parte 15

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— Você aceita um chá, Cíntia? — minha mãe, Amélia, pergunta, segurando uma xícara pequena e sorrindo assustadoramente pra mim

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— Você aceita um chá, Cíntia? — minha mãe, Amélia, pergunta, segurando uma xícara pequena e sorrindo assustadoramente pra mim.

— Não. — encaro ela nos olhos, e sinto um nó se formar na minha garganta.

— Então vai ser só pro senhor, policial. — ela se senta na poltrona do canto da sala e o oficial dá um sorriso receoso.

Desde que chegamos aqui, me senti perdida. Vazia. Como se não me lembrasse das tantas coisas que vivi aqui nessa casa. A verdade é que eu não quero me lembrar. Realmente não quero. Quero ficar imune à qualquer sentimento que tenha haver com essa mulher horrível ao meu lado.

Ela nos recebeu com educação, mas fez uma expressão mista de surpresa e raiva ao abrir a porta. Sei que está encenando toda essa recepção formal, mas não me admira. Vai mentir pro policial, e eu to paralisada demais pra contradizê-la.

Eu preciso do Rafael. Cadê ele? Por quê não saiu do carro? Eles querem trazer um de cada vez?

— Sinto muito por fazer com que o senhor tenha essa preocupação toda, senhor policial. Você não imagina o tanto que nós procuramos esses dois!

Respiro fundo, imóvel.

— Eu entendo, dona Amélia. Eles confirmaram a fuga, mas não disseram o motivo até agora. Será que a senhora podia me informar? — o oficial pede.

— Claro, claro... — minha mãe limpa a garganta, cheia de pose. — Bom, a Cíntia queria ser fotógrafa em plenos dezesseis anos, né? Eu disse que ela precisaria de estudo pra isso e não seria recomendável ela ter uma profissão tão nova. Ela nunca concordou comigo, então simplesmente ignorou o que eu disse e deu ouvidos à sua rebeldia. — ela tosse no final, e eu me esfaqueio em pensamento. — O Rafael não tava se dando bem com o pai, o Luís, sabe? O rendimento dele na escola tava piorando e ele começou a andar com a Cíntia, o que deu total influência.

Lágrimas se formam em meus olhos e eu me esforço pra que elas não caiam. Infelizmente elas caíram bem na hora em que os dois olharam pra mim. Esfreguei o rosto com uma mão e olhei pra baixo, perplexa.

— Adolescentes são um caso sério, senhora... — é tudo que o policial diz, no fim das contas. — Eles quase assaltaram uma loja de conveniências e não pagaram o abastecimento do carro. Suponho que esse carro seja do seu marido, correto?

— Não. — Luís desce as escadas, ajeitando a gravata. — Eu comprei aquele carro pro meu filho, que virou um inconsequente, por causa dessa peste aí. — ele me olha com nojo.

Acabo de ter um flashback da vez que ele passou a mão na minha bunda, depois de me pedir pra lavar a louça dele.

— Creio que o problema disso tudo seja a Cíntia. Concorda, senhor? — minha mãe conclui.

— Faz sentido. Ela estava resistente na delegacia. O Rafael cedeu bem mais rápido. Parecia assustado, ansioso... — o policial explica.

— Rafael. — grunho, quase não conseguindo fechar a boca.

Minha cabeça vai explodir, eu sinto isso.

— Ele tá no carro? — Luís pergunta, olhando pra janela próxima.

— Pedi que viesse um de cada vez, por precaução. — o policial se levanta e vai até a porta, abrindo-a em seguida. — Traz o loiro! — ele grita.

Outro policial aparece segurando no ombro de Rafael, que entrou na casa de cabeça baixa. Só levantou quando sentiu Luís se aproximar.

— Que vergonha, meu filho... — o pai balança a cabeça. — Desperdiçar um ano por uma garota? Pra quê...?

— Foda-se voc-

— O quê?! — Luís grita.

— Foda-se, você! — Rafael grita também, dando ênfase e olhando nos olhos do pai.

Luís gargalha e Amélia revira os olhos. Desabo em lágrimas, ainda tentando esconder isso de todos.

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