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— Então...De onde você é? — tento ser legal com o cara desconhecido que tá em silêncio desde que entrou no carro.
Ele abriu a boca pra responder, mas Rafael se adiantou.
— Acho que devia começar perguntando pelo nome dele. — ele diz, rígido.
— Por quê você não perguntou, então? — questiono, incomodada.
— Meu nome é Calino. — o homem interfere, sorrindo amarelo de novo.
— Prazer. — sorrio de volta, fracamente.
— Eu sou da cidade grande, vim tirar férias, mas minha esposa faleceu. — ele continua, e eu encolho os ombros.
— Sinto muito. — Rafael murmura. — Quer chiclete? — ele tira um pacote de chicletes debaixo de seu banco e oferece, sem jeito.
Ele não sabe ser delicado.
— Não, tudo bem. — Calino vira o rosto pra uma das janelas e fica observando a miragem.
— Quer ir pra algum lugar específico?
— Não. Só onde o destino me levar. — Calino olha pelo retrovisor e vê a expressão sem graça do Rafael.
— Nossa, que profundo. — digo, gostando.
Rafael me olha de canto e faz uma cara maliciosa. Eu reviro os olhos discretamente e dou um leve tapa em seu ombro. Ele solta um gemido baixo de dor e eu dou risada. Calino só observa, e isso me incomoda um pouco. Por quê raios o senhor-loiro-adulto resolveu dar carona pra alguém que provavelmente vai ficar nos seguindo?
Parabéns, Rafael.
— Gosta de tirar foto? É modelo? — Calino nota minha câmera próxima à ele no banco de trás e pergunta.
— Sim, eu tiro fotos, mas é só por diversão. Eu nunca quis ser modelo, na verdade. Prefiro registrar coisas do que pessoas. — desabafo.
— E fotógrafa? Nunca quis ser? Soube que dá um bom dinheiro. — ele insiste, curioso.
Trabalhar só pelo dinheiro definitivamente é algo que eu não faria.
— Já quis ser, mas... — penso muito antes de dar detalhes sobre minha vida pessoal à ele. — Agora não quero mais. — dou de ombros, pensando nos problemas que tive por conta dessa nóia de querer ser fotógrafa.
Sou uma fotógrafa da liberdade. Eu registro minhas próprias aventuras, e claro, o amor da minha vida.
— Tudo bem? — Rafa põe a mão sobre minha coxa, fazendo carinho.
— Tudo. — sussurrei.
— Vocês são casados? — a voz do homem no banco de trás falha.
— Namoramos. — Rafael responde.
— O que fazem juntos por aqui? Se perderam, por acaso? — ele supõe, enquanto o loiro e eu nos entreolhamos, tensos.
— ...Estamos de viagem. — invento.
— Ah, sei. Tem lugar pra dormir?
— Não.
— Sim.
Rafael e eu falamos ao mesmo tempo.
— Não. — repito. — Você tem?
— Não, mas tenho dinheiro. Peguei da m... — Calino gagueja. — Da minha conta no banco. Acho que vou alugar um hotel, algo assim.
— Pode alugar pra gente também? — Rafael pede, interesseiro, e eu o olho com interrogação. — Te demos carona e também estamos sem lugar pra ir.
— Claro. Claro. Será um prazer. — Calino sorri.
Eu não gosto do sorriso dele. Na verdade, estou meio insegura com isso tudo, mas se o Rafael tá tranquilo, acho que posso ficar também. Seria bom darmos um crédito pro cara, a esposa dele acabou de falecer.