parte 4

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— SINTO MUITO POR TUDO, Cíntia

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— SINTO MUITO POR TUDO, Cíntia. — Rafael se sensibiliza quando voltamos pro carro e eu me encosto no banco sem dizer nada.

— Não sinta. — respondo sem olhar pra ele. — Foi bom pra eu enxergar as coisas. Quem sabe agora eu deixo de agir como aquela pirralha de dezesseis anos. — pego um cigarro do bolso e o acendo.

— Para de falar assim de si mesma. A culpa não é sua e nunca foi. Infelizmente algumas pessoas são filhas da puta assim mesmo. Fazer o que? — ele mexe no cabelo, o que me faz perceber que está mais comprido. — Todos estamos encrencados.

— Eu sei. — murmuro. — Tá difícil fazer tudo passar.

— Vê pelo lado bom, agora eu tô aqui. Lembra como esquecíamos tudo quando estávamos juntos? — ele dá um sorriso divertido.

— Lembro. — sorrio de volta e coloco o cigarro na boca. — Agora podemos sair daqui?

— Claro. Esse hospital já deu. — ele dá partida. — Quer voltar pro seu apartamento? — o loiro pergunta quando cruzamos a esquina.

— Honestamente? Não. — apoio meu braço na janela aberta e tento relaxar.

— Ok. — isso é tudo o que ele diz, ao continuar dirigindo sem rumo, aparentemente.

— E você? Ainda é webdesigner? — puxo assunto, soltando a fumaça pela boca.

— Sim. Não é o emprego dos sonhos, mas eu ganho dinheiro. Isso é o que mais vale pra mim no momento. — ele explica.

— Por quê? — fico curiosa.

— Quero viajar o mundo. Conhecer cada maldito lugar. — ele diz de forma inspiradora.

— Deve ser bom ter um objetivo. — reflito.

— E você? Ainda é fotógrafa?

— Sou. É muito bom, mas eu gostaria de me sentir menos mal, pra aproveitar isso melhor. — fecho os olhos, sentindo o vento bater em meu rosto.

— Você tem potencial. Vai conseguir. Eu sempre acreditei nisso.

— Ah, vá! — debocho, duvidando.

— É sério, porra. — ele ri e eu viro o rosto, pra encara-lo.

— A gente nem se dava bem antes de...você sabe.

— E daí? Você já era apaixonada por mim, antes mesmo de começarmos a nos dar bem. — ele rebate, me deixando sem graça.

— Cala boca... — digo entre risos e ele me olha, seus olhos azuis brilhando. — Rafael.

— Cíntia? — ele pergunta.

— Olhos na pista. — levanto as sobrancelhas e ele parece lembrar que tá dirigindo um carro.

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