CINQUENTA E OITO

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[CONTÊM GATILHOS]

        Se tivesse contado a verdade para ele teria sido diferente? Me pergunto encarando as pessoas fazendo suas refeições com seus parceiros. Eles pareciam tão felizes, por que eu não poderia ser feliz também? Talvez, o Kim e eu não fosse para ser, nunca damos certo, por muito tempo. Aquilo tudo que estávamos vivendo poderia ser um aviso claro sobre isso.

        Assim como meus olhos, as minhas costas latejam. A quanto tempo estava ali? Deito minha testa contra a mesa fria, na esperança que a mesma aliviasse a dor que estava sentindo, mesmo sabendo que seria impossível, pois a dor que sentia ia além da dor física. Meu peito doía, mesmo que repetisse mil vezes que o odiava, ainda o amava demais. Me pergunto com quem ele estaria agora. Deveria ter dado para trás no momento que em que Gabriel falou sobre o site. Lamento, pensando em como a minha vida teria sido diferente.

        Respiro fundo fechando meus olhos com força. Ouço o barulho dos clientes entrando e saindo, enquanto continuo ali esperando Namjoon voltar. Será que ele vai voltar? Engulo em seco. Sinto meus lábios ressecados e tento umedece-los com a língua, mas não é muito eficaz. Minha barriga ronca e sinto um pouco de tontura. Estava desde o dia anterior sem comer.

        Tenho uma sensação esquisita e meu corpo se arrepia. Tento fazer o máximo para controlar os meus batimentos, não queria aparentar para quem fosse que estava com medo. Uma mão áspera envolve forte meu braço e sou puxada para me levantar. Não sei se era pela dor que sentia nos olhos ou o medo, que não me deixava abri-los. Sendo segurada por algum desconhecido, sou obrigada a andar apressadamente ao seu lado – em alguns momentos, até cambaleio, pelo cansaço e fome.

        Paramos bruscamente, quando decido abrir os olhos, uma porta é destrancada e sou empurrada para entrar. Antes que possa encarar quem me levou até ali, a porta é batida na minha cara. Tateio a parede, em busca do interruptor, assim que o encontro acendo as luzes. Meus olhos param no homem amarrado na cama. Caminho cuidadosamente ao seu encontro, mas congelo no lugar, quando percebo que era o Oliver.

        — Não!

        — O que foi, gatinha? — Tento me afastar, mas minhas pernas não obedecem aos meus comandos, então continuou parada ao lado da cama. — Está na hora da diversão. Não seja tímida. Da ultima vez, você foi tão incrível.

        Fecho minhas mãos em punhos e um nó se forma na garganta, quando dou conta do que estava segurando, uma faca. O sangue brilhava forte e aquecia minhas mãos. Balanço a cabeça em negação, sentindo o pânico e medo surgir. Isso não pode estar acontecendo de novo? Eu não quero reviver esse pesadelo. As lágrimas descer descontroladamente pelas minhas bochechas.

        — É gostoso, né? O sangue quente e fresco. — Oli se soltou das amarras e se aproximou de mim. Nossos rostos estavam praticamente colados. — Por que não corta um pouco mais, David? — Apontou para o ferimento na barriga.

        Não consegui me mover. Apenas fiquei parada, deixando que o homem segurasse minha mão com a faca e a afundasse em sua pele. Seus olhos doentios não deixavam os meus, enquanto o mesmo me obrigava a corta-lo.

        — Por favor, para. — Implorei entre lágrimas. — PA-RA!

        Fechei os olhos desejando o máximo sair daquele pesadelo. Me assusto com o meu corpo sendo jogado para trás na cadeira e meus ombros balançados desajeitadamente. Posso sentir o cheiro de seu perfume, assim como a sensação de estar segura novamente, então abro os olhos lentamente. Foi mais um pesadelo. Preciso de um filtro dos sonhos urgente. A minha frente, na mesa, há um copo enorme de vitamina de morango e ao meu lado, lá está Namjoon ajoelhado com um olhar preocupado. Ele voltou. Ele se importa comigo? Quero me jogar em seus musculosos braços e chorar baixinho contra seu peito, mas ainda mantenho minhas mãos sobre a mesa. Não podia ceder agora.

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora