TRINTA E SETE

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        Estava na hora. Não poderia adiar ainda mais essa visita, por mais que quisesse. Passei longos minutos encarando a lápide, em minha frente, sentindo a culpa me consumido. Meus olhos transbordavam pelo remorso que sentia, por não ter a coragem de vir antes. Havia várias flores, sobre a grama em frente lapide, algumas mortas, mas outras que pareciam ser recém colocadas ali. Suspirei depositando o pequeno buquê de flores brancas em cima das demais. Se outras pessoas próximas me vissem, com certeza me expulsariam dali. Por mais que, estivesse seguido em frente, ainda teria que conviver com o pesar das minhas péssimas escolhas.

        Abracei o meu próprio corpo, ao sentir a brisa gelada soprar contra o mesmo. Continuei a encarar, a foto na lapide, sentindo a visão ficar turva. Nem percebi que havia uma pessoa parada ao meu lado, até que ele suspirasse fundo e colocasse as margaridas, que carregava, ao lado das flores que deixei. Miro os olhos cansados e triste do Jung, sentindo a dor no meu peito ficar maior. Nunca vou conseguir consertar o meu erro com ele.

        — Então realmente indo embora? — Indaguei, quando percebi que o mesmo não falaria nada.

        — Vim fazer a minha ultima visita a ela, antes de partir. — Murmurou encarando a foto da amada na pedra. — Está na hora de seguir em frente. — Sorriu sem humor.

        — Compreendo. — Não havia muito o que falar a ele.

        Poderia pedir desculpas mil e uma vezes, que ainda não conseguiria sentir que era o suficiente. Naquela noite, em que choramos abraçado, por sua perda, Hoseok havia falando, que a morte da Lee não era culpa minha. O mesmo argumentou, que aquilo poderia ter acontecido comigo estando ali ou não. "Nós sabemos dos riscos que podemos correr, quando escolhemos essa profissão.", pela forma que o homem falava, as suas palavras pareciam ser mais para o seu consolo próprio do que para o meu.

        — Fiquei sabendo que está saindo com o Jeon. — Sua voz me puxou dos meus pensamentos.

        — Estávamos, agora não mais. — Me senti constrangida a ponto de não conseguir encarar seus olhos.

        Quantas pessoas sabiam disso? Será que ele também...

        — Desistiu do Kim? — Fez a pergunta que todos ao meu redor queria fazer.

        — Hoseok- ... — Antes mesmo que arrumasse uma desculpa, o homem me interrompe.

        — Você devia ter ido vê-lo, Kristen. — Seu tom de voz era ríspido.

        — Se passaram quatro meses, duvido que ele queira me ver, depois de todo esse tempo. — Pisquei algumas vezes tentando conter meu choro, enquanto mantinha meus olhos longe dos seus.

        — Você não devia ter se afastado dele. — Me senti como se estivesse levando um puxão de orelha da minha mãe, pela forma que o Jung falava. — Ao contrário de Mihi, o Namjoon ainda está vivo. Use essa chance para ir atrás dele. Não cometa os mesmos erros que eu, Kristen. — Sua voz embarga ao falar dela, o que me faz sentir o pior ser humano no mundo.

        — Sinto muito. — Limpo as lágrimas que desce mais quente pelo meu rosto, enquanto me afasto.

        — Esse é um pedido que te faço antes de partir. Vá atrás dele antes que seja tarde. — Sua voz se eleva para que eu possa ouvir.

        Eu precisava de um tempo sozinha, depois de todos os acontecimentos naquela noite, pois me sentia em pânico e assustada, por todas as perdas e pessoas feridas. Mas o tempo, que era para ser curto, foi ficando cada vez maior, que quando dei por fé, fazia semanas que tínhamos voltado para casa e não havia indo ver o Kim.

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora