parte 20

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— Espera

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— Espera...ele tá...traindo ela? — levanto os ombros, sentindo as finas gotas de chuva pousarem na minha cabeça.

— Sim. — Rafael grunhe, claramente envergonhado da situação.

— E você não fez nada?! — cuspo as palavras, indignada.

— Se eu fizesse alguma coisa, acha que estaria vivo aqui hoje? — ele debocha, com um tom de seriedade. — Eu tentei falar com ele, Cíntia, mas...você sabe como é. — ele vira seu rosto pra mim, me dando uma boa visão do mesmo inchado e vermelho. — Sinto muito!

— Eu também. — digo após um decepcionado suspiro. — Por que as pessoas se casam? Sério, é tão inútil...! Em algum momento tudo vai dar errado, então pra que se preocupar com essas coisas? — sinto pontadas no meu estômago, e tenho vontade de chorar.

Rafael simplesmente dá de ombros, com uma expressão triste. Ficamos assim...parados um de frente pro outro numa calçada vazia, em meio à uma pré-tempestade. Quase igual as nossas vidas. Será?

— Ele te-

— Ele não me estuprou. — desvio.

— Mas se eu não tivesse chega-

— Sim, provavelmente. — engulo seco, sentindo sede.

— Você não vai voltar pra lá, né? Não depois do que aconteceu.

— Nós dois vamos voltar. — afirmo, decidida.

Rafael arregala os olhos e me fita com uma expressão nada bonita. Até mesmo pra ele.

— Como assim...? V-Voltar? Você tá louca? — ele aumenta o tom, e fica ansioso.

— Sim, voltar! Se ele tá traindo a minha mãe, nós temos que fazer justiça e contar a verdade! Por mais que isso não resolva as diferenças entre eles e nós. — exclamo.

— Caralho... — ele levanta o topete, indignado. — E você acha que a Amélia vai acreditar? Ela não confia em você, em mim, em ninguém!

— ...Foda-se! — sorrio, cínica. — Eu posso provar pra ela. Assim ele recebe uma surra de volta, os dois se separam e nós dois vamos poder fic.. — faço uma pausa, perplexa pelo o que quase falei. — ..ar livres. Pelo menos um pouco. — digo a primeira coisa que surge na minha mente.

— Então tá. — ele sorri, desconfiado. — Mas como você vai provar? — voltamos à andar pela calçada vazia, e os chuviscos diminuem.

— Com a única coisa que restou, além da minha dignidade. — também sorrio, me sentindo...vitoriosa. — Minha câmera!

— Vai tirar foto do meu pai transando com outra? — ele junta as sobrancelhas. — Não conte comigo!

— Ótimo, machão. Melhor sozinha do que mal-acompanhada. — dou de ombros, e apresso o passo.

O carro de Rafael está sem gasolina, então nós saímos de casa literalmente correndo, até chegar numa quadra distante. Lembro-me de minutos atrás, quando passamos por uma lanchonete que estava fechada e eu disse aleatoriamente pra ele: A minha mãe é uma típica vadia recatada.

Não pensei muito quando falei isso, mas eu só conseguia pensar em todos os namorados que ela teve antes de se casar com Luís. Colocava os machos dentro de casa sem ao menos me perguntar se seria um incômodo. Porque era. Sempre foi.

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