parte 21

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— Filho, me passa o prato de batatas

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— Filho, me passa o prato de batatas. — Luís olha naturalmente pra Rafael, sentado ao seu lado na mesa, o que me faz olhá-lo enojada.

— O qu... — Rafael cochicha pra mim, que faço uma careta pra disfarçar.

— Moleque! — Luís exclama. — O prato de batatas!

O garoto pega o prato com batatas e passa para as mãos do pai. Minha mãe olha desconfiada pra situação, e eu incorporo a atriz que não sou. Eu vou mudar essa família, pensei.

— Qual o problema de vocês dois? — ela olha pra mim, com a boca um pouco cheia.

— Como assim? — balanço a cabeça.

— Eu digo, tirando a aparência. Porque você está um horror, Cíntia! Já disse que esse cabelo rosa não é bonito, e com essas roupas você parece um garoto. — ela cospe as palavras, literalmente.

Perco totalmente as palavras. Minha expressão muda, de confiante para decepcionada. É o preço que se paga ao jantar com uma família como essa. Não desejo isso nem pra meu pior inimigo, que por coincidência, é um membro dela.

— Eu gosto. — Rafael quebra o gelo da conversa, e me faz sorrir.

— Só você, então. — minha mãe rebate. — Você não acha, bem? — ela costuma chamar o Luís de "bem".

— Eu acho que vocês falam demais. — ele come de cabeça baixa, mas tenta soar o mais natural possível.

— Rafael e Cíntia, calem a boca! Não atrapalhem o pai de vocês. — ela bebe um pouco do suco de pêssego em seu copo não muito grande de vidro.

— Ele não é meu pai. — arregalo os olhos, convencida.

— É seu pai de coração. — minha mãe sorri torto.

— É, Cíntia...sou seu pai de coração. — Luís sorri maliciosamente pra mim, e eu consigo notar seu ar cínico, sinto vontade de vomitar.

— Amélia, eu tenho uma coisa pra te contar! — Rafael fala rapidamente, conseguindo a atenção e o susto de todos.

— Diga. — minha mãe revira os olhos.

— Não tem, não. — fuzilo Rafael com o olhar, tentando passar um sinal de "o que você tá fazendo, idiota?".

— Tem sim. — Luís se intromete. — Amanhã eu vou voltar mais tarde do trabalho, e não quero que fique chateada. Sei que vai sentir minha falta no jantar, mas eu compenso com um presente, o que acha? — ele sorri pra minha mãe, e ela concorda com a cabeça, sem dar muita importância.

Rafael me explicou que essas desculpas do Luís de voltar mais tarde do trabalho são pretextos pra ele se encontrar com sua amante. Ou melhor, suas amantes. Ele é um profissional relativamente especial, então deve ter muita gente por aí que puxa seu saco.

Tudo o que eu preciso fazer é seguir ele e registrar o momento épico – e nojento – com fotos.

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