obscuro e metade celestial.
-Como isso acontece, os obscuros não podem rondar pela dimensão celestial sem serem pegos.
-Não é na dimensão celestial ou obscura onde esses... casos, acontecem. O verdadeiro perigo está na Terra.
-Então a Terra é tipo um motel para os obscuros e celestiais? -pergunto segurando a risada- Eu gostei!
Ele ri e balança e cabeça com a minha idiotice.
-Por que está fazendo isso tudo por mim? -pergunto me virando no banco do passageiro para olhá-lo.
-Isso tudo o quê? -ele pergunta parecendo confuso.
-Ser gentil, legal, me trazer para o casamento...
-Não fiz isso por você. -ele fala como se estivesse me corrigindo- O Shade é um dos meus melhores amigos, viria a esse casamento com ou sem você. E a parte do legal e gentil, sou assim com as pessoas com quem eu me importo.
-Então você se importa comigo? -pergunto um tanto esperançosa.
-Não foi bem isso que eu disse. -ele diz parecendo arrependido do que disse antes.
-Então por que está sendo legal? -pergunto o desafiando, ele fica sem palavras e eu preencho o silêncio do carro com risadas- Você se importa comigo!
-Não! Você é chata, irritante, mimada, completamente maluca e desastrada! -ele fala tentando se defender.
-Mas você gosta disso, não é? Por isso me mantém por perto, sabe que não consegue viver sem minha amizade.
-Depois de tantos anos com alguém, tantas memórias e risadas, você passa a se importar com a pessoa sim! E depois de tanta coisa que passaram juntos, as brigas se tornam insignificantes. -ele fala olhando para mim com afeição no olhar e eu sorrio para ele- E eu também sei que você não sobreviveria sem mim!
-Como é? Acha que eu não sou capaz de viver sem você? -pergunto com indignação- Então vamos lá, saia do carro e deite na estrada, vou te atropelar e aí vamos ver quem está certo!
Ele começa a gargalhar enquanto entramos no estacionamento do parque de diversões.
-Admita, você não consegue resistir a mim! -ele me provoca, sabendo que eu irei ficar irritada com essa provocação. Rio alto de desdém.
-Você se acha muito mesmo!
-Chegamos rainha do drama! -ele fala ainda rindo.
-Me chama assim de novo e nunca mais vai ser amiguinho aí de baixo! -o ameaço apontando para suas partes íntimas.
-Nossa que medo! -ele ri saindo do carro e indo até o outro lado para abrir a porta para mim.
Fomos caminhando até a entrada do parque, estava cheio e Blake segurou minha mão para não me perder de vista. Entramos no parque e não estava tão cheio quanto lá fora.
-E então, em qual quer ir primeiro? -Blake pergunta para mim e eu olho em volta, tinha muitos brinquedos, sinceramente, já tinha ido em todos. Menos na montanha-russa, o meu estranho e incontrolável medo de altura me impedia de ir nesse.
-Você escolhe, já fui em todos! -falo dando de ombros mas com o coração batendo acelerado com medo de ele escolher a montanha-russa.
-Que tal a montanha-russa? -ele sugere sorrindo. É impossível! Ninguém conhecia alguém assim tão bem!
-Eu já fui nesse, é fraquinho, chato. -tento disfarçar e as batidas do meu coração aceleram ainda mais.
-Nada é chato quando se está comigo! -ele diz já me puxando para a fila do brinquedo.
-Não! -grito desesperada mas depois tento me recompor- Que tal a gente ir em outro? Eu estou falando a verdade, esse brinquedo é chato demais! Você vai dormir lá dentro!
-Está com medo, não está? -ele pergunta sorrindo.
-Eu? Com medo de altura? De onde tirou isso, doido? -me faço de desentendida e seu sorriso aumenta mais.
-Você fica fofa quando está com medo. -ele sorri me puxando para perto- Mas, você tem que enfrentar seus medos.
-Ah não! -lamento sabendo que vem uma frase encorajadora logo a seguir. -Minha mãe dizia que não importa qual é nosso medo, temos sempre que enfrentá-lo, antes que ele vença a gente! -ele fala debochando de mim.
-Você não teve uma sensação de dejávu agora? -pergunto tentando mudar de assunto.
-Vamos! -ele diz me puxando para a fila enquanto eu resmungava xingamentos a ele.
Ficamos parados na fila quinze minutos, os quinze minutos mais agonizantes da minha vida, eu andava de um lado para o outro, batia o pé no chão, impaciente para sair dali.
Chegou a nossa vez e Blake me empurrava para o carrinho.
-Eu não quero fazer isso, Blayblay! -falo virando antes de entrar no carrinho com uma voz carinhosa e desesperada.
-Eu estou aqui! Nada vai acontecer com você, okay amor? -estou tão atordoada que nem percebo que ele me chamou de amor até o carrinho começar a andar.
-Blake, Blake, Blake, Blake, Blake! -minha voz aumentava a cada vez que eu falava seu nome, o carrinho subindo mais e mais, e mais. Até ele chegar ao topo, minha cara de pavor deveria estar hilária porque Blake não parava de rir. O carrinho desce muito rápido. A última coisa que me lembro é de gritar. Depois estava atônita com Blake rindo ao meu lado. O carrinho havia parado, as pessoas começavam a sair, havia uma menina chorando a nossa frente e um cara vomitando em um balde ao lado da saída. Blake sai do carrinho e me ajuda a sair também.
-Acho que vamos precisar voltar! -ele fala e percebo que está tentando não rir.
-Por que? -pergunto desesperada.
-Para buscar sua alma que ficou lá em cima! -no mesmo instante ele começou a gargalhar. Faço cara feia com sua piada horrível.
Fomos em vários outros brinquedos do bate-bate ao carrossel, quer dizer, eu fui no carrossel com uma menininha que eu conheci, Blake ficou observando e rindo da cena, para depois fingir que não me conhecia. Comemos e ele pagou, ele pagou tudo, na verdade, eu estava me sentindo inútil com ele pagando tudo, eu tinha dinheiro!
Terminamos de comer e íamos embora quando ele sugere:
-Quer um Milkshake, MilkShake?
-Haha, que engraçado! -digo sarcasticamente revirando os olhos- Mas eu adoraria! -completo animada, ainda tinha espaço para o Milkshake
Fomos até a barraca que tinha Milkshake e pedimos os nossos ele já ia tirando a carteira quando eu parei sua mão.
-Nada disso! Deixa eu pago! -pego minha carteira dentro da bolsinha que eu trouxe. E peguei R$10,00 Para pagar a moça.
-Nem pensar, eu sou o homem, eu vou pagar! -ele diz protegendo seu ego de homem machista.
-Isso é só um clichê criado por uma sociedade machista e opressora do século XIX, sou uma mulher independente do século XXI e posso muito bem pagar um MilkShake!
-Qual o problema de eu querer pagar um MilkShake para a minha linda namorada? -ele diz voltando a me lembrar que estamos "namorando". Decidi entrar na onda dele.
-Awn, você é tão fofo, amor! -eu o beijo enquanto entrego o dinheiro para a moça do caixa que estava nos olhando estranho. É uma péssima ideia tê-lo beijado, consigo sentir os arrepios e o frio na barriga, quase perco o controle, mas me lembro da lição de moral que tenho para dar para ele.
Quando me afasto dele, sorrio para a moça que entrega o troco rindo.
-Hey! Você me enganou! -ele diz indignado.
-O fato de você ter caído nessa só prova que eu sou mais esperta que você e que sua cabeça ainda está no século errado! -pego o Milkshake que a moça estende e aceno com a cabeça a agradecendo- Valeu, moça!
Fomos para o carro dividindo o Milkshake. Depois fomos para casa, fui dançando e cantando o caminho inteiro, e consegui arrancar algumas risadas e dancinhas aleatórias de Blake pelo caminho.
-Chegamos! -ele fala animado.
-Avisou para tia Willa que íamos chegar tarde? -pergunto curiosa.
-Avisei enquanto você dormia. -ele fala dando de ombros enquanto sai do carro.
-Tem a chave? -pergunto preocupada.
- Não. -ele fala dando de ombros.
-E como você pretende entrar na casa, gênio? -pergunto a ele com desdém. Pego o celular dele que está no carro para ver a hora- Já é meia-noite, devem estar todos dormin...
Olho para o lado e vejo Blake caminhar para a parte do lado da casa.
-Blake! -ele continua andando fingindo não me ouvir. Vou atrás dele e ele para logo abaixo da nossa janela, no segundo andar, que é muito, muito alto.
-Assim. -ele aponta para janela que estava entreaberta.
-Não. -nego desesperadamente com a cabeça já me afastando- Nem pensar!
Começo a me virar e ir para a porta da frente para ver se encontro algum jeito de entrar. Mas antes que eu possa andar 5 passos Blake me agarra pela cintura e coloca a mão sobre a minha boca. Tento gritar mas a mão dele abafa o som. Ele flutua até a janela rapidamente. Quando ele pousou no quarto enquanto eu ainda me debatia, ele se irritou e me jogou na cama.
-Você ficou maluco?! -gritei de indignação- E se alguém te visse?! E se...
Ele flutua denovo até a cama e para em cima de mim, me prendendo e tampando minha boca novamente, me impedindo de terminar a frase. Tento gritar mas ele me aperta mais ainda.
-Vai ficar quieta? -ele pergunta e aproximando mais que o necessário. Concordo com a cabeça ainda o olhando com raiva. Ele tira a mão da minha boca devagar e consigo sentir sua respiração em minha boca, ele estava próximo demais, algo que minha sanidade mental não permitia.
-Como você mesma disse, todos estão dormindo! -ele diz em um tom baixo- Mas não devem estar mais por causa dos seus gritos.
-Como você consegue voar? Pensei que os poderes que você extrai dos outros só durassem um tempo. -pergunto curiosa com ele ainda em cima de mim.
-Os mestiços, híbridos, aberrações, como preferir. Vem com algo danificado, algo incomum, algo que torna ainda mais difícil você esconder quem é. -ele explica saindo de cima de mim e deitando ao meu lado na cama. Os dois olhando para o teto- O meu defeito é que, com um pouco de esforço e muita concentração, posso armazenar os poderes e usá-los novamente quando quiser.
-Mas isso é muito legal! -falo virando a cabeça para olhá-lo.
-Não para os celestiais. -ele fala parecendo ter certa aversão a sua própria dimensão.
Um silêncio constrangedor se instala no quarto, falo a primeira coisa que me vem na cabeça.
-O que aconteceu com sua mãe? Quero dizer, a verdadeira. -completo me arrependendo de fazer essa pergunta assim que terminei de pronuncia-lá. Ele se remexe ao meu lado desconfortável com a pergunta- Se não quiser, não precisa responder.
-Ela está morta. -ele fala em um tom seco, como se não se importasse.
-Eu sinto muito, Blake! -digo com compaixão, pegando em sua mão.
-Eu não. -ele diz soltando a minha mão- Não considero ela minha mãe. Ela se matou com medo de receber uma punição pior que a morte. Nem sequer pensou na criança que havia se apegado a ela, depois de alguns anos. Eu tinha sete anos quando achei ela no quarto, pendurada no candelabro de cristal. A rainha Crystal, a qual eu chamo de mãe, me criou, ela acredita mesmo que sou seu filho, sei que ela sabe que eu não sou, ela é bem mais forte do que parece ser, mas ela me trata como o filho dela mesmo assim.
-Mas, e o Anthony?
-Anthony, sempre foi o garoto perfeito aos olhos da nossa mãe, ele não veio com um traço obscuro sequer, ele é um celestial puro.
-Sinto muito, por tudo isso, Blake. Você não sabe como me deixa feliz ouvir seus desabafos. Não que eu esteja feliz por tudo que aconteceu, eu só....
-Eu entendi, Millena. -ele fala sorrindo.
-Obrigada por confiar em mim para contar isso -digo com um tom sincero, me virando a abraçando ele, ele ficou um pouco assustado no início, mas depois retribuiu o abraço. Meus olhos pareciam pesar toneladas, ouvi Blake rindo e dizendo alguma coisa, mas depois me entreguei ao sono profundo.

AAAAAAAAAH
FiNALMENTE CAPÍTULO!!!
Acreditem, até eu já estava com raiva de mim mesma, com tantas provas e trabalhos eu fiquei sem tempo.
Roupa da Millena lá em cima🔝
Se eu não me engano, mais uns dois capítulos e nossos queridinhos de casam. Não vai demorar muito.
Espero que gostem e até logo❤

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