parte 18

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RAFAEL NÃO ME LIGA DESDE ONTEM

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RAFAEL NÃO ME LIGA DESDE ONTEM. Ele nem deu as caras por aqui, o que disse que faria assim que terminasse algo do trabalho. Nem parece aquele cara que disse que não me deixaria sozinha nunca mais. Será que estou pedindo demais? Talvez esteja sendo um pouco egoísta.

Não faço ideia. Prometi à mim mesma esperar ele retornar. O que me conforta e assusta ao mesmo tempo é a possibilidade dele estar procurando o pai. Ou talvez se virando nos trinta pra dar um jeito nele. Que merda, odeio ficar sem saber o que acontece.

Desço do ônibus com minha bolsa pendurada no braço. Chego no endereço do casal que vou fotografar hoje. Casa número 76, muro verde alto e com uma macieira enorme no jardim.

— Oi. Amor, a Cíntia chegou! — Eduardo me cumprimenta e chama pelo seu namorado.

— Eu me atrasei? Desculpa, o ônibus demorou hoje. — me explico, dando um sorriso simpático.

— Tudo bem, mulher. Já estamos com tudo. Podemos ir? — ele pergunta quando Miguel, seu companheiro, aparece.

— Tudo bem, Cíntia? — Miguel pergunta.

— Tudo. — respondo, lembrando mentalmente à mim mesma que eles não precisam saber dos meus problemas. — Vamos.

Entramos no carro deles, e Miguel dá partida. Marcamos a sessão de fotos num salão que tem na casa da tia do Eduardo. Eles pretendem fazer um evento em comemoração ao aniversário de namoro e querem pôr as fotos de hoje em quadros nas paredes.

Ao chegarmos, noto a grandeza do salão. Eduardo me apresenta à sua tia e ela me oferece um café. Resolvo aceitar, pois o percurso me deu sede. Relaxamos e conversamos um pouco antes da sessão. Eles me disseram como será a decoração da festa e eu desejei toda a sorte do mundo pro casal.

— Miguel, quando eu disser já, você joga o glitter, ok?

— Ok. — ele confirma.

— Um, dois, três e...já!

Ele joga o glitter pra cima e os dois dão gargalhadas genuínas, o que melhorou tudo. Depois da purpurina, fizemos com doces. Eles colaram alguns em seus rostos e morderam juntos um cupcake azul. Após essa parte, eles trocaram de roupa e eu pedi que se sentassem em uma poltrona marrom retrô.

— Tchau, Cíntia. Adorei, você é muito competente. — Miguel me agradece com um abraço, assim que voltamos pra casa deles.

— Foi um prazer, meninos. Vocês merecem serem felizes. — digo honesta e profundamente.

— Você também, garota. Não pense que não reparamos no seu semblante triste. — Eduardo diz.

— Ah... — é tudo o que consigo dizer, antes que terminasse, eles me abraçam de novo, juntos dessa vez. — Obrigada.

Nos despedimos e eu vou até o ponto de ônibus mais próximo. Enquanto espero, lembro da ótima noite que tive com as minhas amigas. Nessa hora, Karine deve estar à caminho do Rio de Janeiro, prestes a continuar sua carreira de modelo.

Embarco lembrando de quando fotografávamos festas de quinze anos. Tão novas, aos dezesseis anos. Eu nem imaginava que minha vida tomaria tantos caminhos diferentes e estressantes. Hoje me olho e vejo que me tornei uma mulher fracassada. Não é um trabalho que vai me gerar sucesso.

Sou uma fracassada de alma.

Sem dar a mínima pra algum assaltante que possa estar me observando agora, pego meu celular e ligo pro Rafael.

— Atende, atende. — murmuro sozinha, sentindo um nó na garganta.

— Alô? — alguém finalmente atende, mas não é o loiro, é uma mulher.

— Quem é você? — pergunto.

— Alessandra. Você quer falar com o Rafael, imagino.

— Sim... — digo sem muita certeza.

— Ele não pode falar agora, tá ocupado. E eu acho melhor você não ligar mais hoje. Tchau. — ela desliga na minha cara.

— Mas o que... — balanço a cabeça, confusa.

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