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Dizem que a solidão te faz refletir e tomar as melhores decisões possíveis. Provavelmente não é verdade, já que a realidade é muito mais complexa do que reflexões e perdas de tempo. Tudo acontece tão rápido, que às vezes eu me pergunto: aconteceu mesmo?
Fiquei no quarto até dar o horário do almoço e Rafael chegar em casa. Minha mãe se atrasou dessa vez, mas telefonou para Luís e os dois discutiram sobre dinheiro. Acho que ela não volta pra casa hoje.
Não sei exatamente o que aconteceu na cozinha horas atrás, mas eu fico cada vez mais assustada. Não só pelo o que o Luís fez, mas também pelo o que vão dizer se eu resolver tomar palavra e contar tudo.
Num país como esse, onde tratam a figura feminina como a vilã de qualquer situação...não duvido que a minha mãe me culpe pelo o que houve.
Talvez ela diga que eu imaginei coisas, ou até que eu estou me sentindo atraída pelo meu próprio padrasto. Isso...é ridículo! É nojento! Só me dá uma imensa raiva dessa família que ela fez questão de construir.
Raiva. Apenas raiva? Não. Talvez um pouco de rancor, muita decepção e...uma pitada de esperança.
Rafael me dá esperança. Sim, um cara que sem a menor das intenções, me fez ficar caidinha por ele. Apaixonada? Talvez. Não importa, de qualquer maneira.
— Você tem um tempo? — chego na porta do quarto dele, que organiza umas coisas da mochila em cima da cama.
— Tenho. — ele junta as sobrancelhas, e gesticula para eu me aproximar.
Me sento ao seu lado na cama, e apenas olho pra baixo. Não sei o que quero dizer à ele, mas qualquer coisa que me deixe longe do casal perturbado já serve.
— Sabe andar de bicicleta? — pergunto vagamente, tentando tirar a cena horrível que se repete na minha cabeça.
— Claro. — Rafael gargalha, sem graça.
— Legal... — sorrio fraco, desapontada.
— Quer andar de bicicleta, por acaso? — ele arregala os olhos, confuso.
— Não, claro que não. — nego com a cabeça, ofendida. — A não ser que você queira. — brinco, entre risos.
— Seria legal, mas não temos bicicleta aqui...eu acho. — ele sorri largamente, e eu me derreto.
— Eu sei onde tem. Bicicleta e companhia. — estendo minha mão pra ele, e com receio, o loiro me acompanha discretamente para fora de casa.