capítulo 26

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- Não posso mata - lo; diz se olhando num pequeno espelho de banheiro - De alguma forma... Eu não sei como explicar, mas eu o amo e ao invés de mata - lo, vou protegê - lo da facção, nem que seja com a minha vida...
No colégio Santa Mônica Benê estranhou a ausência de Flávia e Isa na sala, elas raramente faltavam as aulas, e de certa forma foi boa a ausência delas, isso lhe deu a coragem que precisava para falar com Guto. Benê não conseguia aceitar a decisão precipitada do Guto em se tornar padre. No final da aula, os dois se encontraram no mesmo lugar onde foram forçados a limpar há apenas alguns meses, quando ainda pensavam que eram irmãos.
- Guto; se aproxima dele que está de costas para ela, Benê pensa em toca - lo, mas sua mão paira no ar até abaixar - se lentamente - Você quer mesmo ser padre?
- Sim...Quer dizer claro, é o mais certo a se fazer, eu acho...
- Mas e nós?
- Como assim nós? Nunca existiu nós, a gente nunca teve nada sério...
- Mas nós... Bem... Nós nos amamos... Eu te amo Guto...
- Mas eu não te amo mais - De costas para ela, Guto conseguia mentir melhor - Eu nunca te amei, confundi nossa amizade com algo que eu nem sei o que é direito, amor...
Sem saber o que dizer ou fazer naquela momento, Benê saiu correndo deixando Guto se sentindo o pior dos seres humanos. Assim que percebeu que Benê não estava mais lá, sozinho finalmente pôde chorar suas dores, ele se ajoelhou no chão, desabou de joelhos, na verdade, pegou um punhado de terra em cada uma de suas mãos e se deitou naquela solo duro que aos poucos se tornou macio assim que ele alcançou a grama perto da parte calçada do chão.
- Todos os poetas estavam certos ao rimar amor com dor; diz para si mesmo - Por que amar precisa doer tanto assim?
Enquanto isso...
Ana chega em casa depois de um dia exaustivo dando aulas de dança, ao abrir a porta viu sua amiga Jenny na sala segurando um ramalhete de rosas vermelhas.
- Esse tal pedro é rápido mana; diz jogando a bolsa no sofá, tirando os sapatos e se aproximando de sua amiga - Até flores já está te dando...
- Acontece Aninha... Que as flores não são para mim; entrega as rosas para Ana - São pra você...
- Pra mim? - Pergunta espantada; quem me mandaria rosas? E aind mais vermelhas?
- O senhor Lascurain; lhe entrega um cartãozinho lacrado com o nome do Fernando - Parece que alguém se apaixonou por você Ana.
- Não diga bobagens Jenny; abre o bilhete e o lê, era um agradecimento pelas aulas que ela dava ao Sebastião e um pedido de desculpas - Ele só está me agradecendo pelas aulas que eu dou ao filho dele e me pedindo desculpas pelo modo que me tratou, assim que nos conhecemos...
- Tá bom, vou fingir que acredito... Se é só isso mesmo, por que as rosas que ele te enviou são vermelhas? Vermelhas da cor da paixão...
- Como você fala bobagem; diz colocando as rosas em um vaso com água - O doutor Gelo e eu somos apenas conhecidos... Amigos até certo ponto e nada mais...
- Sim, claro, se você diz...
Enquanto isso...
Seu Pedro, um homem vivido terminava de escrever seu segundo livro, um romance policial que lhe trazia antigas lembranças de sonhos e amores passados. Ele se lembrava da mãe de Flora, sua esposa, mas também de outra mulher, aquela que foi o grande amor de sua juventude. Assim que terminou o prólogo do seu livro salvou para escrever mais no dia seguinte. Assim que salvou o prólogo de seu novo livro, amor em termos errados, Donatela, sua filha de consideração lhe telefonou.
- Oi seu Pedro desculpe por ligar a essa hora, mas preciso muito falar com o senhor.
- Filhinha você sabe que pode me ligar a hora que quiser; sorri, conversar com Donatela sempre lhe animava o espírito - Em que posso te ajudar minha filha?
- Eu queria tanto que o senhor viesse passar uns dias aqui em minha casa; ela falava com a voz um pouco mais rouca que o normal - O senhor é  o pai que eu não tive e gostaria de te - lo perto de mim, nem que seja por poucos dias...
- Você sabe que faço tudo que você me pede... E dessa vez, bem... Não será diferente filha.
- Obrigada meu paizinho...
Enquanto isso...
O amor é algo que pode surgir do nada, em lugares improváveis, em condições inapropriadas e despertar sentimentos até nas pessoas vistas e ditas como frias. Fernando se sentia como um adolescente quando pensava na senhorita Leal. Ele trabalhava melhor agora, Laura conseguia dar alguns passos graças a dedicação de seu médico e futuro sogro. Até mesmo os seus filhos viam as pequenas mudanças que aconteciam com aquele homem tão duro, frio e distante, que ficou assim, amargurado após a morte de sua esposa e mãe de seus filhos, Estefânia, sua amada Fanny. Ficar noivo de Isabela não ajudou, estar com ela era o mesmo que estar sozinho. Fernando pensava em Ana e qual seria a sua reação ao recebe - las e ficou ali parado no meio de sua biblioteca como se procurasse um livro sem perceber que ele estava bem a sua frente, quando Fanny foi até ele e lhe entregou o livro.
- No que estava pensando papai? Parecia tão distraído com alguma coisa...
- Eu? Bem... Eu pensava em tudo e nada; se senta a sua escrivaninha - Fanny você considera um erro meu noivado com a Isabela?
- O senhor sabe que sim... Ela não é a mulher certa para assumir o lugar da minha mãe, que para meus irmãos e eu é insubstituível; se senta a frente dele - Pai a Isabela não gosta nem de mim nem dos meus irmãos, o senhor acha que assim ela vai poder dar o carinho que meus irmãos precisam?
- A Isabela me ama; isso o fazia se sentir culpado em relação ao que ele estava começando a sentir pela Ana - E pode ser que não demonstre, mas a Isabela gosta muito de você e dos seus irmãos...
- Será mesmo papai? Se fosse assim ela não teria empurrado o Sebastião no outro dia...
- Como assim? Que história é essa Fanny?
- Acho que falei demais, melhor o senhor esquecer o que eu acebei de dizer...
- Não irei mesmo, agora que começou termine, que história é essa da Idabela ter empurrado o seu irmão? Por favor Fanny me conta, eu sou o pai de vocês e tenho o direito de saber o que os aflige...
- Tudo bem pai; diz olhando bem nos olhos dele - Eu vou te contar o que aconteceu emtre a Isabela e o Sebastião... Mas só se o senhor me prometer que vai ficar calmo...
-Foi tão sério assim?

A menina que sabia sonhar        VOL 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora