SESSENTA E CINCO JOON

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Músicas para vocês ouvirem nesse capítulo:

Always – RM; Too Much – RM. Boa Leitura, docinhos!


        Andava de um lado para o outro no escritório, pensando no que poderia fazer para ocupar mais a minha mente. Me sentia mais inquieto do que o normal. Estava trabalhando o dobro do meu tempo, desde que a David havia acordado, para evita-la. Olha-la naquele estado me fazia sentir ainda a pessoa do mundo. Deveria contar toda a verdade a ela quando acordasse? Essa indagação rodou minha mente, durante todos os dias que passei ao seu lado no hospital até que a resposta, finalmente, veio, quando vi a Kristen acordar. Não conseguiria dizer.

        Os olhos dela estavam carregados de carinho, mesmo sentido dor, ela parecia estar mais preocupada comigo do que com ela. Meus ombros pesavam pelo remorso e culpa que sentia. As sessões de terapia não me ajudavam em nada, mesmo que o senhor Min insistisse que em breve teria melhoras, duvidava muito disso, pois continuava a ter pesadelos e dificuldades de olhar para minha mulher sem me sentir um monstro. Tudo que ela estava passando era minha culpa e não tem como voltar no tempo para consertar.

        Praticamente, fiz a Kristen largar a faculdade, entrar em perigo mais de uma vez, sendo que em uma, ela estava gravida. Sem contar, que fiz a mesma perder dois ex-namorados – mesmo que não gostasse de um deles, não queria que o polícia tivesse morrido. As feridas delas e seus novos traumas seriam inteiramente minha responsabilidade e isso era assustador. Causei tanto mal na vida da mulher que dizia amar. O que teria acontecido com ela se eu não tivesse entrado em sua vida? Balanço a cabeça, tentando fugir das armadilhas da minha própria cabeça.

        Preciso trabalhar mais para esquecer isso. Me sento em frente ao computador, disposto a criar um novo projeto, mas meu foco se perde ao ver os anúncios de enxoval na página e quando menos espero, meus olhos já estão marejados. Quando abri meus olhos um dia após voltar daquele cruzeiro, me vi em um pesadelo horrível, por um momento, desejei estar morto. Os primeiros dias foram os piores. Acompanhei todo o hospital se movendo para salvar minha noiva, enquanto desejava estar em seu lugar, queria morrer para salva-la, se fosse possível. Era o mínimo depois de tudo que causei a ela.

        Jamais conseguiria me perdoar por tudo que fiz a Kristen, a família do Jeon e a dos demais policiais que acabaram morrendo durante o tiroteio do cruzeiro. Ódio que nutria por mim mesmo era bem maior do que um que tive contra alguém. Me sentia exausto, havia passado a noite inteira acordado, pois não conseguia dormir com tranquilidade, por medo de algo acontecer com a David no meio da noite e precisar avisar alguém.

        Passei todos os dias de sua hospitalização ao lado dela. Não deixaria a mulher da minha vida por nada nesse mundo. Ashley tinha pedido diversas vezes para reversarmos, mas eu era incapaz de ficar longe dela. Lembrava de quando acordei sozinho, em um quarto de hospital em Mônaco, me senti um pouco apavorado – mesmo com o humor, que senti quando acordei –, não queria que ela sentisse o mesmo, ainda mais por estar gravida.

        Levanto da poltrona e me dirijo até a janela, para tomar um pouco de sol. Sabia que a minha aparência estava horrível, olheiras fundas, barba por fazer e meu rosto, provavelmente, todo amassado e que um pouco de vitamina D não iria mudar aquilo. Tomo um susto ao ouvir o barulho da porta sendo aberta abruptamente. Me viro assustado e em seguida, fico bastante constrangido com a minha aparência, ao ver os pais da mulher correm para maca da mesma.

        Podia sentir um nó se formar em minha garganta. Logico, que os pais da Kristen não sabiam a verdade. Para eles foi contado, que a mulher foi a uma excursão do trabalho, onde o Oliver havia seguido ela e atacado em um momento oportuno. Toda essa história foi sugestão do Wang, que disse que seria uma ótima ideia, para explicar o fato da David ter sido internada em um hospital caro, também para encobrir a história original e os pais dela não acabem me odiando por isso. Mas será que eu conseguiria sustentar essa mentira?

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora