VINTE E SEIS

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        Não demorou muito para que me acostumasse com a minha nova rotina. Os dias passaram apressadamente. Não sabia se dava graças ou ficava desesperada. Não havia avançado muito na minha espionagem. Os Choi quase não paravam em casa. É como se todos os funcionários trabalhassem para uma família de fantasma.

        Mihi e Jungkook estavam sendo ótimas companhias para mim. O garoto tirou o detector de incêndio do meu banheiro, e era, realmente, uma câmera instalada por um dos outros funcionários. O mesmo me garantiu que poderia ir até ele, se alguém mexesse comigo, que o mesmo me protegeria. Tinha minhas suspeitas em relação a ele. Talvez, Jeon fosse o coelho, que o Jung havia falando. Mas e se não fosse? Não poderia abrir o jogo sem ter certeza.

        E a menina me ensinou todos os hábitos da casa e era me ombro amigo, quando chorava ao lembrar do Kim. Nunca contei o motivo do meu choro, mas mesmo assim ela estava me consolando sem questionar. Estava esquecendo como era a voz dele e isso me deixava desesperada. Não importa o quanto eu tento sonhar com Namjoon, simplesmente, não conseguia. Era como se meu subconsciente o barrasse de visitar em meus sonhos.

        Ambos me lembravam muito meus amigos, Catarine e Gabriel. Sentia falta da minha vida de universitária fodida xingando a faculdade com eles no refeitório ou jardim. Se eu soubesse que acabaria na situação que estou, reclamaria menos da minha vida.

        A Lee me incentivou a escrever sobre meus dias vivendo na mansão. Ela dizia que seria um registro e guia, para as próximas pessoas, que podem vir depois da gente. Senti um tremor e a infelicidade de ouvir suas palavras. Não deveria haver mais ninguém depois da gente. Gostaria de contar sobre o plano de Hoseok me disse em Paris, mas não sabia - mesmo ambas estejamos na mesma situação - se poderia confiar. Não dá para confiar cegamente.

        Concordei em fazer anotações sobre a vida ali e a menina me deu um caderno simples para fazê-lo. Não havia muito para escrever, mas me esforcei em pelo menos preencher uma página. Com informações básicas, por exemplo, como hoje estava fazendo um mês desde que comecei a morar aqui e sobre achar a reação do Jungkook estranha quando cheguei. Mas não escrevi nada sobre a minha missão ou sobre a minha vida antes de estar ali, pois seria arriscado, dando a alta probabilidade de alguém achar e me entregar aos Choi. Fecho o caderno, o mais rápido possível, ao ver umas das cozinheiras da casa, se aproximar apressadamente. A mesma tomar ar para falar.

        - Temos visitas, ande longo. - A mesma me arrasta em direção a mansão.

        Eu não devia aparecer lá quando houvesse visitas. Mas não tive a chance de argumentar nada. Quando passei pela porta dei de cara com Jeon, que me encara com os olhos arregalados. O mesmo sabia que eu não deveria estar ali. Antes mesmo que o garoto pudesse dizer algo, a cozinheira me arrasta para junto dos empregados, que estava se enfileirando por ordem de tamanho ao lado da porta.

        - Você não deveria estar aqui. - Murmurou contra o meu ouvido atrás de mim.

        - Eu sei, mas me arrastaram para cá. - A porta foi aberta e estavam todos ansiosos para receber os visitantes.

        Sinto a mão de Jungkook me puxar para ficar atrás dele na fileira. O garoto cobre bem a minha visão, mas mesmo assim, ainda consigo espiar um pouco por cima de seus ombros. E, lá estava a pessoa que nem cogitava em ver aqui. Finalmente, em minha frente após semanas ou meses - não tinha mais noção do tempo, que havia passado desde a última vez, que nos vimos -, Kim Namjoon ao lado da sorridente Choi Hyejin. Ele está tão lindo de cabelos castanhos, que reparei que tinham crescido bastante.

