parte 19

944 86 3
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Às vezes as coisas ruins fazem mais sentido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Às vezes as coisas ruins fazem mais sentido. Se alguém conhecido me pegar fumando esse cigarro enorme aqui e agora, vai dizer que faz mal pra saúde, que eu sou muito nova pra ter vícios ou que eu preciso de sexo pra me distrair da tristeza.

Rafael entrou no supermercado pra comprar os iogurtes e enrolar minha mãe enquanto conversamos no tempo livre. Fiquei do lado de fora, pedi isqueiro e cigarro pra uma mulher que passou e cá estou, triste e sozinha. Ou algo pior que isso: esperando.

Esperar é sufocante. Esperar que algo bom aconteça. Esperar que a tristeza vá embora por si só.

— Dá pra largar isso? — Rafael reclama, sentando no banco de cimento ao meu lado.

— ...Pode me abraçar? — trago.

— Posso, mas por quê? — ele pergunta.

— Precisa ter um motivo? Se tiver, me diz, que eu invento agora mesmo. — brinco. — Só to cansada.

— Eu também. — ele joga o cigarro pro lado como se não fosse nada e me abraça forte.

— Jura? — tiro apertadamente.

— Luís é um babaca. Ele destruiu nós dois.

— É, eu sei. — respiro fundo.

— O que quer fazer?

— ...Sério? Quer fazer algo?

— Eu sei que você quer. — ele diz, convencido.

— Sim, eu quero. — sorrio. — Não tenho ideia do quê, mas profundamente quero.

— Podemos tomar esses iogurtes e fazer algo divertido, primeiro? — ele sugere, levantando a sacola.

— Falou como um aventureiro em série, agora.

— É o que eu sou, Cíntia. — ele se acha.

— Aham, claro. — tusso.

Tomamos os copos de iogurte um por um, enquanto conversávamos sobre os planos pro Luís. A minha mãe eu posso até aturar, mas o Luís...ele não. Quando eu terminei o último copo, Rafael me puxou pelo braço e nós corremos pelo estacionamento do supermercado, rindo.

Chegamos à um parque e nos sentamos por uns minutos na grama, junto de algumas crianças.

— Oi. — uma menininha chegou em mim.

— Oi. — sorri, sem jeito.

— Seu cabelo é bonito. — ela mal conseguia levantar a cabeça de tanta vergonha.

— Brigada. O seu também. — alisei o rosto dela, e senti meus olhos queimarem de emoção.

Não demorou muito e ela foi embora com os outros.

— Seu cabelo chamou a atenção da criançada. — Rafael brinca, me encarando com esses olhos azuis brilhantes.

— Não começa. — levanto uma sobrancelha.

— Comecei nada. — ele levantou as mãos, se defendendo. — Você é linda, sabia?

— Não paro pra pensar nisso. Você para? Narcisista! — brinco, colocando o dedo no peito dele.

— Não começa você também! — ele resmungou, e eu gargalhei.

Queria que os momentos fossem todos assim. Felizes e descontraídos. É difícil pensar em felicidade com tanta coisa acontecendo, mas no fundo, todos merecemos um pouco de alegria. Minha alegria é o Rafael. Ele passou de chatice, pra esperança, e agora: alegria.

inside [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora