SETENTA JOON

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Música para vocês ouvirem bem no finalzinho desse capítulo:

 i would rather die than live forever – Will Jay and Sam Creighton. Boa Leitura, docinhos!


        Hoje era o meu último dia na empresa. Depois de tudo que aconteceu, decidi ser melhor me afastar do trabalho e focar apenas nas minhas meninas. Elas precisam de mim, ainda mais agora. Solto um suspiro pesado ao pensar nos últimos meses. Eu estava errado. Cometi erros dos quais não podem ser desfeitos, mas ainda sim tive o privilégio de experimentar o amor da forma mais insana possível. Se pudesse voltar no tempo, mesmo querendo muda-lo e evitar que coisas ruins acontecessem com as pessoas que amo, não o faria. Pois elas foram necessárias para o presente momento.

        Olho pela janela do escritório admirando a vista. Ele irá dar conta de liberar bem a equipe. Mesmo com muita relutância da minha mãe, consegui passar a presidência da empresa para Taehyung. A nossa última reunião com os acionistas agora a pouco havia sido um sucesso e todos estavam animados com o futuro da empresa, que prometia ser bem melhor sobre a direção do meu irmão mais novo e com a minha saída "temporária". Não posso julga-los, pois me mantive mais longe dos interesses deles nos últimos anos do que em qualquer outro período ou gestão. Taehyung com certeza vai se sair melhor do que eu.

        Dou um meio sorrio com o meu pensamento e volta a minha mesa. O caderno de capa laranja prende a minha atenção novamente. Devo lê-lo ou esperar mais um pouco? Na verdade, nem sabia o por que tinha pegado o caderno das coisas dela. A Kristen me mataria se soubesse que havia retirado ele de suas coisas, mas era impossível resistir à tentação de saber o que ela tanto escrevia, ainda mais agora, no ponto em que nos encontramos.

        Ela sofreu tanto por minha causa que talvez as páginas sejam recheadas de dor e ressentimento. Eu não estava sendo um bom marido e amante para ela. Esse seria meu maior medo? Descobri que quebrei as suas expectativas sobre o nosso casamento? Ou pior, saber que ela me odeia por tudo que causei a ela? E se fosse, ela não estaria errada. Fomos tão desesperados no nosso relacionamento, agindo de forma impulsiva e mal dando espaço para as conversas que tanto prometemos fazer.

        A recomendação de usar o caderno como uma espécie de diário havia sido feita pelo o dr. Min. O mesmo disse a David que havia segredos dos quais não conseguíamos compartilhar, mas por outro lado conseguíramos escrever ou foi pelo menos isso que ela me disse, quando a vi escrevendo nele pela primeira vez.

        Confiro a hora no meu relógio de pulso e ainda faltava duas horas para que pudesse voltar para casa. Já havia terminado tudo que precisava fazer, mas queria cumprir pela última vez o meu horário de trabalho. Talvez seja por isso, que o simples fato de olhar para caderno me deixe tão tentado a lê-lo. Pego o mesmo e afasto o elástico verde. Posso sentir minhas mãos ficando suadas e tremulas. Eu deveria realmente fazer isso?

        Engulo em seco a medida que folheio o caderno. A caligrafia cursiva de Kristen é inconfundível. A mulher parecia desenhar cada letra com muito capricho. Meus olhos correm pelas páginas vendo como a mesma datou cada momento da gravidez com esmero. Sorrio bobo com a sua dedicação em detalhar até os seus desejos de gravida mais malucos, como, por exemplo, comer sorvete de mirtilo como bacon, raspas de coco e um pouco de geleia de pimenta.

        Continuo entretido nas páginas, sorrindo a cada fato engraçado que a mulher contava sobre a gravidez até que chego em uma parte mais delicada. A parte que ela de fato usava como um diário para desabafar sobre suas frustações, o que me faz prender a respiração e suar frio na cadeira. Ela havia dividido em duas partes o caderno, uma parte para falar da gravidez e a outra para desabafar.

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora