parte 12

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Chega um momento em que viajar de carro começa a ficar entediante

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Chega um momento em que viajar de carro começa a ficar entediante. Ainda mais quando não se tem um destino programado. Pra onde nós vamos agora? Ficar perambulando por aí, lavando louça em troca de comida não parece uma boa.

— Merda...! — Rafael xinga baixo quando percebe algo.

— O que foi? — pergunto, acordando dos meus pensamentos.

— Tem alguma coisa acontecendo com o carro. Merda! É o nosso meio de transporte! E se não consegui-

— Acabou a gasolina. — interrompo ele, checando o visor.

Ele assente e sai do carro em seguida. Às vezes parece que eu sou a mãe dele. No jeito bom. Se é que teria um jeito bom nisso. Esquece o que eu falei.

— Vamo ter que empurrar. — ele alerta.

— Pra onde? — saio e fecho a porta com força, algo que ele não gosta muito.

Eu faço pra irritar, mas ele sabe que eu amo ele.

— Qualquer lugar que possa ter gasolina.

— Então é só dizer "posto". — cruzo os braços.

— Não tem posto por aqui. — ele olha ao redor.

— Se ficarmos parados, realmente não vamos achar nada. — sorrio, e me posiciono pra empurrar o carro.

Rafael faz o mesmo e nós começamos. Até que não é tão ruim quando eu achei. Uma espécie de exercício pra variar. Parecemos dois sedentários em apuros. Dois perdidos (fodidos). Empurramos por quase um quilômetro, mas pelo menos chegamos em um posto.

Não temos dinheiro suficiente pra pagar gasolina. O que usamos até agora era dos tanques reservas do pai do Rafael, mas eu duvido que tenhamos saída agora que acabou tudo. Um cara nos cumprimentou e começou a fazer as perguntas necessárias pro loiro.

— Vou dar uma olhada na loja. — aviso, me distanciando.

Abro a porta de vidro e sinto o ar gelado vindo de dentro.

— Boa tarde. — a moça atendente diz.

— Boa tarde. — não olho pra ela, de tão faminta que fiquei enquanto toco nas prateleiras.

— Vai querer alguma coisa? — ela pergunta.

— Eu acabei de entrar. — digo sem expressão.

— Ah, entendi, desculpe. — ela se afasta.

— Tudo bem. — dei risada, olhando os chaveiros pendurados próximos ao balcão.

Fiquei tão entretida que não parei pra olhar como Rafael estava se saindo. Chego à pensar se deveria pegar alguma coisa e guardar dentro da roupa, mas pelo jeito estou sendo vigiada aqui dentro. Peguei um pacote de chiclete, mas coloquei de volta em seguida, por insegurança.

Eu não sirvo pra isso, penso.

— Algum problema, moça? — a atendente do balcão pergunta.

— Vocês vendem bebida alcoólica? — digo a primeira coisa que me veio à cabeça.

— É...Não. — ela balança a cabeça lentamente.

— Você é maior de idade? — a outra pergunta.

— Tenho dezoito. — minto.

Eu tenho quase dezoito, isso vale?

— Pode mostrar a identidade? Você veio com quem?

— Eu esqueci a identidade, mas eu sei que tenho dezoito, tá? — gargalho.

— Sinto muito, mas não podemos vender álcool à crianças. — ela dá ênfase em "crianças".

É quando sem querer, meu olho bate na janela e eu vejo Rafael em uma discussão bem estranha com o cara que abasteceu o carro. Então já deu pra entender que não temos dinheiro. Pois é. Não há mais nada pra fazer à não ser: fugir.

— Nem... — dou passos pra trás e me aproximo da porta. — uvas sem caroço? — brinco, antes de sair correndo.

— Ei! — ouço um grito de dentro da loja e outro do lado de fora.

— Cíntia! — Rafael grita, abrindo a porta do carro.

Entramos juntos e o cara que abasteceu fica na frente, nos bloqueando. Ele levanta os braços e sinaliza pra gente sair, mas eu não movo um dedo.

— E agora? — sussurro, quase em prantos.

— Sai do carro, diz que eu te sequestrei, qualquer coisa. — Rafael levanta o topete, já suado.

— Não! Nós fizemos isso juntos! — exclamo. — Quer saber? Foda-se. Pisa nesse acelerador.

— E o cara?! — Rafael ri, em choque.

— Ele vai sair. Anda!

Rafael buzina três vezes mas o cara não sai da frente.
Eu fecho os olhos com força e só ouço o barulho do carro ligado e direcionado.

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