        Não tiro meus olhos do casal, por isso, não percebo as pessoas que entram logo após os mesmos, o senhor e senhora Choi. Fico encarando o Kim, como se estivesse hipnotizada, na esperança que o mesmo percebesse a minha presença ali, mas ele passou reto com a Choi o abraçando apertado enquanto sorri. Nota mental: Namjoon não é um vampiro, Kristen. Ele não vai, simplesmente, me identificar em meio aos empregados assim. Ele não é Damon Salvatore.

        Meu coração se aperta e meus olhos se enchem de lágrimas ao ver Hyejin pular em cima do rapaz e o beijar na frente de todos, o que me deixa enjoada e irritada, pois o Kim retribui. Aperto a cintura de Jeon para enviar um sinal de desconforto. Preciso sair daqui.

        Não era para estarmos nessa situação. Será que Namjoon havia desistindo de me procurar? Ele voltou para Choi, por que ainda era apaixonado por ela? As minhas indagações internas faziam a minha mente doer. Fomos dispensados após a cena. Sigo me escondendo atrás de Jungkook, enquanto vamos em direção a porta dos fundos da cozinha. Há mais pessoas indo para casa dos funcionários, então posso ouvir os murmurinhos de suas conversas. Tento não prestar atenção, mas fracasso.

        - Você sabia que a senhorita Choi decidiu voltar para o senhor Kim? - Diz uma das moças a nossa frente.

        - Ouvi que ele não parava de ligar pedido que eles voltassem. - A outra a mulher responde entre risadinhas.

        Arrumo minha postura desconfortável com a conversa que ouço. Sinto o olhar desconfiado do garoto ao meu lado e ignoro. Sinto como se o ar faltasse em meus pulmões, assim como se meu corpo ficasse pesado. Me preocupo se iria desmaiar, por mais que pareça exagero, era exaustão mental dos últimos dias. Ver o Kim, foi o gatilho para desperta-lo.

        - Ambos parecem muito felizes de estarem juntos novamente. - Por que ouvir isso doía tanto, se a gente nunca teve nada?

        - Será que dessa vez dará certo? - A indagação me faz suspirar pesado.

        - Agora que a senhorita está decidida, creio que sim. O senhor Kim sempre foi apaixonado por ela. - Eu fui só um brinquedinho.

        Apresso mais o passo, que poder me jogar naquela maldita cama e chorar por um tempo, até conversar com alguém que possa trocar de funções comigo. E assim o faço, mesmo ouvindo os protestos de Jeon. Não queria conversar, então o ignorei até que o mesmo fosse embora. Com pouco tempo depois, lá estava Mihi me encarando desconfiadamente.

        - Sei que acompanhar a entrada das visitas é rigorosa e bem desnecessária, ao meu ver, mas chorar por isso não seria exagero? - Indaga sentando ao meu lado na cama.

        - Eu fiquei apavorada ao ver os Choi. - Omiti o Kim.

        - Não precisa. - Alisou meu braço. - Eles não ficam muito tempo parados na mansão. Fora, que nós duas não acompanhamos quase nada de eventos da casa. Fique tranquila. Logo ira se acostumar.

        - Eu não quero me acostumar. - Encarei seus olhos tristes.

        - Vai precisar, se quiser, continuar segura. - Sorriu fechado. - Poderia ser bem pior, Kristen. - Disse antes de sair.

        Abracei meu corpo, afim de dar-me o meu próprio consolo, mas isso não seria o suficiente para que se mantenha minha sanidade mental estável. Eles iram embora rápido e nos deixaram como estávamos antes, trabalhando para os fantasmas. Era o que queria/teria acreditar.

Olá sweeties.

Me diga o que estão achando, por favor, isso me anima a voltar mais rápido com novos capítulos. Pros mais tímidos, seus votinhos também são ótimos feedbacks pra mim. Obrigada pelos 7k. Beijinhos e ate o próximo capitulo.

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora