Capítulo 89

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No capítulo anterior...
- É pai; diz Guto para Pascoal, os dois estão no hospital cuidando dos bebês e da Vitória - Eu tô muito preoucupado com a Bê... Tenho medo que ela tente se matar de novo, e dessa vez consiga... Eu não saberia viver sem ela...
--Filho, ocê tem que ter cuidado com tudo que faz ou fala pra essa moça... Ela é muito sensível...
- Eu sei pai; suspira - E se a Bê se matar por minha causa... Eu morro junto pai...
Agora...
--Que isso Guto, não fala uma coisa... Dessa não cara... Não diz isso, nem de brincadeira...
- Eu sei que não deveria dizer isso, e logo pra você, cara; coloca uma de suas mãos, no ombro dele - E na boa, sinto muito por te dizer isso... Eu jamais tentaria me matar, logo eu que amo tanto viver... Mas viver com a culpa da morte da Bê... Ia ser quase como uma morte em vida pra mim, se que você me entende, cara...
--Eu entendo Guto, e não se preocupa, eu estou aqui pra tudo que ocê precisar filho...
- Mas vamos mudar de assunto, por que esse tá meio pesado; enxuga suas lágrimas, com o dorso da mão - Como a Vitória está? Ela começou a recuperar a memória? Ou está como antes... Com apenas alguns lapsos de memória?
--Ela está cada vez melhor, graças a Deus, temo que logo ela recupere toda a memória...
- Como assim, teme? Não é uma boa coisa, ela recupera a memória, de vez? Assim ela cuida dos próprios filhos... E te ajuda com eles...Sei lá...
---Guto isso é uma coisa maravilhosa, eu disse que temo, por que não posso ter certeza, entendeu? Vai que eu falo uma coisa com certeza, e acaba não sendo, sacou?
- Acho que entendi; suspira - Mas tô preocupado com uma coisa que eu vi ontem... Pas... Digo pai, tem alguma chance da Isa ter uma irmã gêmea? Ou algo do tipo?
--Irmã gêmea? Não... Não... Não Guto, onde ocê viu isso, cara?
- Ontem a noite, no jardim da casa do seu Gigi; diz um pouco preocupado - Uma moça loira, muito parecida com a Isa... A Isa não era, nem peruca ela usaria, quanto mais pintar o cabelo... Aí tem pai... Aí tem... E na casa da dona Bia, mesmo que o seu Gigi seja do bem, e coisa e tal... E a dona Bia pareça sei lá... Ser uma boa mulher, não consigo confiar neles...
--Nossa cara, mas essa moça chegou a falar com você?
- Eu tava de moto, a vi de relance... Ela sumiu do nada, pulou no meio dos telhados que nem um gato... Coisa de louco... Cara, cê tinha que tá lá, pra ver e acreditar em mim...
--Credo Guto eu hein, parece até coisa de filme, cara...
Enquanto isso...
Depois de muitos dias trancada no quarto e sem comer, Dona finalmente pegou a chave reserva do quarto de sua filha, abriu a porta. E vendo que Benê estava mal, ela chamou Zé pelo celular, e os dois a levaram para o hospital. Benê acordou com uma bolsa de soro, em seu braço esquerdo. Seu pai estava ao seu lado, visivelmente preocupado, e logo percebeu que a sua filha estava acordada.
- Benê; se aproxima dela, muito preocupado - O que tinha na cabeça, quando ficou trancada no quarto, sem comer? Matar sua mãe de preocupação? Me matar de desgosto? É isso, minha filha? É isso que você quer? Benedita, sei que errei com você e a sua mãe no passado...Mas mesmo assim, estou farto... Farto de te ver agir como uma criança, independentemente de sua dupla personalidade... E seu autismo.
--Dupla personalidade, pai? - Pergunta Benê com a voz meio fraca; como assim?
- Isso não vem ao caso, Benedita; diz ele inflexível e duro, como Benê nunca o viu antes - Eu estou cansado... Cansado de seu comportamento... E se não parar com essas suas infantilidades, com, ou sem o consentimento de sua mãe, vou te internar num hospital psiquiátrico... Juro que vou, Benedita.
--Pai, eu juro que não faço mais, mas por favor não faz isso... Eu só fiz isso porque fui idiota, perdi todos os meus amigos...
- Você já me prometeu isso antes... Quem me garante que dessa vez é pra valer? Quem, Benedita? Você? Logo você, que quebrou essa mesma promessa, tantas vezes? É triste ter que admitir isso, sendo o seu pai, mas sinceramente, Benedita, eu não confio mais em você, filha...
-- talvez eu mereça isso pai, sou infantil...Mimada, besta,nunca vou conseguir ter amigas de verdade, muito menos namorar de verdade sabe porque? Porque não mereço o amor de ninguém ninguém é obrigado me aturar ninguém é obrigado a ficar perto de mim
Eu não mereço pai sou um ser humano inútil que nem estudar consegue direito pra ter uma vida normal... Pra que pai? Pra que eu continuarei vivendo?
- por que sua mãe... O Guto... Eu... Nós te amamos... Te adoramos e não suportariamos te perder; diz com lágrimas nos olhos - Isso não importa pra você, por acaso?
--Sabe pai, ultimamente,sinto que ninguém gosta de mim, por mais que eu ame vocês, eu sinto que ninguém me ama...
Depois da conversa difícil que Benê teve com o seu pai, algumas horas mais tarde, ela teve uma visita inesperada. Flávia, uma das ex do Guto e a melhor amiga da Isa.
- Oi Benê; se aproxima dela - Soube o que houve com você, pela Mô... E sei muito bem como você se sente... Antes de conhecer a Isa, já tentei me matar umas cinco vezes... E quero que saiba que desde já, tem em mim uma das mais leais, das amigas...
- Nossa... Eu te julguei tão mal...
- Não importa; segura ambas as mãos dela com carinho - O passado morreu... O presente é uma dádiva... E o futuro, bem... Este é incerto... E então, aceita começar de novo, e dessa vez com o pé eaquerdo? Aceita ser minha amiga?
--Flay; Benê começa chorar - Me desculpa por ser uma péssima amiga pra você e pra Isa,eu fui imatura demais, me perdoa? Eu quero muito reconquistar a amizade de vocês!
- Claro que sim, Benê... Somos amigas... E se depender de mim, vamos continuar sendo por muito tempo, minha amiguinha...
Continua...

A menina que sabia sonhar        VOL 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora