parte 17

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— Deixa eu ver se entendi

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— Deixa eu ver se entendi... — Rayane nos olha de cima a baixo, ajeitando sua bolsa de ombro dourada e balançando levemente suas argolas também douradas. — Vocês querem que eu empreste duas bicicletas do meu pai pra passearem, e não me convidaram? — ela estreita os olhos e dá um sorrisinho de lado.

— Eu até convidaria, mas você parece estar de saída. — dou de ombros, e Rafael parece inquieto ao meu lado.

— To mesmo. Mas não tem problema. Os pombinhos podem ir dar um rolê à sós. — ela faz um gesto estranho, divertida.

— Pombinhos, não. — Rafael e eu falamos ao mesmo tempo.

— Irmãozinhos, então? — Rayane volta a sorrir, debochada.

— Não! — respondo, ofendida. — Pode dizer onde estão as bicicletas? — mudo de assunto, já constrangida.

— No quintal. Agora eu preciso ir, que to atrasada. — ela passa por nós, apressada. — Não se preocupem com as trancas das portas, a minha mãe já vai voltar pra casa. Beijo!

Respiro fundo, enquanto entramos na casa da Rayane – que por coincidência mora no mesmo condomínio que eu – e passamos pelo corredor. A família dela mudou quase tudo da planta original da casa. Foi até que bem complicado achar a porta que vai pro quintal.

Enfim na cozinha. E numa porta estreita de vidro no canto do cômodo, uma luz solar reflete em nós dois, chamando a atenção. Abro-a lentamente, e assim que vejo as bicicletas no gramado brilhante do quintal, corro para as mesmas.

— Agora sim. — sorrio vitoriosa, assim que escolho a minha.

— Por que o pai dela tem um monte de bicicletas? — Rafael pergunta vagamente, quando escolhe a dele sem pensar muito.

— Ele é dono de uma loja gigante delas. Aí de vez em quando traz algumas pra cá. A Rayane e eu costumávamos apostar corrida. — relembro as boas memórias desse tempo.

— Entendi. — ele dá uma risadinha fofa.

Levamos as duas bicicletas até a entrada da casa, e eu fiquei feliz por ter dado certo até agora. Junto as sobrancelhas quando vejo Rafael parado enquanto segura a bicicleta, um pouco sem graça.

— Tá esperando o que? Sobe. — dou de ombros.

— É que...tá bom, eu vou falar a verdade. — ele gagueja, coçando a nuca. — Eu não sei andar de bicicleta.

— O que?! — eu exclamo, desacreditada.

— Cala a boca! Qual o seu problema, Cíntia? — ele se irrita, quase derrubando a bicicleta que segura.

— Me diz você, Rafael. Como assim não sabe? — arregalo os olhos, indignada.

— Desculpa se eu não tive uma mamãe que me mimasse e fizesse companhia à todo tempo. — ele debocha, e eu reviro os olhos.

— Meu filho, se você quer fazer alguma coisa, você vai fazer! Independente se tem mãe presente ou não. — rebato rapidamente. — E se quer usar minha mãe como exemplo pra argumento, é bom procurar algo bom que venha dela. — brinco.

— Você vai me ajudar ou não, cabelo de iogurte? — ele se irrita de novo.

— Claro. É pra isso que servem as irmãs! — debocho, me aproximando dele.

— Você não é engraçada, Cíntia. — ele diz ofegante, montando na bicicleta e tentando se equilibrar na mesma.

Uma cena muito engraçada, por sinal. Realmente ele não é tão perfeitinho como eu achei que fosse. Ninguém é! Isso é algo que eu preciso ir aprendendo ao longo do tempo. Tenho costume de me iludir facilmente achando que as pessoas têm as vidas melhores do que a minha.

Bem white girl's problems, mesmo.

— Bom, você vai pedalando e quando se sentir equilibrado, me avisa pra eu soltar o assento. — digo naturalmente, tentando passar confiança, mas mal consigo conter a risada.

— Se eu cair, você vai me levantar. — ele diz, claramente amedrontado.

— Quase como uma frase motivacional, né? — brinco, começando a segurar o assento da bicicleta dele enquanto o mesmo pedala.

As coisas mal começaram a dar certo, e já vão para um extremo. Tudo desmoronou por um segundo, como num susto. Quer dizer, Rafael levou um susto, o que me fez assustar também, e no fim...nós quase caímos no chão.

— O que pensam que estão fazendo?! — Luís aparece de repente gritando, o que chama a atenção de algumas pessoas que passavam por nós.

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