parte 6

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Não conseguir dormir é uma merda

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Não conseguir dormir é uma merda. Quer dizer, tem o seu lado bom: você instantaneamente pensa nas coisas que precisa fazer pra atualizar sua vida, como pagar uma conta, se depilar, comprar absorventes, qualquer coisa assim.

Rafael tem o sono leve, mas é melhor saber que ele tá de olhos fechados do que ver ele vigiando o carro por toda uma madrugada. Eu gosto de acariciar o cabelo dele quando fico sem dormir, faz o tempo passar mais rápido. Por ironia, dessa vez eu não fiz isso.

Levantei da cama, vesti um casaco e saí do quarto. Talvez caminhar um pouco pelos corredores ajude. Péssima ideia, logo de primeira. Andei, andei, andei e nada de cansaço. Nada de bocejo, nada de preguiça. Quando isso acontece, eu gosto de pensar numa vantagem: eu não sou mais criança.

Quando uma criança não consegue dormir, ou ela vai se cagar de medo, ou ela vai aprontar alguma. Já vi que andar pelos corredores que nem um fantasma não vai ajudar em nada, então talvez seja melhor eu ir pra recepção. O hotel é aberto vinte e quatro horas, então vai ter mais coisa pra ver do que só portas fechadas.

— Algum problema, moça? — o recepcionista pergunta ao me ver saindo das escadas.

Você pode me fazer dormir?

— Não. — sorrio, natural.

Ele volta a digitar no computador e eu aproveito pra me sentar em uma das poltronas em frente à janela. Uma pena ser noite e não dar pra ver absolutamente nada da rua. Não que de dia tenha alguma coisa. É só uma pista e um pouco de mato.

A porta se abre dentro de cinco minutos e um cara fardado entra. Um policial. O que um policial faz aqui à essa hora? Algo suspeito demais pra uma menina inocente e coitada como eu. Tá bom, Cíntia, sem drama. É só um cara, o que pode acontecer?

Ele se aproxima do balcão e cochicha alguma coisa pro recepcionista, o que faz ele negar com a cabeça pelo menos umas três vezes e fazer uma cara de choque. Imagino se Rafael ainda dorme, se ele notou que eu saí, se o Calino também tá por aí.

O policial sai tranquilamente e eu me levanto da poltrona. Troco o olhar entre o balcão e a porta, confusa, mas não deixo de me aproximar do atendente pra saber o que tá acontecendo.

— Aconteceu alguma coisa...? — pergunto vagamente.

— Não, é que estão procurando um cara aí pela cidade. Parece que ele matou e roubou a própria esposa, não entendi direito. Mas esse cara tá por aí solto e sozinho. Temos que ter cuidado, foi basicamente isso. — ele explica, meio ofegante.

— Sabe o nome desse homem? — arregalo os olhos, já angustiada.

— Não. Ele não falou. — ele nega com a cabeça.

— Merda. — fechei meus olhos com força, sentindo uma raiva incomparável. — Não pode ser... — sussurro sozinha.

— Tudo bem, moça?

— Tudo, tudo. Só...Eu acho que vou subir. Boa noite. — ando rapidamente até as escadas.

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