QUARENTA

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        Com alguns dias, meu choro noturno diminuiu, pois estava aceitando melhor a minha atual situação com o Kim. Na verdade, estava me conformando com aquilo que não teria como voltar no tempo para reparar. Era tarde. Cheguei tarde. Não era justo prejudicar o noivado de Namjoon, apenas pois o quero comigo. Nem estava na posição de exigir algo dele, depois de tudo que fiz. Sem contar, que mesmo fazendo algo para atrapalhar a relação dos dois, isso não significa que ele ficaria comigo. Ele seguiu e eu precisava fazer o mesmo também no futuro.

        Mesmo com os protestos de Gaba sobre o meu conformismo, ele começou a entender o meu lado ou apenas está fazendo a egípcia, assim como fez com Cat, em relação a minha escolha. Decidi ocupar meus pensamentos com a faculdade e o meu novo emprego, na livraria. Gastar todo o tempo que teria só estudando estava dando resultado, logo conseguiria recuperar o tempo que perdi, enquanto estava na casa dos Choi. Mantive cem por certo prestativa no trabalho para qualquer coisa que precisasse e me dediquei em ouvir mais meus amigos.

        Assim, não tenho tempo para ficar chorando, ao lembrar dos momentos que tive com o Kim. Longe dos meus pensamentos, longe do meu coração. Embora que tenha reduzindo a frequência, ainda, vez ou outra, me pegava lembrando e fantasiando como estaríamos agora, se não tivesse fugindo dele. Eu deveria postar uma fanfic no wattpad com essa história? Provavelmente, ninguém leria e seria mexer mais ainda na ferida. Quem em sã consciência leria a história de dois desconhecidos? Talvez, se eu fizesse de alguém famoso. Sou tirada dos meus devaneios, por Gabriel, que me encara de forma esquisita.

        — O que foi? — Indago arqueando a sobrancelha.

        — Um pombo cagou no seu cabelo. — O homem segura o riso, enquanto meus olhos se arregalam.

        — COMO ASSIM? — Passo as mãos pelos meus cabelos tentando sentir onde a merda do pombo tinha caindo.

        Porém, não senti nada.

        — Não tem nada, seu palhaço. — Dou um tapa em seu ombro.

        — Eu sei. — Sorri debochado. — Fiz isso para ver se você estava prestando atenção ao que estava dizendo. — Me encolhi. Acho que falhei só um pouquinho em ouvir mais meus amigos.

        — Desculpa, estou muito aérea ultimamente. — Sussurro seguindo o cacheado até a biblioteca.

        Precisávamos escolher alguma doutrina para trabalho usarmos de norte, para o trabalho de processo, que faríamos em dupla. O homem volta falar mais sobre como dividiríamos nossas partes do trabalho, quais doutrinadores ele achava os melhores para termos de base, enquanto apenas assentia.

        Sinto um calafrio tomar meu corpo, quando adentrando ao lugar e congelo assim que o vejo. O que ele faz aqui? É a primeira coisa que penso, vendo-o com outro homem alto de traços firmes e usando roupas, que poderia dizer ser de extremo luxo. Os dois conversam animadamente com o bibliotecário, que sorria amigavelmente para os mesmos. Será que se conhecia? O olhar do loiro se dirige na nossa direção, fazendo que a atenção dos homens se voltar para mim e Gabriel, que nos encaramos.

        — Você... — Meu amigo me interrompe, antes que o xingue.

        — Juro que não tenho nada haver com isso. — Levanta as mãos para repelir a acusação.

        Andamos calmamente na direção dos dois homens, que usavam roupas de alta costura. Essa cena era tão destoante da minha realidade atual, mesmo fazendo Direito. Posso ver o largo sorriso no rosto do homem, que coloca as mãos nos bolsos de forma casual. Ele pode ser um desgraçado, quando quer, mas tenho que admitir que o mesmo era a própria perdição.

Daddy Kink | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora