parte 3

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— Vamo pra ali! — aponto pra uma mesa central com um vaso gigante de rosas brancas

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— Vamo pra ali! — aponto pra uma mesa central com um vaso gigante de rosas brancas.

Karine assente e nós vamos até a mesa. Fotografo rapidamente alguns detalhes da miragem, mudando o ângulo. Ah, como eu amo isso. Quem me dera passar a vida fazendo o que eu realmente gosto e que me inspira cada vez mais.

Essa festa em que estamos foi planejada por uma senhora muito gentil do meu condomínio. Eu acabei me intrometendo numa conversa dela com uma amiga, dizendo que poderia ajudá-la com as fotos do evento, e cá estou eu. Ou nós.

Se bem que a Karine não está tão animada com esse trabalho quanto eu.

— Dá uma olhada naquela garota. — Karine se aproxima de mim e aponta discretamente pra uma menina chegando toda glamourosa na festa. — Podia ser eu, né? — ela sorri, e eu reviro os olhos.

Arregalo um pouco os olhos, ao ver a garota sendo tão paparicada pelos convidados. Provavelmente ela é a homenageada. Com a empolgação, nem sequer perguntei a senhora que me contratou à respeito do tema e tal. Seria um...aniversário?

— Acho que ela é a aniversariante. — dou de ombros.

— Você não sabe? Quem foi falar com a anfitriã foi você, meu anjo. — Karine me questiona, cruzando os braços.

— Só cala a boca, e vem. — puxo ela pelo braço e nós vamos até a garota glamourosa.

— Oi, você é a fotógrafa Cíntia Cardoso? — ela sorri, assim que eu me aproximo.

— Sim. — sorrio de volta, entusiasmada.

É tão bom ser chamada de "fotógrafa", mesmo eu não sendo uma realmente. Pelo menos não tão publicamente quanto eu gostaria.

— A minha mãe disse que seria você a fotografar a minha festa de aniversário, então eu só quero agradecer. Muito obrigada! — ela coloca as mãos no peito, quase chorando.

— Eu que agradeço. — respondo, tentando não soar tão feliz.

— E eu sou a ajudante dela. — Karine entra na conversa, sem graça. — Me chamo Karine, prazer.

As duas se cumprimentam, e eu olho em volta da festa. Algumas pessoas estão se aproximando pra falar com a menina. É aí que eu percebo o nosso pequeno erro: não viemos vestidas adequadamente pra uma festa chique de aniversário.

Aparentemente de 15 anos.

Não tinha o que fazer. Se eu viesse toda arrumada, alguma coisa podia dar errado. Mas a Karine? Que eu saiba os pais dela são super legais e liberais com ela e suas escolhas. Que inveja!

— Meu nome é Carol. To fazendo 15 anos. — ela balança um pouco o vestido, emocionada.

— Legal... — digo sem pensar, e Karine me dá um leve empurrão no ombro. — Quer dizer, parabéns. — sorrio, sem graça.

Carol gargalha, e cumprimenta umas pessoas ao nosso lado. Acho que precisamos continuar o trabalho, e não bater papo com a homenageada.

— A gente precisa ir, continuar tirando fotos dessa festa incrível. — fujo, educadamente. — De novo, parabéns!

— Valeu. Adorei o seu cabelo! — ela grita, assim que nós nos distanciamos.

Karine e eu voltamos à festa, e aguardamos em um grupo que esperava Carol chegar de surpresa, como geralmente acontece nas festas de 15 anos. De repente todas as luzes se modificaram, e todo mundo bateu palmas.

Carol aparece com seu grupo de amigos, e todo mundo começa a gritar seu nome. Foi emocionante até pra gente, que não a conhecemos. E talvez porque eu nunca fui numa festa assim. Meu aniversário de 15 teve apenas uma viagem pra Florianópolis que terminou na morte do meu avô materno.

Essa história não precisava ter sido contada num momento tão legal como esse, então só releva.

Depois de várias horas que se passaram bem rápido, a festa se encerra e quando estávamos indo embora, Carol aparece com sua mãe e elas nos dão um pote com docinhos. Foi legal, porque ficamos tão ocupadas tirando fotos, que não conseguimos arrumar tempo pra comer.

Não que eu esteja reclamando.

Comemos tudo no caminho de casa, enquanto ríamos dos momentos engraçados que passamos na festa e de como a Carol foi gentil. Porque convenhamos, é difícil pra caralho achar adolescentes legais por aí. Eu não sou uma delas, então eu sei bem disso.

Nos despedimos na porta do meu condomínio, e Karine ficou com o último brigadeiro do pote. Caminho um pouco até entrar na minha rua e tentar ver de longe se as luzes da garagem estão acesas.

Fecho a porta devagar e tentando ser o mais inaudível possível. Não deu certo.

Em pouco tempo minha mãe e Luís aparecem na sala de estar, me dando um leve susto e com expressões nada legais.

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