SESSENTA E QUATRO

1K 144 266
                                    

        A dor que sentia foi diminuída aos palcos até sumir por completo. Uma brisa fria me envolve e posso me sinto leve como uma pena, mesmo estando em um lugar totalmente escuro. A sensação de estar em paz comigo mesma me toma, era como se todos os meus problemas sumissem ou se resolvessem em um passe de mágica. Puxo o ar gelado para meus pulmões e logo, sinto minha pele queimar, enquanto a claridade incomoda meus olhos e os abro lentamente. Pisco algumas vezes para acostumar minhas vistas a quantidade de luz.

        Ouço o som dos pássaros e do mar quebrando na areia, da mais bela praia que já vi em toda a minha vida. Como vim parar aqui? Questiono olhando em volta. Deitada sobre uma toalha de praia, eu usava um leve vestido branco, tinha meus pés descalços e meus cabelos soltos em uma bagunça de ondas. Encaro o mar em minha frente, tentando buscar na memória as lembranças de como vim parar aqui, mas nada vem. Minhas memorias eram como uma tela em branco.

        Ouço meu nome ser chamado ao longe, viro rosto na direção da voz, vendo uma figura masculina correndo em minha direção, carregando uma enorme prancha de surf. Meu coração acelera ao pensar ser o Kim. Quero tanto poder abraça-lo agora. Penso quase em lágrimas pela saudade que sentia presente no peito. Meus batimentos se acalmam ao ver que não era ele, assim como o meio sorriso que se formou em meus lábios some.

        Jeon se aproximava de mim com um sorriso encantador. O mesmo usava apenas uma bermuda azul própria para surf, expondo todo seu corpo cheio de músculos proeminentes. Corro os olhos pelo corpo do homem, quase formando uma cascata de baba. Nossa, ele é tatuado. Jungkook tinha mais tatuagens do que me lembrava, da última vez que estivemos juntos. Podia ver que seu braço direito estava praticamente fechado até o ombro e me chama atenção, uma de suas tatuagens na região. Quatro cubos de letrinhas – dois em cima e dois em baixo -, que formavam "Isis" com uma aureola em cima da mesma.

        — Gosta do que vê? — Desvio o olhar ao ser pega pelo Jeon ao passo que o mesmo sorri atrevidamente.

        — Jungkook. — O chamo, vendo ele fincar a prancha de surf na areia. — O que faz aqui? — Indago o mirando de canto, enquanto ele se senta ao meu lado na toalha.

        Seu olhar foi em direção ao mar. Acompanhei o mesmo, ficando em silencio, esperando quando ele quisesse falar. Vez ou outra o olhava de canto e o homem parecia estar tão alegre. Qual seria o motivo de sua euforia? Me perguntava, enquanto via seus enormes olhos de jabuticaba brilharem e o mesmo parecer perdido em suas memorias mais felizes. Por um momento, senti em inveja dele, pois também queria lembrar de algum motivo de alegria, que me deixasse eufórica como ele.

        — Bem, a minha hora chegou, Tennie. — Me assusto ao vir aquilo, mesmo que o seu tom de voz tenha transmitido tranquilidade.

        Como assim chegou sua hora? O encaro de olhos estreitos.

        — Que hora? — Indago o olhando feio. Ele tinha que ir embora para onde? Mal nos encontramos e ele já estava pensando em partir.

        — Você vai entender quando voltar. — Respondeu como se lesse meus pensamentos, dando um largo sorriso mostrando seus dentinhos fofos de coelho.

        Sinto sol ficar mais intenso, ao ponto de precisar colocar minha mão na frente do rosto. Jeon levanta rápido sacudindo o calção para tirar a areia. Assim que termina, o mesmo me oferece a mão para mim ajudar a levantar também. O aceito sentindo um calorzinho no peito. Coração nem venha de graça, pois eu amo o Kim, sua palhaça. Balancei a cabeça ignorando a sensação e me repreendendo mentalmente, enquanto levanto da toalha de praia com a ajuda do homem.

        Após me ajudar, Jungkook retira sua prancha de surf da areia e eu aproveito para dar mais uma olhada ao nosso redor, percebendo que havia apenas gente ali. Onde estaria Namjoon ali? Questiono enquanto caminho ao lado de Jungkook em silencio. Não conseguia lembrar de quase nada referente ao homem, a não ser que queria poder abraça-lo e o encher de beijos.

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora