SESSENTA E DOIS

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[ALERTA DE POSSÍVEIS GATILHO]

        Abro os olhos com dificuldade. Tento levar minha mão a cabeça, que estava latejava, porém sinto o corpo pesado demais para me mover. Sou tomada por uma nova onda de enjoou, enquanto analiso o local, onde me encontro. Estava presa em uma jaula, como a de um leão de circo, deitada no chão coberto por feno. O único ponto de luz era o que estava sobre mim, o restante do ambiente estava em completa escuridão. Será que era sobre isso, que o Kim estava falando mais cedo? Tento me lembrar de como cheguei ali. Não podia ser obra de Namjoon, por que ele mandaria alguém me apagar, sendo que poderia ir com ele de bom grado?

        Ouço o som de passos se aproximando da jaula e me coração acelera. Tento respirar fundo para controlar meus batimentos cardíacos. Isso poderia fazer mal ao meu neném. Deslizo a mão esquerda, discretamente, sobre meu ventre. O sorriu boba, entretanto, em poucos segundos, o mesmo some de meus lábios. Engulo em seco, vendo o homem se aproximar. Ele não era o futuro marido, que esperava e, sim, o monstro que me atormenta dentro e fora de meus pesadelos.

        O sorriso sínico em seu rosto, me deixava mais nauseada do que já estava. Reparo que Oliver carregava uma bandeja de comida. Encaro de cara fechada, ele passar a bandeja pela portinha minúscula da jaula. O homem se afasta cautelosamente e espera, por longos minutos, que me aproxima da comida. Levo meus olhos da bandeja para ele e empurro a mesma para longe, enquanto os olhos do Cass queimam minha pele.

        — Não vai comer? — Indaga descontente.

        — Prefiro morrer de fome. — Não iria comer nada que ele me desse. Sem contar, que ainda estava cheia do café da manhã, que havia tomando com o Kim.

        — Não vai perguntar o porquê de estar aqui, hum? — Se aproxima curioso, enquanto reviro os olhos. Uma de suas mãos tenta tocar meus cabelos, porém tomo distância do mesmo.

        — Não encosta a mão em mim. — O aviso rude.

        — Coma, David. — Dita rindo fraco. — Talvez essa seja sua última refeição, antes que a senhorita Choi, lhe faça uma visita. — Meus olhos quase saltam para fora das orbitas.

        Vejo a satisfação estampada no rosto de Oli ao ver que me assustou, sinto meu corpo queimar de ódio. Desvio do olhar do homem, cruzo os braços e tento me manter neutra, focando em algum ponto no escuro. Amaldiçoou a vaca da Hyejin, enquanto tento me manter calma. Namjoon vai me encontrar e tirar dali. Ouço o riso de debocho do homem ao meu lado, como se o mesmo tivesse lendo meus pensamentos.

        — Sabe amor, ... — Praticamente, o fuzilo com os olhos, quando o mesmo tem a audácia de me chamar de "amor". — Sempre mantive meus olhos em você, depois do nosso incidente. Estive ao seu lado o tempo todo, mas você nem ao menos percebeu. — Seu tom de voz era carregado de orgulho.

        Oliver dá meia volta, pronto para ir embora e me deixar em paz, porém o mesmo para e se vira para me encarar. Com as mãos no bolso da calça, ele me olha de cima a baixo, antes de se dirigir para as sombras.

        — Estava prestes a voltar para sua vida, quando aquele empresário apareceu, o que me deixou bastante zangado com você, amor. — Retorna segurando algo, que não consigo enxergar de primeira.

        Sinto meu coração disparado, quando, finalmente, consigo identificar o enorme pedaço de madeira nas mãos do homem. O mesmo passa o objeto sobre as barras da jaula, enquanto uma brisa fria me faz tremer — talvez, fosse o medo.

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora