parte 23

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— Amélia, já falamos sobre isso

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— Amélia, já falamos sobre isso... — Luís grunhe no telefone, enquanto folheia alguns papéis em uma pasta. — Como é que eu vou saber quando a sua filha tá estranha? Faça-me o favor! — ele enfim segura o celular como deveria.

— Você sabe o tanto que eu luto por essa família?! Vocês não me respeitam e nunca vão me respeitar! Quero que se danem, todos! — consigo ouvir os gritos furiosos da minha mãe do outro lado da linha, e arregalo os olhos, perplexa.

Quanto mais as horas se passam, mais eu me surpreendo. Como eles chegaram ao ponto de querer se casar, sendo que nem se dão tão bem assim? Fica a dúvida.

— Não, eu sei...me desculpa, tá? Eu to nervoso por causa do trabalho. — ele passa os dedos na testa franzida, respirando fundo. — Tenho uma reunião agora, querida. Não posso perder tempo com bobagens. Beijo, te amo! — ele desliga sem querer resposta.

Preparo minha posição pra sair do porta-malas assim que perceber que ele já entrou na casa da outra mulher. Espero que não tenham muitas pessoas na rua, ou melhor, nenhuma pessoa.

Luís tem uma mania estranha de não trancar o carro quando vai visitar pessoas mais "íntimas". Isso se torna algo conveniente numa situação como essa. Pois é. Bom...é isso, vou sair logo daqui.

Esperei um tempo pra garantir que ele realmente se distanciou do carro. Uso toda a minha força pra levantar a tampa com auto-falantes que está acima de mim – coisas de pessoas com fetiches em carros detalhados –.

Chego no banco de trás, e respiro fundo antes de abrir a porta do mesmo. Agradeci aos deuses pela película escuríssima que o velho colocou nas janelas, mês passado. Isso está me ajudando, pra que ninguém me veja do lado de fora.

Senti meu coração desacelerar quando a brisa veio ao meu cabelo, esvoaçando-o. Não acredito que eu realmente consegui fazer isso! Eu sou...maluca.

Luís estacionou em um jardim gramado, e em frente do mesmo, há uma casa amarela creme, até que bem estabilizada. Segundo andar, janelas brilhantes, uma varanda impecável. Tenho receio de abrir a porta central, então paraliso minha mão preparada por alguns segundos.

O mais difícil já foi feito, agora é só fazer o que você sabe, pensei.

Abro cuidadosamente a grandiosa porta de madeira brilhante, e percebo a maioria das luzes apagadas, apesar de ser fim de tarde. Ignoro esse fato, e dou uma olhada rápida pelo primeiro cômodo: a sala.

Seguro minha câmera firmemente quando ouço um grunhido vindo do fim do corredor. Então isso vai mesmo virar uma coincidência? Eles estão fazendo o que eu previa que fariam. Legal, isso me ajuda muito. Luís, se um dia você ler isso, primeiramente: queime no inferno.

E segundamente: muito obrigada por me entregar de bandeja o seu adeus à minha vida.

— Você vai me comer direito, coroa? — diz a jovem morena sedutora, desabotoando a camisa social do meu padrasto.

Posiciono meu objeto milagroso e começo a fotografar a cena, na brecha da porta entreaberta do quarto cinza claro. Minha mãe vai adorar isso!

— Só se você prometer gemer bastante no meu ouvido. — Luís segura o quadril da mulher contra ele, e ela rebola devagar.

Eles começam a se beijar e o clima esquenta. Sorrio involuntariamente, pensando no quão orgulhosa a minha mãe vai ficar, de ver a filha aberração dela praticamente salvar sua vida.

Mas apesar disso, eu vou ficar muito feliz de humilhar o Luís na frente das pessoas que ele acha que controla. Depois do que ele fez – ou quase fez – comigo, nada de ruim que acontecer com ele vai ser o suficiente.

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