"Dois tempos, duas vidas, um destino".
Em 2014, no último ano na faculdade de Jornalismo, Aline enfrenta as dificuldades e responsabilidades da vida adulta, ao mesmo tempo que tenta estar presente para os amigos e família, além da relação conturbada...
Anteriormente em 'Desde Agora e Para Sempre': Na casa dos pais, Marcos tem reencontros com o tio, a cozinheira, e os primos.
Boa leitura =D
(Capitulos novos toda quarta feira)
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
10 de Abril de 2032.
A funerária mais parece uma loja de alguma grife famosa. Somos atendidos gentilmente pela recepcionista e enquanto esperamos o dono, examino o grande espaço onde estamos: Há duas cadeiras estofadas de cada lado do cômodo, entre elas, uma mesinha redonda de vidro com algumas revistas. O teto e as paredes são de mármore branco, me sinto na entrada de um museu.
- Boa tarde. – ouço uma voz masculina.
O homem de cabelo cacheado nos cumprimenta e nos conduz até seu escritório.
- Trouxe as medidas?
Bianca mexe na bolsa, tira um papel e o entrega. O homem oferece um livreto para cada um de nós, em seguida passa as informações do papel para o computador.
Fico atônito com a grossura do livreto, que é inteiramente preenchido com os mais diversos tipos de caixões. No rodapé da primeira página há a informação de que as peças são confeccionadas com a cor e tipo de madeira escolhido pelo cliente. Ao folheá-lo, tenho pequenos infartos devido ao preços dos caixões. Porque as pessoas gastam tanto dinheiro em algo que vai ficar embaixo da terra?
- Gostaram de algum? – o homem indaga, minutos depois.
- São tantas opções... – minha irmã sorri, indecisa.
- É para algum familiar?
- Nosso pai.
- Escolha algo que ele gostaria. – diz, com um grande sorriso. – Posso sugerir o de sândalo branco, que é lindo, além de as dobradiças e alças serem banhadas à ouro.
A sua atitude me irrita, deveria pelo menos mostrar algum respeito ou cordialidade, e não tentar arrancar nosso dinheiro a qualquer custo.
- Como podemos saber o que ele gostaria se está morto? – meu tom soa um pouco rude.
Bia me repreende com o olhar.
- Tenho certeza que conheciam bem o pai de vocês.
- É, conhecemos. E com certeza ele não gastaria tanto dinheiro em uma caixa de madeira e metal.
- Pode nos dar licença? – percebo o constrangimento na voz de Bia.
- Claro, buscarei mais catálogos. – diz, gentilmente.
Quando o homem nos deixa, ela vira para mim.
- Por favor, não comece com suas birras adolescentes agora.
