72. Acidente automobilístico

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Já se passaram três semanas desde que eu pedi um tempo para o Fred e nós ainda não trocamos uma mensagem sequer.

Eu não vou ser hipócrita de dizer que não sinto falta dele, nas 21 últimas noites pelo menos umas 17 eu fui dormir com a incerteza se fiz o certo ou não.

A verdade é que eu não sei ser sozinha, eu nem sei mais quem é Clara Cavallero sem estar atrelada a um homem.

Eu devo a mim mesma esse tempo só, meus pais estranharam todo o meu ânimo para a mudança ter se esvaído.

Dei a desculpa de que quero fazer as coisas com calma, principalmente agora que estou trabalhando de manhã e a tarde, das sete respostas que eu estava esperando duas foram positivas e uma das escolas pagaria muito bem para que eu desse aula para duas turmas, uma de 2 a 3 anos e outra de 9 a 10 anos.

As experiências são bem diferentes, mas eu estou amando e é bom porque o excesso de trabalho não me dá tempo para pensar.

Entrei no estacionamento da escola quando um fantasma do passado ressurgiu do quinto dos infernos no meu vigésimo segundo dia sendo completamente solteira:

- Clara, não esperava te ver aqui.

Eu aceitaria até encontrar um demônio, mas não queria rever o Giovanni:

- Sei...

Eu não queria papo com ele, não temos o que conversar, essa é a verdade:

- Bom dia para você também...

Me virei de sopetão e perguntei:

- O que você quer, Giovanni?
- Quero conversar com você.
- Não temos nada para conversar e... Falando nisso... Como você entrou aqui?
- O nome Salazar abre portas e eu tenho uma coisa para te falar.

Olhei para ele com cara de poucos amigos e falei:

- Então diz de uma vez.

Ele se aproximou demais de mim para o meu gosto e começou a quase gritar, chamando a atenção de todos em volta:

- Clara Garcia Cavallero, ficar longe de você tem me feito muito mal, eu percebi que você vale qualquer coisa, eu ainda te amo e sei que, quando duas almas estão destinadas a ficar juntas, mesmo com todos os obstáculos elas terminam a velhice lado a lado. Eu quero ter filhos com você e te aceito do jeito que você quiser ser, com piercings, tatuagens, e cabelo rosa.

Nessa hora, para me constranger mais ainda, ele pegou uma caixinha de veludo, se ajoelhou no meio do estacionamento e perguntou em alto e bom tom:

- Clara Garcia Cavallero, você aceita reatar o nosso namoro?

Como eu disse ele ajoelhou no meio do estacionamento e o senhor Scalabrini, que dá aulas de matemática e geometria para os alunos do Ensino fundamental II e Ensino Médio, entrou em uma velocidade acelerada, não viu ele e o atropelou antes mesmo que eu pudesse responder.
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Pessoal, estou com um problema de saúde chamado periodontite e não estou conseguindo atendimento no hospital público, então peço encarecidamente que orem por mim e vou deixar a minha chave PIX caso alguém queira me ajudar a comprar medicação para tentar cessar a minha dor:

43394861836
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Sei que ninguém se importa, mas eu tinha um professor de matemática e desenho geométrico no ensino fundamental e o nome dele era João Scalabrin, descobri recentemente que ele morreu, por isso decidi fazer a homenagem. Graças a ele eu curei o meu trauma com exatas.

Reencontros e desencontros - Livro 16 (Família Cavallero) [Em andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora