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— Posso falar primeiro? É uma notícia muito foda, você vai surtar! — Karine dá um sorriso largo, e segura meus braços.
— Tá, fala. — dou uma risadinha, me sentando na cadeira ao seu lado.
— A minha mãe conseguiu um job de modelo pra mim, em Florianópolis! — ela se remexe na própria cadeira.
— Florianópolis? Pra quando? — arregalo os olhos.
— Semana que vem. Eu vou ter que passar uns três meses por lá, mas a minha mãe dá um jeito pra eu recuperar as matérias perdidas da escola. — Karine levanta os ombros, e eu sorrio com sua empolgação.
— Três meses? Uau! — é tudo o que eu consigo dizer.
Não dá pra pedir a ajuda dela depois disso. Minha amiga finalmente vai realizar o próprio sonho, de se tornar uma modelo. Se eu não posso realizar o meu – ainda – devo ficar feliz por ela e apoiá-la.
— Vou sentir saudades. Você vai ficar bem? — ela nota minha expressão pensativa.
— Claro. — engulo seco. — Aproveito pra ficar em casa estudando, pra recuperar as notas em matemática. — tento não parecer decepcionada.
Isso foi uma facada no peito. Eu não deveria estar tão mal pelo sucesso da minha melhor amiga. Ela não tem a obrigação de me ajudar a fazer as coisas, quando eu posso muito bem fazer sozinha.
Isso mesmo. Eu vou descobrir esse segredinho da minha família sozinha. Nem que eu tenha que arriscar tudo o que me resta.
— Você ia me falar uma coisa. Conta! — ela se empolga mais ainda.
— É que... — levanto as sobrancelhas rapidamente. — Eu dei uma improvisada no cenário da minha casa e tirei umas fotos legais. Depois te mostro. — sorrio fraco.
— Ah, legal. — ela se vira novamente para seu celular, e eu tiro meu caderno da mochila, começando então a desenhar qualquer coisa nele.
Aos poucos, os outros alunos começam a entrar na sala e sentar em seus lugares. Gisele, uma outra amiga minha, senta-se à minha frente e assim que se acomoda, olha pra mim com uma expressão curiosa.
— Cíntia, você vai ficar de recuperação de novo? — ela gargalha, e eu levanto o olhar, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Que?! — resmungo, incrédula.
— É o que parece, já que a professora de matemática não larga do seu pé... — ela levanta uma sobrancelha, e dá um sorrisinho cínico.
— Eu posso até ficar, mas duvido que a minha mãe pague. — digo, entre risos.
— Você podia tentar fazer um acordo com a Rosana. Quem sabe ela te ajuda com pontos extras? — Gisele diz, ingênua.
— Não to com pique pra isso. — reclamo, preguiçosa.
— Nossa, sério? — ela junta as sobrancelhas.
— Quero focar em outra coisa agora. — penso alto, olhando o grande quadro branco na frente da sala lotada.
— No seu irmão mais velho gato? — ela joga o cabelo pra trás.
— Ele não é meu irmão! — reviro os olhos.
— Mas é gato. — ela ri.
— Só um pouco...sei lá. — reviro os olhos, de novo.