parte 8

296 29 12
                                    

ELE FEZ QUESTÃO DE me levar em casa, então aceitei

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

ELE FEZ QUESTÃO DE me levar em casa, então aceitei. Foi boa essa noite. Me senti segura, em paz. Agora estamos subindo pelo elevador e conversando sobre o caderninho preto do loiro, o qual ele gosta de desenhar e escrever pensamentos, sentimentos, essas coisas.

— Um dia eu quero ler tudo. Não sabia que você gostava tanto assim de desenhar como tá falando. — comento quando paramos em frente à porta da minha casa.

— É um bom passatempo. Bem mais saudável do que destruir os pulmões com cigarro, Cíntia. — ele levanta uma sobrancelha e me olha com repreensão.

— Desculpa se eu não sei desenhar. — dou de ombros e giro a maçaneta após destrancar a porta.

— Nem vem com essa, porque-

— Cíntia, Cíntia! — Rayane interrompe Rafael gritando meu nome desesperada na sala.

— O que aconteceu, Rayane? — pergunto ao ver ela vir até nós e segurar meus braços.

— Seu pai sumiu. Ele não tava aqui quando eu cheguei.

— Mas ele pode ter saído pra qualquer lugar e depois volta. — justifico.

— Não, não é só isso. Ele levou todo o nosso dinheiro. — ela fala com as mãos na cabeça.

— O quê? — pergunto indignada. — Não, não pode ser. Não pode. — começo a revirar os móveis e em seguida o meu quarto.

— Cíntia. — Rafael chama minha atenção.

Volto pra sala sentindo uma angústia gigantesca.

— Ele...Como eu sou burra! — xingo à mim mesma e me jogo no sofá, cheia de raiva.

— Espera, amiga, quem sabe se eu procurar melhor? — Rayane tenta me tranquilizar.

— Não adianta. À essa hora ele teve estar longe. — respondo de cabeça baixa.

— Eu tava falando do dinheiro. — ela diz sem graça.

— Os dois estão. — o loiro fala, e nós vemos Rayane sair porta à fora sem dizer nada.

Me sinto uma imbecil por chorar tanto. Mas não consigo controlar. É uma desgraça atrás da outra. Rafael se aproxima e me abraça de lado.

— Rafael, vai embora. O quanto antes melhor. — digo sem olhar nos seus olhos.

— Eu não vou sair daqui, Cíntia. — ele fala com convicção. — Você devia ter tomado mais cuidado com aquele cara. Ele pode até... — ele para de falar quando percebe minha reação piorando cada vez mais.

Me arrasto pelo sofá e sento no chão, me debulhando em lágrimas. Em pouco tempo Rayane volta e diz:

— O porteiro viu ele saindo com uma mochila nas costas de fininho. — ela fica parada sem saber bem o que fazer.

Me encolho no canto e abraço meus joelhos. Começo a tremer por conta do frio que invade o cômodo.

— Eu quero ficar sozinha. — digo em grunhidos.

— Não vou te deixar sozinha, Cíntia. — Rayane cruza os braços.

— Muito menos eu. Ei, tá tudo bem. — Rafael se aproxima e tenta me abraçar, mas eu o empurro.

— Você não entendeu ainda?! — aumento o tom de voz e percebo ele se assustar. — Vai embora. Vai! Some daqui! — acabo gritando.

— Não! Eu não vou! — ele grita de volta, fazendo eu me levantar e ficar à sua frente. — Podemos passar por isso juntos! Ou você esqueceu tudo que eu já fiz pra ficar contigo?! Não vou desistir de você agora! — ele esfrega os olhos, que já estão molhados. — Puta merda, menina...!

Não lembro se algum dia o vi chorar assim.

— Gente. — Rayane quebra o silêncio que se instalou. — Vamos nos acalmar? Por favor?

— Eu vou no banheiro. — digo já apressando o passo.

— Cíntia, não. — Rafael me puxa pelo braço. — Não faz isso. Você não pensa?!

— No que isso vai importar depois? — dou de ombros e minha voz quase não sai. — Me deixa. — me afasto dele e ando até o banheiro.

— Cíntia! — dessa vez é Rayane que grita, ela se põe na minha frente e bloqueia minha passagem.

— Merda. Tá bom! Tá bom. — dou um passo pra trás e olho pro loiro uma última vez, antes de sair porta à fora.

Me sento na calçada e fico olhando pro céu. Fecho os olhos quando sinto gotas caírem sobre mim. Já encharcada, eu levanto e me viro, vendo Rafael, à uns dois metros de distância, todo molhado também.

Andamos na direção um do outro e paramos quase colados.

— Não tente fazer eu te odiar. — ele põe a mão no meu rosto. — Nunca vai dar certo. — sua voz está ofegante, como se ele tivesse corrido uma maratona.

— Rafael-

— Eu tô aqui, não tô? — ele acaricia minha pele e eu afasto suas mãos de mim.

— Agora. — passo por ele de cabeça baixa.

inside [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora