"Dois tempos, duas vidas, um destino".
Em 2014, no último ano na faculdade de Jornalismo, Aline enfrenta as dificuldades e responsabilidades da vida adulta, ao mesmo tempo que tenta estar presente para os amigos e família, além da relação conturbada...
Anteriormente em 'Meu presente, Seu futuro, Nosso passado': Entre informaçoes confusas e cidadaos macabros, Aline segue a investigaçao na cidade interiorana de Coquinhos.
Boa leitura =D
(Capitulo novo toda quarta feira)
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25 de setembro de 2014.
No dia anterior, não conseguimos tirar muito dos habitantes. Histórias, rumores, conspirações. Algumas interessantes, mas quando paramos para analisar, percebemos que a maioria se mostrava mirabolante demais, como a da senhora do canil. Um pouco de sensacionalismo na matéria é ótimo, mas não dá para montá-la apenas com isso, o que está começando a me irritar; deixando-me ansiosa sobre o rumo que a investigação seguirá.
Acordamos no mesmo calor sufocante, e após horas perambulando pela cidade, só conseguimos mais histórias malucas e olhares irritadiços dos cidadãos mais céticos. Principalmente das mulheres que nos observavam das pequenas sacadas. Panos na cabeça e sobrancelhas franzidas. Às vezes uma ou outra com um bebê choroso no colo.
Reconheço mais mantas de peles de animais sendo utilizadas pelo município. Algumas até como forro de banco dos carros em melhor estado. A imagem das chaminés pretas ainda se agigantando, ao longe, sobre as silhuetas dos telhados, soltando aquela fumaça semelhante a fogo negro no horizonte.
No fim, a manhã se torna tão inútil quanto havia temido.
Seguimos, inquietos, para o mesmo restaurante da noite anterior. Igor se afasta para usar o banheiro, e é quando me encontro sozinha com Khaliu. Somos rápidos com o pedido, porém o garoto passa a me observar, um toque de curiosidade no olhar. Suor escorrendo dos fios castanhos à têmpora, e fazendo a pele brilhar. Não estou em um estado melhor, aparentemente os quatro ventiladores próximos não prestam para porra de nada.
- O que foi? - pergunto, irritadiça.
- Estava pensando... - ele faz uma pausa, tamborilando os dedos. - Já faz um tempo que não comenta sobre Marcos. Como vão as coisas?
A pergunta me surpreende. Esqueci completamente de contar sobre o fim da amizade colorida. Abro a boca para formular uma frase de última hora, mas é quando meu celular treme ruidosamente na mesa.
Desviamos para ele, onde o nome de Rique surge na tela. Um emoji de coração discreto após seu nome. Khaliu inspira rápido e ruidosamente, arregalando os olhos com um sorriso largo se formando nos lábios.
Sinto as bochechas queimarem.
- Não! - ele sorri, incrédulo. Bate a mão no tampo da mesa gargalhando. - Isso é incrível! Porque não me contou antes?
