parte 14

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— O que acha que vai acontecer? — Rafael me pergunta, interrompendo o silêncio que se instalou desde que os policiais nos deixaram nessa sala fria

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— O que acha que vai acontecer? — Rafael me pergunta, interrompendo o silêncio que se instalou desde que os policiais nos deixaram nessa sala fria.

— Não sei. Não sou atualizada em direito. — cruzo os braços, cansada.

Eu me pergunto se deveriam ensinar isso nas escolas.

— O quê?

— Só queria te contradizer. — desabafo.

— Acho que vão nos mandar pra casa.

— Graças à você. Tinha que abrir a bocona. — olho pra ele, que me encara sério.

Os olhos e a boca dele me distraem do foco das conversas. São muito lindos pra serem reais.

— Eles iam descobrir uma hora ou outra, cabeça de vento. — ele dá ênfase na última parte.

— Nossa, que romântico. Estou tocada. — coloco a mão no peito, dramatizando.

Ele revira os olhos e eu faço o mesmo, só que segundos depois. A minha relação com o Rafael se baseia em brigas e beijos, e eu sei que não importa quão brava eu esteja, não vou deixar de amar ele. É uma coisa complexa de se pensar.

— Muito bem... — o oficial volta com os policiais. — Vamos levar vocês pra casa e lá esclarecemos tudo com seus pais.

— E depois? — pergunto.

— Depois o seu namorado vai responder judicialmente pelo que fez no posto.

— Como se não pagar o abastecimento fosse um baita crime, né? Por favor, moço... — debocho. — Sabe o que eu acho? Que vocês não deviam dar importância à isso, já que vai ser tudo resolvido quando voltarmos de onde sairmos.

— E sabe o que eu acho? Que você tá dando opinião demais. — ele sorri sem mostrar os dentes, e eu engulo seco.

— Mas o Rafael nem sequer conseguiu dar partida no carro direito, ele...nós... — perco as palavras, já ficando aflita.

— Agora quer me defender, Cíntia? — Rafael me questiona, lubrificando os lábios após a pergunta.

— Sim, mas eu to quase me arrependendo. — coço o nariz.

— Então se importa? — ele se aproxima, provocando.

— Não. — rio. — Claro!

Ele gargalha e me abraça, bagunçando um pouco meu cabelo, o que me faz empurrar seu ombro. Dei um selinho dele, pra finalizar o momento clichê e meio desnecessário, até porque estamos na frente da polícia.

— Terminaram? — o oficial pergunta, incomodado. — Temos que ir pra capital ainda hoje. Vocês têm direito à um banho e somente isso antes de ir. — ele diz e nós assentimos, receosos.

Viajar no carro da polícia é algo inovador e arriscado. Nunca quis tanto me esconder por baixo das janelas, ou me deitar no banco de trás e dormir. Algo que eu nunca fiz, mas seria agradável agora.

Rafael cochilou um pouco no meu colo, enquanto eu roía as unhas de tanta ansiedade. Os policiais olhavam pro banco de trás o tempo todo e nós faziam cada vez mais perguntas. Voltar pra casa não vai ser benéfico. Talvez pra nossa saúde física, mas pra mental não.

Quem que gostaria de voltar pro lugar onde quase foi estuprada? Onde foi assediada duas vezes e recebeu castigos incompreensíveis? Onde foi humilhada, controlada e ignorada pela própria família? Lá vou eu de novo, pro meu pior pesadelo.

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