02. Nota...

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Até voltar para a minha cadeira eu não consegui calar os meus pensamentos.

Tive que fazer um esforço sobrehumano para entender as perguntas e formular uma resposta.

Estava tentando respirar fundo e me controlar. Eu fiz o meu melhor. Eu me dediquei muito para isso.

O mestrado foi caro. Meus pais investiram muito em mim. Ainda mais se levar em conta que, até agora, eu só trabalhei como professora particular, ganhando uma mixaria.

Estava tentando pensar em como consolaria a minha família, meus sogros e o meu namorado quando a orientadora falou:

- Senhores mestrandos, nos deem licença.

Peguei a minha bolsa, a cópia da minha tese e saí andando.

Do lado de fora os outros mestrandos não pareciam melhores do que eu. Tinha um cara surtando dizendo que a banca tinha acabado com ele.

Peguei o meu celular e vi várias mensagens de todos me desejando sorte e sentir o meu coração apertar dentro do peito.

Eu tinha feito cagada porque não consegui parar de pensar que tudo estava em jogo. Burra, é isso. Eu sou uma burra, talvez não mereça o título de mestre.

Estava tentando não surtar e sair dali sem saber a nota quando a orientadora avisou:

- Podem entrar.

Respirei fundo e entrei junto com a multidão. Sentei na minha cadeira e esperei a professora se manifestar:

- Todos estão de parabéns por terem chegado até aqui. Uma nota não define inteligência e saibam que estarei disponível para aqueles que precisarem refazer a tese no próximo semestre.

É isso. Ela disse isso para mim. Eu sou uma corna burra do caralho!

- Ana Júlia, nota sete.
- André Silva, nota oito e meio.
- Beatriz Deonte, nota sete.
- Bianca Guimarães, nota nove.
- Briana Franco, nota oito.
- Clara Garcia Cavallero, nota dez.

Quanto?! Eu ouvi certo? Eu tirei nota máxima por ter falado igual um papagaio?!

Será que tinha alguma droga alucinógena na minha Schweppes Citrus?

Esperei a minha orientadora terminar de passar todas as notas e andei até ela parecendo um patinho desengonçado porque o salto tinha destruído o meu pé:

- Parabéns, Clara. Quer que eu assine?

Estendi a minha tese para ela e esperei ela assinar e escrever a minha nota.

Dei uma olhada de rabo de olho e ela realmente tinha escrito 10,0 - DEZ.

Agradeci a minha orientadora e as outras duas professoras da banca, saí da sala tirei uma foto da nota e mandei no grupo da família e para o Giovanni.
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Pessoal, estou com um problema de saúde chamado periodontite e não estou conseguindo atendimento no hospital público, então peço encarecidamente que orem por mim e vou deixar a minha chave PIX caso alguém queira me ajudar a comprar medicação para tentar cessar a minha dor:

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Reencontros e desencontros - Livro 16 (Família Cavallero) [Em andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora