Anteriormente em 'Desde Agora e Para Sempre': Após saber da morte do pai, Marcos lembra dos acontecimentos no dia do aniversário de bodas de ouro dos pais.
Boa leitura =D
(Capitulos novos toda quarta feira)
10 de abril de 2032.
Assusto com o som de batidas na porta, nem percebi que havia adormecido. Levanto com cuidado para não acordar Theo e corro para a entrada. É Bia, ela usa óculos escuros e seu cabelo loiro está amarrado em um coque desgrenhado.
- Oi. – falo.
- Oi. – responde, baixo.
Ela me abraça, prendendo o corpo ao meu como se não mais quisesse separar. Então, percebo que não se tratava de um devaneio ou um pesadelo, meu pai realmente morreu.
Permanecemos ali por mais alguns instantes, até que ela decide entrar.
- Te acordei? – analisa minhas vestimentas.
- Sim, mas já devia ter levantado, que horas são?
- Dez e vinte e três. – olha no celular.
- Desculpa, esqueci que estava vindo. – passo a mão nos olhos, retirando as remelas.
- Sem problemas, cadê Theo?
- Dormindo.
- Coloca uma roupa, rapidinho, e pega ele, tenho que voltar logo pra casa de mamãe.
Obedeço, voltando ao quarto. Enquanto troco de blusa e coloco uma calça jeans, penso que talvez, nesse momento, a casa da minha mãe não seja um ambiente propício para uma criança, mas me dói só de pensar em devolvê-lo para Aline. Fico alguns instantes olhando seu rosto pacífico ao dormir, e tomo uma decisão.
- Filho. – o chamo, chacoalhando seu corpo levemente.
Theo abre os olhos e pisca algumas vezes.
- Bom dia. – abro um sorriso.
- Bom dia.
- Vai escovar os dentes que o papai precisa sair.
- Só mais cinco minutos. – fala com voz manhosa.
- Vamos, Theo. – insisto.
Quando o garoto finalmente levanta, o conduzo até o banheiro, retornando ao quarto para arrumar sua mochila.
- Tia Bia! – ouço a voz do garoto ao sair do cômodo, minutos depois.
Ao chegar à sala, vejo os dois abraçados, minha irmã o enche de beijos.
- Venha trocar de roupa, filho.
Demora um pouco, mas obedece.
- Pra onde vamos? – indaga, no momento que lhe entrego a mochila cheia.
- Eu vou resolver algumas coisas e você vai pra casa da sua mãe.
- Porque não posso ir com você?
- Porque... porque não. – não sei o que inventar.
- Mas eu quero ficar com você.
Eu também, não sabe como é horrível te dizer isso.
- Já disse que não. – sinto um aperto no peito.
Chateado, arrasta a mochila para fora do quarto. Pego a chave de casa e o celular, e vamos até a entrada.
- O que houve? – minha irmã diz, olhando pro garoto que espera na porta do carro.
- Vamos deixa-lo na casa de Aline.
- Não acha que ele deva saber o que está acontecendo?
- Não agora.
Percebo que ela não concorda com minha decisão, mas acata a ordem.
Durante o caminho, Theo permanece em silêncio. Toda vez que vejo sua feição brava pelo retrovisor, me sinto mais desapontado comigo mesmo.
Paramos em frente à casa da minha ex-mulher e ele desce do carro imediatamente.
- Theo, espera.
Apresso o passo atrás dele, agarrando seu braço.
- Não quero falar com você. – esbraveja.
- O papai explicará tudo depois, está bem?
- Porque não explica agora?
- Porque é complicado, filho.
- Complicado como? – noto seu esforço para entender.
Respiro fundo, toda essa situação está mexendo muito com a minha mente, mesmo se quisesse acho que não conseguiria explicá-lo nesse momento.
- É... complicado.
Vejo seu semblante se encher de frustração. Seguro sua mão, o acompanhando até a porta. Após três batidas, pinto pequeno, digo, Eric atende, parecendo surpreso ao me ver. Theo corre para dentro, sem se despedir.
- Oi Marcos. – percebo a confusão em seu rosto.
- Tenho que resolver alguns assuntos pessoais e resolvi trazê-lo mais cedo.
- Certo.
Nos despedimos brevemente e entro no veículo, a caminho do que acredito que continuará sendo o pior dia da minha vida.
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Obrigado por ler. Até o próximo. Beijos e abraços <3
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Desde Agora e Para Sempre | VOLUME 1 | Série "Tempo de Amar"
Romansa"Dois tempos, duas vidas, um destino". Em 2014, no último ano na faculdade de Jornalismo, Aline enfrenta as dificuldades e responsabilidades da vida adulta, ao mesmo tempo que tenta estar presente para os amigos e família, além da relação conturbada...